Debate em Manaus tem provocações e ideias mais objetivas
- Arnoldo Santos
- Direto de Manaus
O segundo debate promovido pela TV Bandeirantes entre os candidatos à prefeitura de Manaus, na noite da última quinta-feira, foi marcado por três diferenças em relação ao primeiro debate realizado no início do mês. Foi mais organizado porque teve assuntos previamente escolhidos pela produção, que eram sorteados na hora, e foi marcado por ideias apresentadas de maneira mais objetiva pelos candidatos. Também houve o ensaio de algumas provocações, o que era de se esperar uma vez que a propaganda política no rádio e televisão começou esta semana.
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Saúde, transporte público, educação, finanças e saneamento marcaram as falas dos primeiros dois blocos. Estavam no estúdio os candidatos Arthur Neto (PSDB), Vanessa Grazziotin (PCdoB), Serafim Correa (PSB), Henrique Oliveira (PR), Pauderney Avelino (DEM) e Sabino Castelo Branco (PTB).
A principal conseqüência deste novo esquema de escolha de temas, através do sorteiro, foi o aumento da objetividade das falas dos candidatos. Serafim Correa, por exemplo, anunciou a criação do programa Mãe Manaura, que atenderá mulheres gestantes dando direito ao acompanhamento pré-natal e durante o pós-parto, aproveitando inclusive a Santa Casa de Misericórdia de Manaus, hoje um prédio abandonado. Falando de transporte, Arthur Neto defendeu a construção urgente do BRT, sistema de transporte rápido feito através de ônibus especialmente projetados para este serviço. Em termos de segurança, Vanessa Grazziotim disse que vai reforçar a guarda municipal para fazer com a polícia militar estadual uma ação integrada. Geração de emprego e renda foi anunciada por Henrique Oliveira ao falar de política para a mulher, e o aumento das unidades básicas foi garantida por Sabino quando perguntado sobre a área de saúde.
As já previstas provocações começaram a aparecer da metade para o final do debate que durou cerca de duas horas. E as mais contundentes ficaram por conta dos dois líderes nas pesquisas. Vanessa Grazziotin, apontada como vice nas pesquisas de intenções de voto, cutucou Arthur Neto, tentando ligar o candidato tucano ao governador de São Paulo, Geraldo Alckim, também do PSDB, que entrou, esta semana, com uma ação de inconstitucionalidade contra incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus junto ao Supremo Tribunal Federal. "Eu tenho de falar a verdade. A zona franca vive constantemente ameaçada por pessoas que representam o PSDB e aí não adianta ficar dizendo que rompeu com partido, porque se você continua dentro do partido é porque você concorda com ele", disse Vanessa se referindo a Arthur.
O candidato do PSDB retrucou se dizendo independente das ideias dos companheiros da ala paulista do partido. Depois do debate, para a reportagem do Terra, Neto abriu fogo contra Geraldo Alckmim. "Eu não tenho nada a ver com Geraldo Alckim, eu rompi com ele com clareza. Até porque eu o considero um provinciano. Imagina se eu vou me preocupar agora com fofoquinha que vai colocar em dúvida o meu compromisso com a zona franca", disse Arthur.
Os candidatos abaixo do líder e vice-líder das pesquisas não quiseram ficar atrás e também soltaram farpas. Henrique Oliveira não focou sua crítica em apenas um candidato. "A grande diferença é que pelo menos dois aqui já foram prefeitos. Um aqui é conhecido que só fez um viaduto. Outro já foi prefeito lá atrás. Se fosse eleito senador, duvido que estaria aqui. Outra representa o sistema", afirmou, relacionando claramente a Serafim, prefeito da gestão passada, a Arthur Neto, prefeito entre 1988 e 1992, e a Vanessa, candidato oficialmente apoiada pelo governado do Amazonas, Omar Aziz.
"Infelizmente as administrações das últimas décadas foram desastrosas, porque foram incompetentes ou porque colocaram interesses particulares acima dos interesses coletivos", criticou Pauderney. Enquanto Sabino Castelo Branco lembrou à Vanessa que o partido dele "também faz parte da base aliada" (da presidenta Dilma) e, por isso, também pode fazer um governo em parceria com as esferas federal e estadual. Os candidatos responderam à perguntas formuladas por jornalistas e entidades da sociedade civil organizada. No quinto e último bloco, cada um teve três minutos para dar seu recado final.
Pauderney disse que conhece bem os caminhos de Brasília, pela sua experiência como deputado federal. Por isso sabe onde buscar recursos que vão desde o orçamento da união até financiamentos do BNDES e do BID (Banco Interamericano de Desevolvimento). "Peço a oportunidade pra mostrar do que eu sou capaz", finalizou. Henrique voltou a criticar os adversários resumindo contra aqueles que já passaram pelo poder municipal. A frase final do candidato do PR foi: "você quer o novo ou o de novo?".
Vanessa voltou a enfatizar sua proximidade e apoio aos governos federal e estadual. "É necessário que (o candidato) não só tenha propostas boas. Mas alguém que tenha condições efetivas pra que essas propostas possam sair do papel", concluiu. Serafim frizou seus pontos principais da campanha, como por exemplo, o projeto de "um computador por aluno" e o programa Mãe Manauara, que trata da saúde da mulher.
Sabino também lembrou pontos principais anunciados na campanha. "Vou construir centro de recuperação de jovens drogados. Nós vamos construir um mini laboratório dentro de cada UBS (unidade básica de saúde). A guarda municipal vai estar armada e com rádio". E finalizou confundindo as datas da posse do prefeito eleito. "A partir de primeiro de agosto Manaus vai ter prefeito."
O último a falar, pela ordem do sorteio, foi Artur Neto, que voltou a enfatizar suas principais ideias e se disse "apaixonado pela idéia de governar a minha cidade. Obrigado e a luta continua", se despediu o candidato tucano.
O debate durou cerca de duas horas e registrou um grande número de cabos eleitorais na frente da emissora. Os ânimos ficaram exaltados durante a chegada dos candidatos que eram recebidos com salvas de fogos de artifício. Um princípio de confusão foi contido pela Polícia Militar que enviou um grupo do batalhão de choque para evitar possíveis conflitos. Mas ninguém foi preso e até o final, nenhuma ocorrência grave foi registrada.
