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Política

Escândalo no AP abriu os olhos da população, diz Capiberibe

1 nov 2010 - 17h09
(atualizado às 18h36)
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Mario Tomaz
Direto de Macapá

Com mais de 50% dos votos válidos, Camilo Capiberibe (PSB) foi eleito na noite deste domingo (31) como o novo governador do Amapá. Nesta segunda-feira (1), ele passou o dia concedendo entrevistas sobre quais serão as suas prioridades para o Estado nos próximos quatro anos. Ao Terra, ele disse que espera ter na presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), uma apoiadora das políticas amapaenses, assim como faz o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre os recentes escândalos na política do Estado, Capiberibe disse que a operação da Polícia Federal que prendeu o candidato à reeleição, Pedro Paulo Dias (PP), serviu para "abrir os olhos da população".

Leia abaixo a entrevista exclusiva do governador eleito:

Terra - Qual será o papel dos aliados em sua administração?

Camilo - Existem muitos problemas que precisam ser trabalhados a partir de agora. Vamos começar a partir desta quarta-feira a fazer isso com a nomeação de nossa equipe de transição do governo do Estado. Conversarei com cada um deles (aliados), desde o nosso grande parceiro de toda a campanha, o PT, com a nossa vice Dora Nascimento, como também com os demais aliados do segundo turno. Eu quero fazer um governo com objetivos e buscando atender o povo. Não como acontecia nos outros governos.

Terra - Haverá algum tipo de articulação com a comunidade amapaense para o desenvolvimento das políticas?

Camilo - O povo será o termômetro de minha administração. Com ele vou poder discutir os principais anseios e as prioridades de realização. Vamos fazer reuniões com entidades e ouví-las para que, em breve, as soluções sejam apresentadas. Mas, de uma coisa podem ter certeza, eles me pediram um governador de decisões e vou decidir na minha administração.

Terra - O senhor disse anteriormente que as operações da Policia Federal foram importantes para a sua campanha. O que exatamente ela representou para o Estado?

Camilo - Não foi à toa que os eleitores votaram para candidatos que não estavam fazendo parte da administração estadual e por fim um que sempre esteve combatente essa política errada de administrar. A operação Mãos Limpas, da Polícia Federal (que prendeu em setembro o governador e candidato à reeleição Pedro Paulo Dias, do PP, por suspeita de participação num esquema de desvio de verbas federais, além de outras 17 pessoas, incluindo o ex-governador Waldez Góes, do PDT) foi o ponto que faltava para abrir os olhos da população para essa falta de merenda nas escolas, falta de material de uso nas secretarias, falta de incentivos para entidades esportivas e outros. Mais de R$ 200 milhões não se consegue da noite para o dia.

Terra - Na contramão do candidato ligado ao mundo empresarial, como o senhor pretende agora se aproximar desses empresários, que geram fontes importantes para os cofres do Estado?

Camilo - Ora, eu combati o candidato dos grandes empresários, mas o mercado é grande, existem macros, médios e microempresários, sendo estes uma das grandes fatias de investimento no Estado e não sou mais o candidato e sim o governador de todos e não apenas uns.

Terra - Um dos grandes problemas das novas administrações está no orçamento que irão herdar no primeiro ano de gestão. Como o senhor vai fazer para se adaptar a este orçamento?

Camilo - Na verdade, já conversei com alguns colegas de Assembleia justamente para que a gente possa rever essa situação. Existiram neste ano duas propostas de orçamento, sendo que a primeira era a mais viável e vamos verificar o que é necessário para reorganizarmos isso e tentar apresentar um proposta que seja boa para os poderes e para a administração pública.

Terra - Depois disso, quais serão as prioridades de sua administração?

Camilo - Vamos buscar opções de começar a colocar nas escolas, nas ruas e nas repartições o recurso que deveria ser usado, mas que foi desviado. Vocês verão a diferença do que é ficar com o dinheiro e de colocá-lo para circular no Estado. Vamos normalizar o serviço de internet de imediato em sete municípios fazendo parceria com a Eletronorte. Suas fibras óticas facilitam na movimentação deste serviço. Vamos buscar ainda o pagamento de internet grátis para a comunidade, já que gastamos tanto com internet e às vezes poucos são beneficados. Cada professor terá direito a um notebook para que a educação seja livre e mais ágil.

Terra - E com o governo Dilma, como será sua relação e o que espera da nova presidente do País?

Camilo - Veja bem, nós fazemos parte de um grupo de base do governo Lula e com ele vimos muita coisa ser feita no Norte, seja a pedido do nosso senador Capi (João Alberto Rodrigues Capiberibe), como de iniciativa própria, mas vamos conversar com o governo federal para fortalecer algumas atividades importantes como a pavimentação da BR-156, que liga Macapá a Oiapoque e que precisa também fazer de forma mais rápida para Laranjal do Jari, na área sul do Estado. Vamos fortalecer o nosso porto para que ele passe seu atendimento à região das Guianas e à Europa e vamos trabalhar a construção de nosso aeroporto internacional. Espero, inclusive, que Dilma governe como Lula, olhando para a região Norte e respeitando os brasileiros como eles devem ser, sem distinção de raça, credo ou cor, brasileiro que, como eu, aqui na floresta amazõnica, tenha orgulho em balançar a bandeira de nosso pPaís, chamado Brasil.

Fonte: Especial para Terra
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