Dilma se junta a outras 17 líderes na lista de mulheres no poder
31 out2010 - 21h22
(atualizado em 1/11/2010 às 03h42)
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Ao assumir a Presidência do Brasil, em janeiro, Dilma Rousseff (PT) vai entrar para um restrito clube de líderes globais que tem, atualmente, 17 mulheres.
Ainda que cada uma dessas presidentes ou primeiras-ministras tenha chegado ao poder em circunstâncias distintas, especialistas ouvidas pela BBC Brasil traçaram paralelos entre elas. Também comentaram as dificuldades que as mulheres enfrentam no poder pelo mero fato de serem ainda poucas no panorama mundial.
Segundo dados compilados pela entidade americana 50-50 by 2020, que defende a representação igualitária dos gêneros no poder, as 17 mulheres -Dilma ainda não incluída - estão à frente de 16 países do mundo (a Finlândia tem uma presidente e uma primeira-ministra do sexo feminino), de um total de 192 nações representadas na ONU.
"Fora dos países escandinavos, onde cerca de metade dos gabinetes já é formada por mulheres, há relativamente poucas delas em cargos eletivos", diz Wendy Stokes, autora de Women in Contemporary Politics.
Dessas 17 citadas, aliás, uma não foi eleita: Roza Otunbayeva assumiu o comando do Quirguistão após um golpe de Estado que depôs o presidente. Outras não são necessariamente as principais mandantes de seu País - caso da Índia, onde Manmohan Singh ocupa o cargo mais importante, o de primeiro-ministro, e a presidente Pratibha Patil tem um posto cerimonial.
Força militar
Segundo Charlotte Bunch, do Center for Women''s Global Leadership, da universidade americana Rutgers, "as mulheres ainda vivem o desafio de mostrar que são fortes o suficiente em questões-chave, como o comando militar, em especial em países onde isso é particularmente relevante".
Para Bunch, isso é uma possível explicação para o fato de os Estados Unidos ainda não terem tido uma mulher na Presidência.
Mas são exceções significativas a Alemanha - comandada pela chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, que mandou tropas para a Guerra do Afeganistão - e o Chile, até poucos meses atrás presidido por Michelle Bachelet, que antes fora ministra da Defesa.
"Margaret Thatcher (primeira-ministra britânica entre 1979 e 1990) e Indira Gandhi (primeira-ministra indiana entre 1966 e 1977 e 1980 e 1984) quase tinham que dizer 'sou um homem' (para obter respeito). Hoje, as mulheres começam a serem vistas como portadoras de ideias novas."
Mas Bunch observa que há outra maneira de encarar essa possível noção de fraqueza militar feminina.
Para a estudiosa, o mundo atual espera líderes mulheres que "sejam capazes de mostrar que podem usar a força, mas somente como último recurso". Em geral, diz Bunch, elas têm sido eleitas para "colocar ênfase na paz, para unir (o país) quando tudo desmorona".
Esse foi o caso da liberiana Ellen Johnson Sirleaf, eleita em 2005 para comandar um país devastado após uma ditadura e uma sangrenta guerra civil.
Sirleaf, a primeira presidente mulher eleita na África, restaurou a credibilidade da Libéria perante a comunidade internacional e é citada pelas especialistas ouvidas pela BBC Brasil como um exemplo a ser seguido por Dilma.
"Ela foi decisiva para reconstruir seu país após a guerra", diz Yvonne Galligan, do Center for Advancement for Women in Politics, da Queen''s University, em Belfast. "Assim como Bachelet, virou um símbolo de unidade para seu povo."
Estereótipos
Segundo as analistas, não é um estereótipo afirmar que as mulheres no poder dão atenção a temas diferentes - em geral sociais - em comparação com seus pares masculinos.
Em seu livro, Stokes cita levantamentos feitos no Poder Legislativo americano que indicam que as representantes, independentemente de sua filiação partidária, tendem a apoiar mais agendas liberais.
Na Índia, parlamentares mulheres costumavam apoiar mais fortemente políticas de educação, saúde, higiene e controle de bebidas alcoólicas.
Ao mesmo tempo, elas não escapam de serem julgadas, sob os olhos da opinião pública, por outro estereótipo: o da vaidade.
"Na vida pública, as mulheres não têm como vencer quando o assunto é aparência", opina Galligan. "Elas costumam ser criticadas tanto se cuidam demasiado de sua imagem como se têm uma aparência ruim."
"Em geral, ninguém comenta se um político homem está gastando muito com maquiagem. E, para aparecer em público, eles também usam muita maquiagem", acrescenta.
Na lista de poderosas, Dilma estará acompanhada de líderes de países do G20 - as 20 maiores economias do mundo - como Merkel, a presidente argentina, Cristina Kirchner, e a primeira premiê da história da Austrália, Julia Gillard.
Também estão na lista diversas líderes asiáticas, algumas delas, seguindo uma tradição oriental, oriundas de famílias importantes que as alçaram à política.
No Ocidente, essa tradição familiar não é tão forte. Mas, enquanto Cristina ascendeu na política na esteira da carreira de seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, Dilma se tornou candidata após a bênção de Luiz Inácio Lula da Silva, que esforçou-se para transferir sua popularidade à ex-ministra.
Galligan, no entanto, relativiza a importância do patronato no caso brasileiro: "Dilma foi promovida por Lula, mas ela construiu sua própria carreira política", diz.
E, independentemente disso, ou de Dilma personificar ou não a mulher brasileira, as analistas veem sua chegada ao poder como mais um fator para despertar a atenção mundial para o Brasil.
