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Por que Marte muda de cor? Conheça mistérios do espaço

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São oito planetas no Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Foi convencionado, em 2006, que Plutão sairia dessa lista. Além desses, há diversos outros objetos, como asteroides, satélites, planetas anões e poeira compondo essa estrutura, que, segundo Sandra dos Anjos, doutora do Departamento de Astronomia da USP, está sempre em movimento, mas numa escala de tempo tão grande que, para nós seres humanos, é imperceptível.

Marte
Marte
Foto: Nasa / Divulgação

Há inúmeras perguntas a serem respondidas sobre o Sistema Solar, o que motiva os governos e as universidades a investir em pesquisas e programas espaciais todos os anos. A seguir, conheça 10 desses mistérios e as repostas que cientistas acreditam ter.

Por que existem planetas rochosos e gasosos?

Mercúrio, Vênus, Terra e Marte são chamados de planetas rochosos (ou internos) e Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, gasosos (ou externos). Essa diferenciação se dá por conta da evolução das propriedades desde suas formações. "Os internos são rochosos, sólidos, menores e, em geral, não têm satélites ou muito poucos", explica a pesquisadora Sandra dos Anjos.

Contudo, os gasosos têm núcleos rochosos e camadas de gás ao redor deles, "como se estivessem em torno de um planeta rochoso", conta Sandra. Essa diferença leva os astrônomos a deduzir que os planetas internos - que estão mais próximos do Sol - provavelmente tivessem essa atmosfera, mas ela teria sido arrancada pelo chamado vento solar.

Por que Mercúrio tem tantas e tão grandes crateras?

As crateras gigantes de Mercúrio têm origem exterior, segundo o responsável pelo Laboratório de Astronomia da PUCRS, Délcio Basso. Como Mercúrio não tem atmosfera, sofre os impactos diretos das colisões com asteroides, o que causa buracos enormes.

"Aqui, não percebemos boa parte do que vem de fora, porque esse material é incinerado na atmosfera, são as estrelas cadentes", explica. Outro motivo é a gravidade elevada do planeta, conta Sandra dos Anjos. O professor Délcio explica que as montanhas da Lua são formadas da mesma maneira. O corpo exterior bate na superfície lunar e faz um buraco. Esse buraco é preenchido por parte do material que está no interior da Lua e se solidifica, restando grandes montanhas circulares.

Existe efeito estufa em outro planeta?

Você reclama do efeito estufa? Imagine se vivesse em Vênus. Délcio Basso explica que, pela atmosfera desse planeta ser muito densa e a irradiação de energia solar ser cerca de três vezes maior que na Terra, a luz entra, atinge o solo, mas não consegue sair.

Isso faz com que o calor não se dissipe. "É uma sucursal do inferno, pior que Mercúrio. A pressão é imensa e na atmosfera predominam hidrocarbonetos (compostos químicos constituídos por átomos de carbono e hidrogênio, que compõem elementos como petróleo e gás natural)", descreve o pesquisador.

Como se formou a Lua da Terra?

Desde os anos 1970, se consolida uma hipótese de que a Lua tenha se formado por uma colisão entre um asteroide e a Terra. "A Lua como um satélite é uma anomalia, é como se fosse outro planeta. Todos os satélites, comparados aos outros planetas, são muito pequenos", conta Délcio Basso. Um asteroide teria se chocado com a Terra e a Lua se formado sendo parte resíduos desse corpo e parte do nosso planeta.

Outra curiosidade é que, por ter pouca quantidade de metais, ela não tem campo magnético. Isso faz com que a Lua não detenha os gases que produz em sua atmosfera e, por isso, a luz do Sol que bate lá não produz cores, diferente de quando existe uma atmosfera gasosa, na qual os raios refletem luzes coloridas.

Por que Marte muda de cor?

Ao ser observado, Marte pode apresentar diferentes cores, entre aspecto avermelhado e esverdeado. Essas mudanças, que antigamente se atribuíam à possibilidade de existir vida no planeta, se devem ao regime de ventos, explica Sandra dos Anjos.

"São provocadas por ventos que mudam de direção numa escala de tempo muito curta, mudando todas as características da superfície", diz a pesquisadora. Délcio Basso complementa: "outro motivo são os polos em função do inverno e do verão. O eixo de Marte também está um pouco inclinado, as calotas derretem e congelam. É gelo também de CO2, chamado de gelo seco."

Júpiter pode ser considerado um herói para a Terra?

Basso explica que uma ação combinada entre Sol e Júpiter faz com que o material solto no espaço se agrupe e forme um triângulo, como bolas de sinuca antes da primeira tacada. Esse grupo seria perigoso e, eventualmente, poderia colidir e fazer um grande estrago na Terra, mas, graças à ação dessas forças impressas pelo Sol e por Júpiter, eles permanecem organizados, movendo-se com Júpiter, o Sol e o sistema como um todo.

Além disso, conta Sandra, Júpiter absorve grande parte dos asteroides que passam por ele, impedindo-os que cheguem até a Terra. Contudo, uma simulação recente indica que a grande gravidade do planeta pode torna-lo vilão. A força de atração de Júpiter teria feito com que grandes asteroides entrassem em uma rota muito próxima da Terra. Em resumo, Júpiter talvez seja um personagem de duas faces nessa história.

Como se formaram os anéis de Saturno?

A pesquisadora da USP Sandra dos Anjos explica que, alguns milhões de anos atrás, ocorreu uma fase muito violenta de choques frequentes de objetos que acabaram se desintegrando e formando, na região central de Saturno (como se fosse na linha do Equador da Terra), um depósito de "sujeira". "É uma camada de grãos envolvida por gelo que, quando reflete a luz do Sol, forma esse anel (o único que conseguimos ver)", explica.

Os anéis de Saturno só têm mais material do que os outros e, por isso, são visíveis. "É provável que algumas centenas de milhões de anos para frente, Saturno não tenha mais anéis e esses materiais tenham se aglutinado e formado um satélite", diz Délcio Basso, da PUCRS.

Como é a rotação de Urano?

Pense numa esfera correndo em uma superfície lisa. O eixo de sua rotação fica a 90° do plano. É mais ou menos assim que se dá a rotação de Urano. Não se sabe exatamente o motivo pelo qual esse planeta tem essa característica, mas se tem uma ideia.

Délcio Basso explica o que aconteceria se, por exemplo, a Terra tivesse esse mesmo ângulo de inclinação: "Algo que dá estabilidade ao nosso eixo aqui é a Lua. Ela está se afastando a 4 cm por ano. Se não tivesse Lua, a vida aqui seria inviável. O eixo mudaria completamente em questão de meses, haveria muita ventania, o gelo derreteria e os desertos congelariam", diz Basso, que explica também que essa inclinação de Urano é mantida graças à ajuda de seus satélites.

Como Netuno foi descoberto?

O responsável pelo Laboratório de Astronomia da PUCRS explica que Netuno, em particular, foi descoberto pelos cálculos de um astrônomo e matemático francês Le Verrier, que tentava explicar uma misteriosa perturbação na órbita de Urano.

Le Verrier, ao calcular os motivos dessa alteração, delimitou uma região que poderia ter alguma coisa. Essa "alguma coisa" era Netuno. "Nessa época, já existiam placas fotográficas, e isso ajudou a localizar. A matemática ajudou a delimitar a região para os astrônomos observarem", explica.

Como é formada a superfície de Plutão?

A superfície de Plutão é totalmente congelada. Lembre que o Sol, visto do planeta anão, está tão longe que, segundo descreve Délcio Basso, seria mais ou menos do tamanho da estrela Dalva vista da Terra. Plutão, por não ter as mesmas características dos planetas externos - ou gasosos -, foi "rebaixado".

"Plutão tem uma superfície com regiões muito escuras e muito claras. Devido ao fato de estar muito longe, a superfície deve preservar as condições do início de Formação do Sistema Solar. As regiões claras estão refletindo um tipo de gelo e as escuras, silicatos e rochas", conta Sandra dos Anjos.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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