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Tão rápido quanto trem bala: quais são os animais mais velozes?

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Além de força e boas estratégias, as regras de sobrevivência do mundo animal exigem velocidade. É preciso estar preparado para os momentos em que for preciso esticar as pernas para garantir o prato do dia ou evitar ser saboreado por um bando louco por carne fresquinha - por conta disso, presas e predadores alcançam velocidades incríveis.

O mais veloz dos animais terrestres é o guepardo. Exímio caçador, ele atinge 100km/h em menos de três segundos, e vai além: seu limite máximo é em torno de 110km/h. Pode-se comparar o felino a um dos carros mais velozes do mundo, o Koenigsegg Agera R, esportivo superleve que vai a 110km/h em 2,9 segundos. Mas é no ar que todos os recordes são batidos. O falcão peregrino visualiza a presa, recolhe as asas e inicia um mergulho profundo, nas mais altas velocidades já atingidas por um vertebrado.

A rapidez do guepardo, segundo o doutor em zoologia e pesquisador da área de mamíferos do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) Fabio Nascimento, pode ser atribuída à estrutura do felino: pernas alongadas e corpo esguio contribuem para que seja rápido no ataque a sua presa. A cauda, também com características longilíneas, confere estabilidade na corrida. Aliado a isso, a coluna flexível - que, em movimento, funciona como mola - é responsável por empulsionar o corpo, economizando energia.

A explosão do guepardo pode ser comparada a atletas de provas curtas. Isto porque ele não consegue manter por muito tempo sua velocidade máxima - de acordo com o especialista, o mamífero não resiste correr por muito mais do que 500 metros. "Antes de atacar, ele se coloca a uma distância entre 70 e 100 metros da presa", diz. Essa força de arranque também é característica de tigres, leões e outros felinos que, mesmo não alcançando velocidades tão altas, são bastante rápidos e habilidosos.

"O guepardo é uma exceção entre os felinos, é totalmente adaptado para a corrida", observa Nascimento. O professor se refere especialmente às suas garras semi-retráteis, ou seja, um pouco mais expostas do que as de tigres e leões. Ele explica que elas funcionam como um tênis com travas, o que ajuda a fixar o corpo ao solo, auxiliando na hora das manobras, como em uma curva, exemplifica.

Além do guepardo mais comum, com pintas, existe o raríssimo guepardo-real, com padrão listrado na pelagem. Mas o que isso tem a ver com velocidade? O professor e pesquisador de zoologia da Unesp - Campus de Assis Carlos C. Alberts explica: "Não se trata de listras verticais, como as do tigre, por exemplo. São horizontais. Se um animal tem listras horizontais, é mais difícil distinguir onde ele realmente está quando se desloca com velocidade. Por outro lado, as pintas ajudam a disfarçar um animal parado, escondendo-se da presa, camuflado na vegetação." Como o guepardo precisa se esconder na vegetação e esperar a presa chegar perto para depois disparar, surgiram os dois padrões de pelagem.

Já no caso do falcão, o ornitólogo do Museu de Zoologia da USP, Vítor Piacentini, explica que o posicionamento durante o ataque é o grande responsável pela velocidade. "Ele é de duas a três vezes mais rápido do que o guepardo. Em seu mergulho vertical, ultrapassa 300 km/h", diz.

A velocidade atingida pela ave é semelhante a um trem-bala, que oscila entre 250 e 300 km/h. De acordo com o especialista, alguns pesquisadores acreditam que a ave possa chegar a 400 km/h. "Essa questão não está bem definida, pois é provável que não haja estrutura para suportar o atrito causado por um voo a 380 km/h, mas certamente ele alcança 330 km/h com segurança", explica.

O grande trunfo da ave são suas asas aerodinâmicas. Durante o mergulho, elas se recolhem de maneira a diminuir o atrito, permitindo que o animal perca altitude muito rapidamente. Por conta disso, durante um voo normal, a ave não é tão rápida - seu título se deve unicamente ao momento do ataque. "Ele assume um formato de torpedo. Quando se aproxima da presa, estende as asas e cria uma barreira, responsável por diminuir sua velocidade, para então agarrá-la", afirma. Essa é uma estratégia de caça comum das aves de rapina, como os andorinhões e outros tipos de falcões. Mas quando o assunto é velocidade, ninguém ganha do peregrino.

Menos rápidos, mais resistentes

Ao contrário dos felinos, caçadores solitários, os lobos são além de rápidos e habilidosos, muito resistentes. Os bandos vivem apenas no hemisfério norte e têm organização social muito rígida. "Sua estratégia de caça é cercar a presa. Para pegar desde pequenos animais, como a ovelha e coelho, até o caribu, precisam alcançar altas velocidades. Só que eles não conseguem ser tão rápidos como os felinos, mas suportam correr por muito mais tempo. Por conta disso, são capazes de, com pausas, perseguir uma presa durante dias", diz o zoólogo e professor voluntário da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Arif Cais.

A caça é baseada na estratégia do bando, que ronda o animal que servirá de alimento. Ainda que ele consiga escapar, é comum que a alcateia estenda o ataque até que não haja mais saída, e a refeição esteja garantida. Durante as perseguições, podem atingir em média 65km/h, pouco acima dos 60km/h permitidos pelo Código de Trânsito Brasileiro para tráfego de veículos em vias urbanas secundárias.

A presa mais veloz

A gazela é a única presa que figura nas listas de mais velozes. No seu caso, a rapidez serve para fugir, já que o animal é herbívoro. Ela não chega a velocidades tão altas como seus predadores - alcança 70 km/h, média equivalente a de um kart para pilotos amadores. O feito do antílope, no entanto, está no fôlego para correr por mais tempo.

Segundo Cais, animais como tigre e guepardo têm maior força de arranque, mas não conseguem correr por muito tempo, já que o aumento da temperatura do corpo causaria uma convulsão. "A gazela é menos veloz, mas tem maior resistência por conta de suas narinas grandes e vascularizadas. Elas permitem a entrada de vento, que refrigera o sangue e impede que o cérebro seja afetado", explica. A gazela é um animal tipicamente africano que salta muito e corre em zigue-zague, habilidades facilitadas pelas suas pernas longas.

Além de força e boas estratégias, as regras de sobrevivência do mundo animal exigem velocidade
Além de força e boas estratégias, as regras de sobrevivência do mundo animal exigem velocidade
Foto: Getty Images
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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