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Vida acadêmica exige maturidade de calouros e universidade pode ajudar

8 fev 2014 - 13h27
(atualizado em 11/2/2014 às 14h29)
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Karin Goss saiu de São Paulo e se mudou para Florianópolis, capital catarinense
Karin Goss saiu de São Paulo e se mudou para Florianópolis, capital catarinense
Foto: Arquivo Pessoal/ Karin Goss / Divulgação

A grande diferença do colégio para universidade está na autonomia dos alunos, a afirmação da diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP, Neide Noffs, exemplifica o momento vivido por muitos estudantes que ingressam na vida acadêmica.  No colégio, os alunos são observados e controlados de perto, enquanto na faculdade, cada um toma suas próprias decisões. “Isso envolve um amadurecimento emocional, que leva algum tempo”, diz Neide.

A doutora em educação opina que a discussão sobre o envolvimento da universidade nessa adaptação deveria ser maior. “O aluno entra na faculdade e fica muito deslumbrado. Mais do que mostrar onde fica a biblioteca, a universidade precisa receber e acolher esses recém-chegados”, diz. Ela afirma que o jovem que chega, muitas vezes, é muito novo e tem que aprender a lidar com a autonomia que recebe. “Ele não é obrigado a ficar na sala de aula, por exemplo. Tem que lidar com namoros, oferta de vida social etc. A universidade precisa ajudar nessa preparação”.

Contudo, a educadora exalta a experiência acadêmica e afirma que o aluno deve buscar conhecer sua instituição e tudo que ela pode oferecer. “Muitas universidades têm ótima infraestrutura, oferecem bolsas de pesquisa, possibilidades de intercâmbio e muitas atividades”. Ela aconselha os novos alunos a procurar essas ofertas e fazer uso dela. “O tempo universitário passa rápido”.

Para alguns estudantes, a mudança não reflete somente em um novo pilar da educação, a mudança também é de cidade. Esse é o caso da estudante paulista Karin Goss, 19 anos, que mudou completamente sua vida ao escolher sua faculdade. Seguindo os passos de sua mãe, que estudou engenharia de alimentos na UFSC, ela decidiu embarcar na aventura, sair da capital paulista e se mudar para Florianópolis (SC).

A estudante de engenharia de alimentos teve muitas dúvidas, porque essa não era a sua primeira opção, nem de curso, nem de universidade. Queria engenharia química na USP ou, de preferência, na Unicamp, porque, acima de tudo, estava decidida a mudar-se de cidade. Passou na engenharia civil da UFSC, mas matriculou-se no cursinho novamente para tentar sua primeira opção. Contudo, na primeira semana de aulas, voltou atrás e decidiu se matricular na federal de Santa Catarina.

Uma grande motivação para a decisão foi mesmo a vontade de morar sozinha - apesar deste também ser um de seus maiores medos. Os familiares que vivem na cidade ajudaram a amenizar os receios naturais da mudança. Karin foi morar com uma prima e, assim, a transição tem sido mais fácil.

Ela conta que, no início, teve muito medo - medo de não fazer amizades, de se sentir sozinha, de não saber se virar. “Minha mãe perguntou várias vezes se eu não preferia estudar em uma faculdade privada perto de casa, mas eu quis ir”, conta. No fim, seus pais apoiaram a decisão, felizes pela vaga da filha na faculdade, mas tristes pela distância.

Karin conta que não sente falta de São Paulo, só da sua família e amigos. “Acabei me afastando de muita gente com essa mudança, mas me aproximei de muitas outras”, conta. Atualmente, ela considera ter passado na UFSC a melhor coisa que já lhe aconteceu. “A faculdade é maravilhosa, as pessoas são muito 'gente boa', fiz vários amigos, além de a cidade ser linda. Posso ir à praia todos os dias”, comemora a paulista.

Sobre a primeira semana de aula, ela afirma que várias unidades acadêmicas oferecem diferentes atividades de recepção que promovem a interação dos alunos. “O que eu não apoio são atividades agressivas, que envolvem álcool, por exemplo”, diz. Contudo, ela valoriza a experiência positiva da recepção. “É importante que os pais e familiares fiquem atentos e ofereçam apoio no caso de trotes mais pesados”.

Rachel Martins, 17 anos, também vai começar “nova vida” em outra cidade como curso de Arquitetura e Urbanismo, na Universidade de Brasília (UnB), neste semestre. Filha de pai militar, ela está acostumada a se mudar bastante, então, a ida de Campo Grande (MS) para Brasília (DF) é um desafio que encara com naturalidade. Rachel morou na capital federal uns anos atrás e está ansiosa para reencontrar seus amigos. Além disso, vai morar com a irmã que também faz faculdade em Brasília. Rachel não contém a empolgação ao falar do futuro. “Esse era meu sonho. Desde que fiz uma maquete de uma casa ecológica no colégio sabia que era isso que queria para o resto da vida”, conta.

Apesar disso, ela diz que está nervosa porque sabe que vai ser tudo diferente do que já viveu. Rachel sempre estudou em colégio militar, está acostumada com uma vida regrada, mas empolga-se com a possibilidade de ser mais independente. Pelo cotidiano disciplinado que viveu até então, a garota diz ter medo da universidade por causas das festas, se preocupa com o consumo de álcool e drogas.

Casa de estudante

A Casa do Estudante Universitário do Paraná, em Curitiba, recebe alunos de todo o Brasil e até de outros países. O vice-presidente da residência, Fabrício Camargo Maciel, conta que a casa recebe apenas homens desde sua fundação, há 63 anos, mas pretende abrir as portas para mulheres ainda neste ano.

“É um ambiente que incentiva bastante a transmissão de conhecimento. Quem sabe, ensina, quem quer, aprende”, afirma. A casa abriga pessoas de diferentes áreas profissionais, por isso, ele conta que alguns dão aulas de violão, intercambistas ensinam seu idioma, alguns ajudam na matemática, outros no português.

Ele conta que é muito interessante ver o crescimento das pessoas, depois que se mudam. Eles aprendem a ter mais responsabilidade e se comprometer com as atividades dentro da casa. “Na faculdade, aprendem sobre a profissão, aqui aprendem sobre a vida”.

A casa abriga até 360 pessoas, mas, por conta de uma reforma, tem apenas 180 atualmente. Para entrar, é necessário ser estudante de graduação, pós, técnico ou pré-vestibular. O processo seletivo envolve a entrega de alguns documentos e uma entrevista presencial. O custo de viver na república é de cerca de R$ 200 mensais, incluindo café da manhã e lavanderia. Além disso, a casa oferece biblioteca, salão de festas, sala de jogos e quadras de esportes. 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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