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Eleição em Portugal promete resultado apertado

3 out 2015 - 11h11
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Políticos buscam votos de cidade em cidade. Institutos de pesquisa de opinião preveem diferença pequena entre o atual governo conservador e a oposição socialista nas legislativas deste domingo.

Com bandeirolas coloridas, a juventude partidária espera impaciente na rotatória em frente ao prédio do corpo de bombeiros; de um estridente alto-falante ouve-se há mais de uma hora o jingle eleitoral em ritmo de discoteca: "Cada vez mais somos mais!"

Quem não tem coisa melhor para fazer se posiciona num canto de rua e espera pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Às 11h de um dia útil, não se vê um número elevado de pessoas nas ruas do vilarejo de Arcos de Valdevez.

De qualquer forma, dá para se perder na multidão. Principalmente depois que o chefe da equipe de campanha local mandou a juventude partidária com as bandeiras eleitorais subirem a rua até o mercado. O primeiro-ministro acaba de chegar, no começo da rua, enquanto a festa organizada acontece a 500 metros de distância.

Duas semanas de agitação

Em Portugal, a campanha eleitoral para as eleições legislativas, realizadas neste domingo (04/10), é feita de duas semanas de agitação nos bares e nas ruas: beijinhos para as crianças e senhoras idosas na multidão, bate-papo com vendedoras de peixe no mercado e longos jantares regados a discursos com correligionários e simpatizantes. Tudo amplamente acompanhado e relatado pela mídia. Para os políticos, o que importa é, antes de tudo, fazer uma boa imagem.

No mais, o governo de orientação liberal de direita da coligação Portugal à Frente – formada pelo Partido Social-Democrata (PSD), a maior legenda e posicionada mais para o centro, e pelo decididamente de direita Centro Democrático e Social-Partido Popular (CDS-PP) – enfatiza os seus êxitos no poder: principalmente o fato de terem finalizado com sucesso o programa de resgate financeiro da União Europeia e, supostamente, terem levado Portugal a sair da crise.

No entanto, a oposição formada pelo Partido Socialista (PS), cuja orientação é na verdade social-democrata, afirma que a crise ainda não passou por completo. E que os custos da controversa política de austeridade econômica teriam afetado duramente a população. Segundo a oposição, a situação principalmente da classe média estaria pior do que antes.

Eleitores pouco entusiasmados

Mas, nessa campanha eleitoral, o entusiasmo parece não querer tomar conta da população. "Eu não ganho nem 700 euros por mês, tenho que contar cada centavo", disse um homem nas ruas de Arcos de Valdevez. "Nada vai mudar também com um novo governo." Pois não somente o primeiro-ministro Passos Coelho está comprometido com a austeridade financeira.

Também o candidato rival António Costa e seu PS apoiam o curso definido pela União Europeia. Eles querem manter o compromisso com a moeda comum e com a redução do déficit orçamentário. Somente pequenos partidos de esquerda, que não devem ter nenhuma influência no resultado final das eleições parlamentares, se posicionaram claramente contra a política de austeridade econômica.

"Mais poder de compra para as famílias", exige repetidamente o socialista António Costa. Apesar do rigor econômico, é possível reduzir impostos, aumentar os salários cronicamente baixos dos portugueses, defende. No período da manhã, o candidato socialista visitou uma escola secundária e um conservatório da cidade industrial de Águeda, criticando durante o almoço o grande déficit orçamentário.

Depois de paradas nos vilarejos de Oliveira de Azeméis e na cidade do Porto, ele chamou o primeiro-ministro Passos Coelhos e seu vice Paulo Portas, do partido de coalizão CDS-PP, de "malabaristas e mentirosos", durante jantar em Vila do Conde, um bastião socialista. Balançando as suas bandeiras do PS, os espectadores aplaudiram entusiasmados. Depois foi servido bacalhau.

Governo de minoria se necessário

Em entrevista, Costa explicou que todo país tem seus problemas, para os quais tem de encontrar soluções. Segundo o socialista, Portugal irá, naturalmente, cumprir os compromissos assumidos. "Mas, como moeda comum, o euro também deve responder às necessidades de países economicamente mais fracos como Portugal e Espanha", acrescentou.

Criticando levemente a política de austeridade econômica, Costa afirmou: "Não pode haver solução única para problemas de países diferentes."

Se, após as eleições, o PS sair como a principal força, mas não conseguir a maioria absoluta, Costa pretende formar um governo de minoria. "Então vamos à procura de uma maioria no Parlamento que possibilite a realização de nosso programa de governo."

O ainda primeiro-ministro Passos Coelho poderá enfrentar o mesmo problema. As pesquisas de opinião, que em Portugal são tão pouco confiáveis quanto na Grécia, prometem uma corrida apertada entre o atual governo de coalizão e o Partido Socialista. É possível que nenhum deles consiga a maioria absoluta no próximo Parlamento. Então, é a vez dos partidos de esquerda, já que, antes das eleições, todas as partes descartaram a formação de uma "grande coalizão".

Para tolerar um governo do PS, no entanto, os comunistas ainda muito dogmáticos ou os populistas do Bloco da Esquerda exigem concessões que os socialistas não deverão poder fazer.

Coalizão de governo espera nova vitória

Mas o antigo chefe de governo também pode vir a ser o futuro governante. Passos Coelho disse que a cada dia sente "uma confiança cada vez maior", em discurso na pitoresca cidadezinha de Pontes de Lima, na região do Minho, no norte de Portugual.

O atual primeiro-ministro, que até algumas semanas atrás era considerado politicamente derrotado pelos institutos de opinião, triunfou: Diferentemente da Grécia, segundo o premiê, Portugal teria se transformado numa história de sucesso durante o seu governo. Enquanto em seu país o desemprego diminui e a economia volta a crescer, a Grécia entra em seu terceiro pacote de resgate financeiro, na opinião do político. "Ali é preciso que se economize ainda mais."

Na mesa, agricultores e pequenos empresários acenam em concordância enquanto agitam a bandeira de seu candidato. O norte é muito conservador, ali o governo de coalizão deverá, certamente, ganhar muitos votos. Ainda não se sabe, no entanto, se eles serão suficientes para que os conservadores continuem governando Portugal depois das eleições deste domingo.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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