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Política

Novos partidos, PSD e PPL estreiam nas urnas neste ano

28 jun 2012 - 13h12
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Murilo Matias

Eles eram 27 na eleição passada. Com as estreias dos novos partidos políticos PSD e PPL, nas eleições deste ano, o eleitor ganha duas novas opções para escolher seus representantes ou dois motivos para se confundir ainda mais.

Sopa de letrinas da política brasileira

O Partido da Pátria Livre (PPL) e o Partido Social Democrático (PSD) podem ser facilmente comparados a David, da desgastada alegoria de David e Golias, dadas as disparidades existentes entre as siglas que se colocam pela primeira vez à disposição do eleitorado nacional em comparação com as tradicionais agremiações presentes no cenário eleitoral brasileiro.

Enquanto o PSD, idealizado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em uma agressiva construção partidária, conseguiu atrair dois governadores, 55 deputados federais, dois senadores, além de 559 prefeitos e 5957 vereadores, o PPL, outro partido que estreia nas urnas neste ano, apresenta números bem mais modestos: são quase 400 vereadores, três deputados estaduais e 28 prefeitos e vice-prefeitos Brasil afora.

"O custo para a formação de partidos é muito baixo no Brasil o que leva a uma fragmentação do sistema partidário. Mas uma coisa é formar um partido e a outra é torná-lo efetivo ao ter representatividade no Legislativo e em cargos majoritários. Ambos obedecem a uma lógica de busca por mais espaço e capacidade de influenciar o processo político de forma geral. Porém o PSD claramente está ligado aos interesses de um grupo que desejava fazer parte da bancada de apoio do governo federal e ao mesmo tempo ter autonomia na formação de alianças nas eleições municipais", avalia o cientista político pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da USP, Lucas Queija Cadah.

Prova dessa fragmentação é que o Partido Ecológico Nacional (PEN), 30º partido brasileiro, teve seu registro aprovado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas não o obteve a tempo de disputar as eleições deste ano.

Identificação
"Nem de centro, nem de direita, nem de esquerda". Com essas palavras, o presidente nacional do PSD, Kassab caracterizou as convicções políticas de seu partido. A partir dessa posição, as plataformas ideológicas que sustentam as novas agremiações e a consequente identificação dos projetos propostos pelas siglas é difusa na opinião de Cadah. "Ideologia partidária é um tema complexo no Brasil. O PPL se alinha à esquerda. Já o PSD possui uma variedade de políticos e de orientações programáticas que fica difícil falar em ideologia".

"Não queremos esse rótulo de direita ou de esquerda. Enquanto alguns insistem na luta de classes ou na luta de grupos, nós conciliamos. Em cima dos 12 mandamentos da Fundação Espaço Democrático do PSD, estamos fazendo um amplo debate com nossa base e construindo, juntos, um programa. Partido moderno não é aquele que tem ideologia, mas sim que tem doutrina". afirmou o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, sobre o PSD.

Entre os mandamentos, destacam-se o desenvolvimento com liberdade, o direito de propriedade e respeito aos contratos, a igualdade de oportunidades, liberdade de imprensa e liberdade e responsabilidade individual.

"O PSD é um partido de centro, independente. Defendemos algumas ideias que são caras à esquerda e outras que fazem parte do ideário liberal. Defendemos ideias que sejam positivas para o Brasil e para os brasileiros, independentemente de sua cor ideológica. Agiremos da mesma forma em relação ao governo. Assim preservaremos nossa independência para apoiar as boas propostas e combater o que for ruim para o País", ratifica o coordenador de imprensa do PSD, Sérgio Rondino.

O secretário do PPL também foge do conceito de esquerda ou de direita. "É difícil caracterizar. Somos um partido progressista, democrático, nacionalista, patriótico e comprometido com a emancipação do nosso país e que tem no seu programa uma perspectiva futura socialista, mas no Brasil precisamos superar a etapa da emancipação, soberania e independência nacional", disse Manso.

Estratégia eleitoral
O fato de representarem uma novidade na disputa eleitoral pode ser vantajoso para os novos partidos, mas também traz dificuldades, sobretudo relativas à arrecadação de recursos para as campanhas.

"Por serem novos e ainda pouco institucionalizados eles compartilham de uma natural dificuldade para a arrecadação de recursos em suas campanhas eleitorais, sem dúvida isso é uma desvantagem. A força das candidaturas e o arco de alianças são fatores muito importantes para o sucesso desses partidos", aponta Cadah.

"Fazer política no Brasil exige um esforço muito grande da militância, você tem que divulgar uma ideia para quase 200 milhões de pessoas. Temos tido muita simpatia não só de pessoas físicas, mas também de empresas e empresários que tem visto no partido algo novo que tem compromisso em defender o comércio local, a indústria brasileira e isso é sempre uma forma efetiva de abrir portas para angariar recursos. Se a politica é socialmente necessária os recursos irão aparecer", garante Manso. Ele acredita que o país está cansado das alternativas que estão aí e que está carente de partidos que sejam comprometidos efetivamente com a mudança de atitudes políticas e econômicas.

A opinião é compartilhada pelo coordenador de comunicação do PSD. "Pesquisas realizadas pelo partido mostram que os eleitores desejavam algo novo. É o que estamos oferecendo. Acreditamos que os eleitores entenderão e abraçarão essa proposta". Ele ainda colocou como diferencial o fato de o partido manter uma interação constante com seus militantes por meio das redes sociais.

Apesar de terem em comum o fator novidade, os partidos devem apostar em estratégias diferentes para se apresentarem aos eleitores. Enquanto o PPL apresentará nomes novos e pouco conhecidos, o PSD deverá ter nas alianças com diferentes partidos sua marca para a disputa desse ano. O partido possui políticos experientes e vitoriosos em seus quadros - o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos - e as alianças flutuam de acordo com as conveniências locais, da esquerda à direita.

"Desde que foi criado, o PSD deixou claro que sua proposta é trabalhar em prol de ideias inovadoras, independentemente de sua matriz ideológica. Portanto, o partido está aberto a alianças que permitam contribuir para o desenvolvimento econômico e social do País", pondera Rondino, que afirmou ainda ser cedo para contabilizar o número de candidaturas que será apresentada pela legenda.

"Vamos apresentar à nação lideranças de segmentos sociais, líderes sindicais, de movimentos estudantis, jornalistas, intelectuais. Vamos surpreender favoravelmente apresentando ideias e soluções que ainda não foram apresentadas e aos poucos vamos construir lideranças nacionais do partido", afirmou o dirigente do PPL, que deve ter 13 candidatos a prefeito nas capitais, 300 no Brasil e mais de três mil candidaturas às câmaras municipais. Manso, não apontou uma meta partidária, mas se disse confiante em um bom resultado nas urnas.

"O que define o tamanho do partido é a capacidade de responder e dar soluções políticas para o Brasil. Acredito que em breve tempo seremos grandes do ponto de vista eleitoral. O PPL veio para ficar", acredita o otimista dirigente.

Fonte: Terra
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