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Política

Candidatos com poucos recursos gastarão 1,6% do total de Serra

28 jul 2012 - 10h08
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Mauricio Tonetto

Enquanto o Congresso debate a reforma política e o financiamento público das campanhas - matéria aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado -, a possibilidade de injeção de recursos privados nas candidaturas faz com que a disputa crie abismos entre os concorrentes, favorecendo as coligações com maior poder econômico. Um exemplo disso acontece em São Paulo, onde o candidato a prefeito José Serra (PSDB) estima gastar R$ 98 milhões, número recorde do País, superando os 25 candidatos mais "pobres" (até R$ 100 mil) das capitais, que somados chegam a R$ 1,62 milhão - 1,62% do montante tucano.

Em São Paulo, o candidato a prefeito José Serra (PSDB) estima gastar R$ 98 milhões, número recorde do País, superando os 25 candidatos mais "pobres" das capitais
Em São Paulo, o candidato a prefeito José Serra (PSDB) estima gastar R$ 98 milhões, número recorde do País, superando os 25 candidatos mais "pobres" das capitais
Foto: Léo Pinheiro / Terra

Para Roberto Lopes (PCB), que tenta a prefeitura de Natal (RN), os valores exorbitantes são uma "sacanagem com o povo". Mesmo com teto máximo de somente R$ 10 mil, o menor entre os candidatos das capitais, ele afirma ter recursos suficientes para o pleito. "Vamos gastar o que realmente precisa para uma cidade como Natal. Queremos outra ordem, a realidade hoje é uma sacanagem com o povo. As pessoas não doam porque são boazinhas, elas têm interesses obscuros, a Justiça Eleitoral deve fiscalizar com rigor. Quanta gente passando fome, gemendo de dor sem comida, saúde e casa, e os políticos estourando dinheiro?", criticou.

Em Campo Grande (MS), o candidato Suél Ferranti (PSTU) conta, segundo ele, com uma militância fiel para não ultrapassar R$ 25 mil de gastos: "Devido à inflação e à crise internacional, optamos pelo pequeno valor. A nossa diferença para os outros partidos é que temos uma militância que vai às ruas sem cobrar. Os R$ 25 mil bastam para gasolina, panfletagem e propaganda. Nós fazemos política no cotidiano, não apenas a cada quatro anos".

Na capital gaúcha, o PSTU estipulou um teto de R$ 100 mil e só aceita doações de pessoas identificadas ideologicamente com a legenda. Conforme Érico Corrêa, os militantes e simpatizantes fazem campanha em todos os momentos: "Continuamos participando de greves, atos, temos nossos carros e andamos pela cidade sem aceitar doações de empresários e patrões, pois quem paga manda. Os grandes partidos pegam milhões e depois têm de governar com eles, o dinheiro não é de graça."

Também em Porto Alegre, o candidato Jocelin Azambuja (PSL) contou com a presença de aproximadamente 30 apoiadores no lançamento da sua candidatura de rua na última quarta-feira. Segundo ele, mesmo que "o poder econômico tente controlar as ideias, as pessoas têm o direito de manifestação livre".

"Vamos ocupar os espaços que a Justiça Eleitoral nos concedeu para levar nossas posições e ideias à população da cidade. Nossa militância é toda por ideal, não temos apoiadores pagos e cargos de confiança (CCs) em nenhum nível, diferente dos outros partidos. Se o sistema político hoje permite 30 partidos, as pessoas têm o direito de manifestação livre e democrática", disse Azambuja, que distribuia um folheto em que aparece junto com 16 candidatos a veredores do seu partido.

Campanhas devem superar R$ 1,2 bilhão

Os dados entregues à Justiça Eleitoral pelos quase 200 candidatos a prefeito do País apontam investimento de até R$ 1,25 bilhão nas campanhas deste ano. Os valores declarados são estimados, já que a lei permite ampliação "mediante solicitação justificada" e não obriga a gastar tudo que foi previsto. Hoje, as campanhas são feitas com recursos privados e com o Fundo Partidário, constituído por verba da União, multas, penalidades e doações.

A cidade que lidera o ranking gastos é São Paulo, com R$ 340 milhões, seguida, pela ordem, por Belo Horizonte (R$ 80 milhões); Curitiba (R$ 71,5 milhões); Salvador (R$ 62,3 milhões); Fortaleza (R$ 59,7 milhões); Goiânia (R$ 54,5 milhões); Rio de Janeiro (R$ 50,2 milhões); Campo Grande (R$ 49,7 milhões); Belém (R$ 45 milhões); Manaus (R$ 39,5 milhões); Porto Velho (R$ 38,3 milhões); São Luís (R$ 34,5 milhões); Vitória (R$ 33,7 milhões); Maceió (R$ 31,5 milhões); Porto Alegre (R$ 30,6 milhões); Recife (R$ 29 milhões); Palmas (R$ 28,2 milhões); João Pessoa (R$ 26,6 milhões); Aracaju (R$ 22,2 milhões); Florianópolis (R$ 19,2 milhões); Natal (R$ 18,5 milhões); Boa Vista (R$ 18 milhões); Teresina (R$ 16,2 milhões), Macapá (R$ 15,6 milhões) e Rio Branco (R$ 10,2 milhões).

PSTU é o que menos gasta

Os candidatos mais econômicos estão identificados com a esquerda e são, na maioria, do PSTU: Érico Corrêa (SP), Vanessa Portugal (MG), Gonzaga (CE), Antônio Radical (PB), Marcos Silva (MA), Suél Ferranti (MS), Genival Cruz (AP), Herbert Amazonas (AM), Professor Jaderson Silva (RO), Jair Pedro (PE), Daniel Solon (PI) e Gilmar Salgado (SC).

Além deles, compõem a lista Anaí Caproni (PCO-SP), Antonil Carlos (PCO-RJ), Maria da Consolação (Psol-MG), Pepe (PCO-MG), Professor Valdeci (PRTB-CE), Lourdes Sarmento (PCO-PB), Jerônimo Maranhão (PMN-AM), Professora Peregrina (Psol-AC), Maklandel (Psol-PI), Avanilson (PSTU-PR), Professor Robério (Psol-RN), Roberto Lopes (PCB-RN) e Elson Pereira (Psol-SC).

Fonte: Terra
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