PUBLICIDADE

Política

Prefeito falta a debate e vira alvo de adversários em Goiânia

2 out 2012 - 08h21
(atualizado às 08h23)
Compartilhar
Mirelle Irene
Direto de Goiânia

O debate promovido pela Rede Record em Goiânia (GO) na noite de segunda-feira não contou com a presença do atual prefeito da capital, e candidato a reeleição pelo PT, Paulo Garcia. Segundo a assessoria de campanha do prefeito, no final da tarde de ontem surgiu um compromisso de última hora na agenda de Garcia, que precisou se deslocar a Brasília para reunião na Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.

Conheça os candidatos a vereador e prefeito de todo o País

Acompanhe as pesquisas eleitorais

Veja o cenário eleitoral nas capitais

Confira quanto ganham os prefeitos e vereadores nas capitais brasileiras

Com a ausência de Garcia, os outros sete candidatos a prefeito que compareceram aumentaram a artilharia contra o candidato do PT, que lidera a disputa e pode vencer no primeiro turno, segundo as pesquisas de intenção de voto já divulgadas. Já no primeiro bloco do debate, o candidato do PMN, o deputado estadual Elias Júnior, usou seu tempo na sabatina à candidata do PCdoB, Isaura Lemos, para criticar a ausência do prefeito.

"Será que ele está no clima do já ganhou? Nesta atitude covarde de não participar dos debates, desrespeitando o telespectador, o povo goianiense, com sua ausência?", questionou o candidato. Isaura respondeu que a iminência da votação é um momento importante e merece discussão de propostas. "É importante que nós possamos discutir democraticamente todas as propostas. O fato do candidato-prefeito não vir ao debate demonstra de fato uma certa arrogância", disparou a deputada.

Lembrando que o PCdoB foi aliado da prefeitura até esse ano eleitoral, Isaura disse que o comportamento de Garcia é semelhante ao que adotou na administração. "Não vemos por parte do candidato-prefeito uma abertura para ouvir críticas e contribuições para a sua administração", criticou a deputada. "Ele decide tudo sozinho", completou.

Segundo turno

Em outros momentos do debate, a ausência do candidato do PT também foi criticada. Jovair Arantes (PTB) lamentou a ausência do "candidato-fujão" em suas considerações finais. "Espero que no segundo turno ele possa comparecer", disse. O candidato Simeyson Silveira (PSC) também seguiu a mesma linha. "Lamento muito a falta do prefeito neste debate. É por isso que nós precisamos promover o segundo turno, porque aí ele não poderá fugir do debate", disse, na fala final.

Dilma

Antes, Simeyson criticou o fato de Paulo Garcia se colocar como o candidato em Goiânia da presidente Dilma Rousseff (PT). "A presidenta Dilma faz uma política de Estado. Ela não vai virar as costas para Goiânia, nem para Goiás", disse, criticando a falta de iniciativa da prefeitura em fazer projetos que utilizem recursos federais. "Essa gestão é omissa e não apresenta o que tem que ser apresentado", disse.

Rubens Donizetti (PSTU) também criticou o apoio de Dilma a Paulo. "Ele (Paulo) se propaga aos quatro ventos que é íntimo do Palácio do Planalto, que tem todo o apoio do governo federal. Se tivesse vontade política já teria resolvido o problema da BR-153", disse, citando propostas para resolver problemas de acidentes no trecho da rodovia que corta o perímetro urbano de Goiânia.

Mensalão

Temas da política nacional também apareceram no debate com os candidatos em Goiânia. Ainda no primeiro bloco, o candidato do PSTU, Rubens Donizetti, ao questionar Isaura Lemos (PC do B), lembrou denúncias de corrupção envolvendo a prefeitura, como serviços superfaturados na Agência Municipal de Meio Ambiente, e na locação de equipamentos "tapa-buracos" na Agência Municipal de Obras, ou irregularidades na Secretaria de Cultura. "O prefeito Paulo Garcia fugiu do debate", afirmou Donizetti. "Ele está fugindo para não mostrar para onde está indo este dinheiro. Mas ele deve estar seguindo o exemplo de Lula, que, para ganhar mais votos em São Paulo, está tirando fotografias e recebendo apoio de Maluf", disse. "Ele deve estar sendo solidário com seus companheiros que estão sendo condenados pelo STF por participação no Mensalão", ainda criticou o candidato do PSTU.

