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Política

PR: secretário admite uso da máquina pública por 'interesse eleitoral'

3 ago 2012 - 08h47
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Carlos Ohara
Direto de Curitiba

Ao falar sobre as investigações onde é alvo de suspeitas do Ministério Público do Paraná por práticas de corrupção, improbidade, interferência administrativa e tráfico de influência, o vice-presidente nacional do Partido Progressista e secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, admitiu que mandou o secretário de saneamento de Maringá, a 426 quilômetros de Curitiba, promover um "acordo" entre as concorrentes de uma licitação de R$ 7,5 milhões, sob investigação por suposta fraude. Ele também confirmou que teria motivação em acompanhar o uso da verba da prefeitura com interesse eleitoral.

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¿Eu sou o coordenador político do nosso grupo e, desde que iniciou-se o processo eleitoral, em setembro do ano passado, quando o prazo de filiações foi encerrado, eu passei a monitorar as ações que interessam ao processo eleitoral. E a publicidade da administração interessa ao processo eleitoral. Não interfiro na administração, mas acompanho os assuntos que são de interesse do processo eleitoral na cidade", disse Barros durante coletiva à imprensa.

A declaração do secretário provocou reações imediatas em Maringá, onde o prefeito Silvio Barros é irmão do secretário estadual e pode provocar a impugnação da candidatura de Carlos Roberto Pupin (PP), candidato apoiado pelos Barros. O diretório do PSB, que já havia pedido a impugnação de Pupin por abuso de poder econômico e uso da publicidade oficial, vai entrar com recurso no Tribunal Regional Eleitoral apresentando gravações da fala de Barros na televisão e cópias de matérias em jornais. "Já não estamos falando mais de uma denúncia e sim de uma confissão explicita", disse o advogado do PSB, João Luiz Agner Regiani. Na segunda-feira (30), um dia antes da divulgação de "grampos" do MP envolvendo conversas de Ricardo Barros, o juiz eleitoral da 66ª Zona Eleitoral de Maringá, José Cândido Sobrinho, havia indeferido o pedido de impugnação.

O PSB vai também vai apresentar representação ao juiz eleitoral denunciando o uso da máquina administrativa em favor do candidato do PP. Segundo Regiani, Pupin, que é vice-prefeito na atual administração, ocupou o cargo de prefeito nos últimos 100 dias com o pedido de licença de Silvio Barros. "Nesse período ele usou cargos comissionados da prefeitura como moeda de troca de apoio partidário e conseguiu arregimentar o apoio do PMDB, PSDB, PSD, PSL, PTB, PRB, PHS, PPS, PRP, PTC e PTdoB", disse o advogado. O diretório do PT também pretende denunciar o caso à Justiça Eleitoral e busca apoio para abrir uma CPI na câmara municipal para pedir o afastamento do prefeito licenciado Silvio Barros.

Em Curitiba, o governador Beto Richa (PSDB) disse que pretende ouvir Ricardo Barros sobre as denúncias. Richa preferiu não adiantar qual posição deve ser adotada para o caso. No entanto, o governador afirmou que tomará medidas iguais às que aplicaria para qualquer secretário nestas condições.

Escutas

A investigação do MP se tornou pública na terça-feira (31). Transcrições de escutas telefônicas nas quais Barros conversa com o então secretário de Meio Ambiente e Saneamento e atual gestor municipal da Fazenda, Leopoldo Fiewski, mostram, no entendimento do MP, a participação do secretário estadual em um suposto esquema para orientar o resultado da licitação para contratação de uma empresa de publicidade. Nos diálogos capturados em escutas do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os promotores encontram indícios ainda de tráfico de influência e interferência administrativa do secretário na prefeitura administrada por seu irmão. Em entrevista ao Terra, há 15 dias, Barros já havia admitido que "orienta" ações na prefeitura e que atua como "cacique político na defesa do seu grupo".

Ricardo Barros, vice-presidente nacional do Partido Progressista e secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul
Ricardo Barros, vice-presidente nacional do Partido Progressista e secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul
Foto: Walter Pereira / Divulgação
Fonte: Terra
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