Unicamp: redação é diferencial no vestibular que será aplicado no domingo

Com número recorde de inscritos, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realiza no dia 10 de novembro a primeira fase do vestibular. Serão 73.818 vestibulandos buscando o ingresso na universidade classificada como a 5ª melhor do País pelo Datafolha. Já é o quinto ano consecutivo que o vestibular apresenta crescimento no número de inscritos. A prova é peculiar principalmente pela redação. Para garantir uma das 3.460 vagas dos 69 cursos da Unicamp ou dos dois da Faculdade Pública de Medicina e Enfermagem de São José do Rio Preto (Famerp), os candidatos precisam dominar a escrita em diversos gêneros.

Serão duas redações logo na primeira fase. O diretor pedagógico da Oficina do Estudante, Célio Tasinafo, diz que a prova costuma ir além da clássica dissertação, podendo solicitar que sejam escritos resumos ou verbetes, por exemplo. “Todos os tipos de gêneros textuais podem ser cobrados na prova. Então o aluno deve estar apto para formatar o texto ao padrão solicitado. Essa tem sido a maior dificuldade”, afirma. Normalmente treinado para desenvolver narrações, dissertações ou cartas, o concorrente deve estar muito atento e se ater ao que é pedido no enunciado, caso contrário pode esbarrar na exigente banca.

Até 2011, eram cobradas três redações na primeira etapa. Desde então, o número foi reduzido, mas o grau de exigência não, alerta Tasinafo. A redação vale metade da pontuação da primeira fase, cujo peso na nota final é 2. A outra parte é composta por 48 questões de múltipla escolha sobre conhecimentos gerais. O professor acredita que o teste deve ser menos desgastante que o segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo. “Os testes de múltipla escolha não são tão complexos. Não têm cinco alternativas, mas quatro. Eles cobrem os principais pontos do ensino médio e não exigem muita abstração ou cálculos gigantescos”, afirma. Ao todo serão cinco horas para responder ao exame.

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Questões de atualidades tendem a cair indiretamente. As manifestações ocorridas durante este ano podem cair, mas dificilmente será abordado o processo em curso. O que deve ocorrer, acredita Tasinafo, é um reflexo do momento atual em questões referentes às mobilizações antes de 1964, aos caras pintadas ou ao Diretas Já.

Nem mesmo o crescimento na procura pelo vestibular da Unicamp deve preocupar os candidatos. “Não é pelo aumento no número de inscritos que há mais qualidade. Vestibular é classificação, se os candidatos a mais não são bem preparados, o corte fica igual. Isso não pode preocupar o vestibulando”, diz Tasinafo. Para cumprir bem a prova, a dica é estar bem descansado e reservar uma hora para cada redação - incluindo rascunho e versão final.

Segunda fase

Se as questões dissertativas da primeira fase foram abandonadas há quatro anos, na etapa seguinte elas persistem. A ser realizada em janeiro de 2014 pelos candidatos que passarem pela fase anterior (cujo resultado sai no dia 20 de dezembro), a prova é dividida em três datas. No dia 12, ocorrem as provas de Língua Portuguesa e Literaturas da Língua Portuguesa e de Matemática; no dia 13, Ciências Humanas e Artes e Língua Inglesa; e no dia 14, Ciências da Natureza. Nesta etapa, é preciso dominar o assunto e escrever bem: sai na frente quem consegue organizar melhor a resposta. “Não pode dar voltas, ninguém vai procurar a reposta em um emaranhado de texto. Quanto mais direto e claro, melhor a pontuação”, avisa Tasinafo.

Sem cotas

A Unicamp não trabalha com o sistema de reserva de vagas. Entretanto, há um acréscimo na pontuação da segunda fase - não havendo influência na primeira seleção. Caso seja aprovado na etapa inicial, o candidato ganha 60 pontos se tiver cursado o ensino médio integralmente na rede pública e mais 20 se, além disso, for autodeclarado preto, pardo ou indígena. A pontuação é considerável: mais do que a maioria faz no primeiro dia da segunda fase - cada data vale 96 -, diz Tasinafo.