"Em geral, é algo visto como progressista", avalia Stokes. "A eleição de uma mulher é tida como um marco positivo de democratização."
Presidente Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, comemoram nesta madrugada a vitória no Palácio da Alvorada
Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação
Dilma e Lula acenam em comemoração desta madrugada
Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação
A nova presidente posou ao lado do vice, Michel Temer
Foto: Ricardo Stucker / Divulgação
José Sarney também compareceu ao envento comemorativo
Foto: Ricardo Stucker / Divulgação
A primeira-dama, Marisa Letícia, também demosntrou sua felicidade com a eleita
Foto: Ricardo Stucker / Divulgação
Após o resultado, os apoiadores se reuniram para comemorar
Foto: Ricardo Stuckert / PR / Divulgação
O governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), prestigiou a comemoração
Foto: Ricardo Stuckert / PR / Divulgação
Dilma é aplaudida por seus aliados
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Dilma Rousseff (PT) interage com o público durante a coletiva após ser eleita
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Eleita presidente do Brasil, Dilma Rousseff cumprimenta público em coletiva
Foto: Agência Brasil
Dilma abraça Agnelo Queiroz, eleito governador do Distrito Federal
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Dilma abraça o vice-presidente eleito, Michel Temer
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff (foto) concedeu na noite de hoje, em Brasília, DF, uma coletiva de imprensa para comemorar sua eleição após a apuração dos votos
Foto: AP
"Saberei honrar o legado de Lula", diz Dilma em seu primeiro pronunciamento
Foto: Vinícius Thompson / Futura Press
Dilma Rousseff é recebida por simpatizantes em seu primeiro discurso como presidente; "É incrível a capacidade de empreender do nosso povo", afirmou a petista
Foto: AP
Primeira mulher presidente do Brasil, Dilma acena após ser eleita; "Vou honrar as mulheres brasileiras para que esse fato hoje inédito se transforme em uma fenômeno natural", declarou
Foto: AP
Dilma Rousseff abraçou todos seus aliados após a primeira coletiva como presidente eleita do Brasil
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
Dilma se emociona ao fazer pronunciamento como presidente eleita do Brasil
Foto: Josemar Gonçalves/Jornal de Brasília / Futura Press
Ao lado de seu vice, Michel Temer, Dilma sorri para o público
Foto: Vinicius Thompson / Futura Press
Dilma acena para simpatizantes ao dar seu primeiro discurso como presidente eleita do Brasil
Foto: Vinicius Thompson / Futura Press
Governador eleito pelo Distrito Federal, Agnelo Queiroz abraça Dilma
Foto: Vinicius Thompson / Futura Press
Em Santa Catarina, população comemora a vitória de Dilma Rousseff
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
Em Brasília, comemoração ocorre com bandeiras em punho
Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE
Vestida com a cor do PT, mulher comemora com banner de Dilma ao lado de Lula, em Brasília
Foto: Ricardo Moraes / Reuters
Em meio à mutidão em Brasília, criança comemora com bandana na cabeça e bandeira em mãos
Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE
Avenida Paulista fica colorida na noite de comemoração da vitória de Dilma
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Boneco de Serra 'assiste' à comemoração na Paulista
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Mulher vibra, cheia de adesivos na camiseta vermelha
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Pessoas tomam calçadas e canteiro central da Avenida Paulista
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Na Avenida Paulista, a exposição de um boneco do candidato José Serra
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Luzes e cores se misturam em festa na principal avenida de São Paulo
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Festa na Avenida Paulista também tem fogos de artifício
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Mulher comemora com adesivo do número do Partido dos Trabalhadores grudado na testa
Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE
Menina acompanha movimentação em Brasília
Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE
Festa petista na capital federal
Foto: Marcello Casal/ ABR / Divulgação
Menino mostra adesivos que a agora presidente Dilma Rousseff usou na campanha
Foto: Silvia Izquierdo / AP
Pessoas comemoram usando máscara de Dilma Rousseff em São Paulo
Foto: Paulo Whitaker / Reuters
Garota reproduz com as mãos o coração adesivado no rosto, em homenagem à nova presidente da República
Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE
Os cariocas festejaram a vitória de Dilma
Foto: AFP
Comemoração no Rio de Janeiro foi em verde, amarelo, azul, branco e vermelho
Foto: Antonio Lacerda / EFE
Cariocas se reúnem para comemorar vitória de Dilma Rousseff
Foto: Antonio Lacerda / EFE
Mãe e filha envolvidas nas bandeiras do Brasil e do PT, no Rio de Janeiro
Foto: Antonio Lacerda / EFE
Os eleitores de Dilma Rousseff no Rio Grande do Sul comemoraram o resultado das urnas
Foto: Wilson Dias/ ABR / Divulgação
Pessoas comemoram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Foto: Luciana Cobucci / Especial para Terra
Na esquina da Avenida Paulista com a rua Peixoto Gomide, boneco de Serra é carregado
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Durante comemoração, boneco de Serra é degolado
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Boneco de Serra é destruído em São Paulo
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Em Santa Catarina, população acompanha coletiva da eleita presidente Dilma Rousseff
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
Em Santa Catarina, população atenta às palavras de Dilma Rousseff
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
Em Santa Catarina, população comemora a vitória de Dilma Rousseff
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
Em Santa Catarina, eleitor de Dilma Rousseff comemora a vitória
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
Maria Beatriz (dir.), filha da jornalista Lurian Cordeiro da Silva e neta de Lula, comemora vitória de Dilma Rousseff em Florianópolis