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Política

MG vai cobrar fatura por empenho pró-Dilma no segundo turno

1 nov 2010 - 20h14
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Juliana Prado
Direto de Belo Horizonte

A primeira mulher eleita presidente no Brasil passou boa parte da campanha ostentando as origens mineiras para conquistar os preciosos votos do segundo maior colégio eleitoral do País. Em suas passagens pelo Estado, Dilma Rousseff (PT) sempre fez questão de destacar o carinho com sua cidade natal, Belo Horizonte, e a importância política de Minas. Agora, lideranças do Estado que se empenharam em garantir sua vitória na maioria dos 853 municípios já têm pronta a fatura a ser cobrada da presidente eleita.

Mesmo que o clima seja de total cordialidade, prefeitos e dirigentes partidários sabem que haverá espaço para cobrar investimentos e obras para o Estado. "As portas se abrem muito agora. Porque ela é mineira e tem uma gratidão enorme pelo Estado", diz o presidente estadual do PT, Reginaldo Lopes. Ele faz questão de destacar que o eleitorado garantiu a Dilma em Minas uma frente de 1,8 milhão de votos sobre José Serra (PSDB). "Qual Estado, qual cidade, não quer ter uma filha presidente?", completou.

Não é só com a "gratidão" natural de Dilma pela votação que o Estado deve contar. Aliados mineiros da futura presidente entendem que as origens da petista podem ajudar na hora de negociar cargos e espaço no primeiro escalão de governo. O primeiro a ser cotado é o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT), que foi escolhido nesta segunda-feira (1) para participar do grupo que coordenará a equipe de transição de governo.

Mediação

Uma das prioridades na lista de reivindicações mineiras é a realização de obras no Estado. Citadas tanto por Dilma quanto por José Serra em visitas aos mineiros, investidas como ampliação do Aeroporto de Confins e do metrô da capital, duplicação da BR-381, e dezenas de outras obras de infraestrutura serão postas no papel e reenviadas para a presidente eleita.

O ex-ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia, que coordenou a campanha em Minas no segundo turno, reforçou que os prefeitos já têm o compromisso de que essas obras serão tocadas a partir de 2011. Mas, para evitar que uma parte da conta não feche, um trabalho de mediação deve ser feito com vistas ao futuro governo estadual.

Nas mãos do PSDB por mais quatro anos, com a eleição de Antonio Anastasia, o Palácio da Liberdade, por sua própria iniciativa, deve tratar de se aproximar da presidente eleita. Após apoiar Serra e vê-lo perder a presidência pela segunda vez, o grupo de Anastasia, capitaneado pelo ex-governador Aécio Neves não deverá, por motivos óbvios, nutrir rusgas com o Planalto.

Observadores do cenário mineiro contam como certo que os dois lados vão baixar a guarda após uma campanha tensa em que, repetidas vezes, o presidente Lula e Aécio trocaram farpas. Em campos opostos, eles se estranharam em alguns momentos, já que Lula, em certo ponto da campanha, chegou a entrar de cabeça na briga para tentar eleger o peemedebista Hélio Costa, que disputava com Anastasia.

Nos momentos mais tensos, Lula chegou a dizer que o círculo de Aécio tratava Minas Gerais como o "quintal de sua casa". Aécio, por sua vez, criticava, sem trégua, a suposta "interferência" externa do presidente na disputa estadual.

Agora, caberá aos dois grupos tentar o entendimento. Para Reginaldo Lopes, não haverá qualquer impedimento neste sentido. "O Anastasia é muito elegante e inteligente. Ele sabe que o próprio Aécio contou mais com o presidente Lula do que com o Fernando Henrique", destacou.

Ao lado da candidata, durante comício no Rio de Janeiro em julho, Lula disse que colocaria a mão no fogo por Dilma
Ao lado da candidata, durante comício no Rio de Janeiro em julho, Lula disse que colocaria a mão no fogo por Dilma
Foto: Roberto Stuckert Filho / Divulgação
Fonte: Especial para Terra
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