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Política

Aécio admite que PSDB "não foi bem na oposição"

31 out 2010 - 21h42
(atualizado às 22h57)
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Novo líder da oposição brasileira, o senador eleito Aécio Neves disse que desafiará o novo governo eleito neste domingo (31) ao pressionar pela agenda legislativa de seu próprio partido que buscará incluir reformas econômicas desejadas por muitos investidores. O ex-governador admitiu que o PSDB "não foi bem na oposição" durante os oito anos do governo Lula.

Aécio Neves (foto de arquivo) promete cobrar ações de Dilma Rousseff
Aécio Neves (foto de arquivo) promete cobrar ações de Dilma Rousseff
Foto: Leo Drumond / Divulgação

Aécio prometeu trabalhar "de forma responsável" com a presidente eleita Dilma Rousseff (PT), que venceu o segundo turno da eleição presidencial neste domingo contra José Serra, do PSDB.

Ainda assim, Aécio promete reunir os parlamentares de oposição após Dilma assumir em 1º de janeiro e buscar uma agenda própria a partir de fevereiro que sinalize uma estratégia nova e mais agressiva por parte da oposição, que no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou o confronto na maior parte do tempo.

"O Brasil está suficientemente maduro para uma nova abordagem", disse. "Temos de ser firmes. Estamos dispostos a negociar, é claro... mas não podemos deixar que o Executivo imponha tudo, como se isso fosse uma monarquia", pontuou.

Aécio, neto do ex-presidente Tancredo Neves, fez esses comentários durante entrevista na semana passada em sua casa no Rio de Janeiro. A publicação dos comentários era condicional a uma derrota de Serra neste domingo.

O PSDB e seus aliados serão minoria no Congresso no governo Dilma, o que tornará difícil para a oposição buscar uma agenda própria. Os comentários do senador eleito parecem mais uma tentativa de se transformar num ativista de políticas pró-mercado que ajudarão seu partido a continuar relevante nos próximos meses.

Ele se recusou a especificar quais reformas buscará, alegando que primeiro precisa consultar outros líderes, mas indicou que seria favorável a alguma combinação de mudanças para a onerosa carga tributária brasileira, modificações nas leis trabalhistas e cortes orçamentários que podem ajudar a reduzir as taxas de juros.

"Essas reformas estruturais precisam ser feitas para manter a economia brasileira em crescimento", disse. "Lula deveria ter feito, mas não fez. A hora de fazê-las é agora", disse.

Dilma disse que fará da reforma tributária uma de suas prioridades, mas seus assessores afirmam que outras reformas provavelmente não são necessárias, já que a economia brasileira vive um boom.

Aécio é agora o principal líder do PSDB com perfil nacional após a derrota de Serra, que pode ter posto fim à sua carreira política depois de perder duas eleições presidenciais. Ele é o favorito para ser o representante tucano na eleição presidencial de 2014.

O senador eleito passou boa parte da entrevista criticando a concentração da receita tributária nas mãos do governo federal durante os oito anos de Lula no poder, um argumento que pode ajudá-lo a conquistar aliados em nível estadual e federal fora da tradicional esfera de influência do PSDB.

"O PSDB não foi bem na oposição. Fomos relutantes na crítica", disse. "Isso vai mudar", garantiu.

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