Isaura disse que Paulo - que foi eleito como vice de Iris Rezende (PMDB), na última eleição - não tem experiência administrativa suficiente para administrar Goiânia. "O candidato-prefeito pegou o governo no piloto automático: aquilo que seu antecessor fez, ele depois entregou", disse.

Planos para a saúde

Os candidatos também buscaram mostrar propostas. O vereador Simeyson Silveira foi questionado por Jovair Arantes sobre propostas para a saúde. "É preciso gestão. Contra falta de gestão não há recurso que suporte", disse Simeyson, que prometeu reorganizar a área, dobrar as equipes do Programa Saúde da Família (PSF) e implantar programas como o "Saúde em Casa", para entregar medicamentos para atender doentes com dificuldade de locomoção.

Na réplica, Jovair falou sobre a sua proposta de criar um plano municipal de saúde popular gratuito, voltado para quem ganha até três salários mínimos, mesmo com a Justiça tendo proibido a divulgação da proposta na propaganda eleitoral na TV e no rádio, por considerá-la inconstitucional. "Nós vamos dar oportunidade para o cidadão carente desta cidade que nunca teve a oportunidade de buscar um atendimento do médico que ele quiser. Os poderosos não querem que nós possamos continuar fazendo esta propaganda, mas nós não estamos fazendo propaganda - estamos fazendo compromisso", disse o candidato petebista.

Jovair Arantes - que está em segundo lugar nas pesquisas - também recebeu críticas dos concorrentes. O candidato do Psol, Professor Pantaleão, se irritou com Jovair quando fez pergunta sobre o Plano Diretor de Goiânia e o petebista desviou falando da sua proposta de criar o plano de saúde popular. "Você fez uma boa propaganda da sua propaganda", disse Pantaleão ao Jovair. Ao falar sobre transporte coletivo, Rubens Donizetti (PSTU) criticou o governador Marconi Perillo (PSDB), aliado de Jovair, candidato que representa a base governista. "O próprio governador diz que Goiás cresce seis vezes mais que os demais Estados. Então fica o questionamento: este governador também não tem vontade política. A capital também é de responsabilidade dele e ele não faz nada, porque tem compromisso com os donos das empresas de transporte urbano", disse. José Netho (PPL) questionou Jovair sobre segurança, lembrou a aliança do petebista com governo estadual e citou as greves recentes da Polícia Civil no Estado. "A PF também está de greve. Não precisa querer arrumar culpado, a segurança pública no Brasil inteiro sofre problema seríssimo. Em Goiânia mais ainda, porque não tem nenhuma ajuda da prefeitura", respondeu Jovair, citando seu programa "Anjos do Bairro", de envolvimento da comunidade com a segurança preventiva.

Também na área da Saúde, o candidato Elias Júnior (PMN) prometeu construir o Hospital do Idoso, e aumentar os leitos de UTIs disponíveis na rede municipal e conveniada, e disse que a prefeitura pode até bancar vagas na rede privada, se necessário.

Cachoeira

Dentre as perguntas feitas ente si pelos candidatos, além da saúde, o trânsito caótico da capital e os problemas do transporte coletivo foram os temas dominantes. Ao ser sabatinado por Isaura Lemos, o candidato do PPL, José Netho, falou de sua proposta de instalar o aeromóvel, o metrô e mais ciclovias em Goiânia. "Estamos propondo a mudança real de todo o sistema, reavaliar os contratos com as empresas", disse. Netho insinuou a influência do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, na administração pública em Goiás. "O eleitor tem que entender que existe uma 'cachoeira' de esquemas que não deixa o transporte melhorar", disse.

Isaura, por sua vez, disse que pretende mudar o atual contrato com as empresas concessionárias do transporte, e implantar modelo inspirado no transporte público de Curitiba (PR). "Lá as empresas são remuneradas pela quilometragem rodada e não pelo número de passageiros transportados. Isso significa mais ônibus nas linhas", disse.

Já o candidato do PSTU, Rubens Donizetti prometeu municipalizar o serviço, abaixar a passagem para R$ 1,00 e contratar cerca de 2,5 mil cobradores para o trabalho - hoje as empresas optaram por manter dentro dos veículos só motoristas. "Os motoristas hoje são sobrecarregados. Vamos acabar com esta lógica", disse.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade