PUBLICIDADE

Por que as águas-vivas 'queimam'?

Compartilhar

Na realidade as águas-vivas não queimam como falamos popularmente. Queimaduras ocorrem após um contato com algo quente, o que não é o caso desses cnidários, que além de frios, ficam na água do mar. O que acontece são acidentes chamados de envenenamentos. Todos os tipos de águas-vivas podem causar lesões? Elas podem matar? Para responder essas e outras curiosidades sobre esses animais marinhos, o Terra conversou com especialistas da área de zoologia e clínica.

As águas-vivas possuem células com estruturas microscópicas, chamadas cnidas, que carregam em seu interior toxinas ou venenos
As águas-vivas possuem células com estruturas microscópicas, chamadas cnidas, que carregam em seu interior toxinas ou venenos
Foto: Getty Images

A água-viva é um termo genérico para qualquer animal do filo dos cnidários que tenha um corpo gelatinoso em forma de sino ou campânula, e que tenha capacidade de nadar. Dentro dos cnidários existem quatro grandes grupos de águas-vivas: Hydrozoa, Cubozoa, Scyphozoa e Staurozoa.

Os cnidários possuem células com estruturas microscópicas que funcionam como um pequeno arpão, chamadas cnidas, que carregam em seu interior toxinas ou venenos. "Quando entramos em contato com o animal, essas estruturas são estimuladas e os 'arpões' são disparados contra a nossa pele", explica o Professor doutor Andre C. Morandini, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociencias (IB), da Universidade de Sao Paulo.

De acordo em ele, a ação das toxinas é bastante variada no corpo humano, mas a sensação que temos é interpretada pelo nosso cérebro como algo parecido com uma queimadura, daí a confusão.

Em um acidente com águas-vivas, caravelas e algumas anêmonas e corais o principal sintoma é o de dor intensa. "Essa sensação e as próprias marcas cutâneas são causadas pela ação do veneno, que tem propriedades neurotóxicas e necrosantes da pele, que causam as bolhas e feridas", disse o médico dermatologista Vidal Haddad, que é professor da Faculdade de Medicina na Unesp de Botucatu.

Segundo o dermatologista, características como o tamanho e tipo do cnidário, e tamanho da vítima, vão definir a gravidade das lesões "Nas crianças os acidentes são mais graves por sua área corporal menor", afirmou.

Em teoria, todas as águas-vivas têm a capacidade de causar acidentes, pois todas apresentam as cnidas. No entanto, existem diferenças na composição das toxinas das cnidas e isso pode gerar efeitos diferentes nos animais e no homem. Então, nem todas as águas-vivas causam acidentes graves, algumas podem trazer apenas uma irritação cutânea leve.

O tamanho dos animais varia entre os diferentes grupos. Em Hydrozoa algumas espécies possuem apenas 1 ou 2 centímetros, já em Scyphozoa elas podem chegar a até 2 metros de diâmetro. No Brasil as maiores chegam a no máximo 1 metro, mas em geral, ficam entre 10 e 30 centímetros.

Bonitas e perigosas

Apesar de sua bela aparência, pelas raras cores, as águas-vivas são perigosas e o contato com a mesma pode causar lesões ou até mesmo um óbito. As espécies mais perigosas são as Cubomedusas. De acordo com o professor Andre Morandini, diversas espécies podem causar a morte, mas a mais famosa é a vespa-do-mar Chironex fleckeri (do inglês sea-wasp). Ela pode ser encontrada na costa leste da Austrália.

A medusa juba-de-leão Cyanea capillata, que ocorre no Atlântico norte, e a Pelagia noctiluca, que também ocorre no Atlântico norte e Mediterrâneo, fazem parte da lista das ameaçadoras. As temidas caravelas, muito confundidas com as águas-vivas, ficam à deriva nos mares de todo o mundo. O Brasil não apresenta espécies que causam acidentes graves.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade