Enem exige mais conhecimento e menos "decoreba" que vestibular
10 jun2011 - 08h21
(atualizado às 08h58)
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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998, mas só a partir de 2009 passou a ser usado por algumas faculdades como processo de seleção. Cada instituição teve a possibilidade de escolher a forma como gostaria de utilizar o Enem. São 3 alternativas: como primeira e única fase para ingressar na instituição; como forma de complementar a nota do vestibular tradicional; ou para preencher vagas remanescentes. E ainda há instituições que adotam apenas vestibulares próprios. Por tudo isso, muitos estudantes realizam os dois modelos de prova, ambos muito diferentes.
Nos vestibulares tradicionais, as perguntas são dividas por assuntos, como matemática, biologia, história. No Enem, cujas inscrições se encerram nesta sexta-feira, as questões são agrupadas em 4 áreas de conhecimento: ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; linguagens códigos e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias. Cada prova tem 45 questões. No segundo dia de prova, o aluno deve fazer uma redação. Por sua composição abrangente, as perguntas são interdisciplinares e contextualizadas na própria questão, diminuindo a utilidade da famosa "decoreba" de conteúdo e exigindo o raciocínio do aluno.
Habilidade e ética
Segundo Matheus Prado, presidente de honra do Instituto Henfil, que oferece curso preparatório voltado exclusivamente para o Enem, a prova não vai cobrar apenas a matéria do aluno. "Vão ser exigidos competência e habilidade da pessoa, o conteúdo é menos cobrado. Há muitas questões de resolver problemas e até mesmo testando o caráter ético do estudante na sociedade, como perguntas sobre o desmatamento", explica.
Um exemplo de questão interdisciplinar citado por Prado seria uma comparação entre diversos tipos de televisão e a pergunta sobre qual delas gasta menos energia. "Essa tem temas tanto da matemática como da física. É preciso saber um pouco das duas para responder", salienta.
Como estudar
Como o Enem não é divido por matérias e sim por áreas, é mais complicado o aluno estudar para o exame. Prado acredita que a melhor forma para se preparar é pegar as provas dos anos anteriores, fazê-las e depois corrigir. Segundo ele, as respostas corretas não precisam ser memorizadas, pois, provavelmente, o aluno utilizou sua lógica para responder. O exercício serve mais para identificar as áreas em que há dificuldade. "Se o aluno tem problema em alguma área, vai errar várias durante a prova. Daí é só focar no campo que menos acertou", sugere.
Outra diferença entre o vestibular e o Enem é o Sistema de Seleção Unificado (SiSu), pelo qual, após a divulgação dos resultados, o estudante pode se inscrever para as faculdades do país que adotaram a prova como forma única de seleção. Nesse sistema, está disponível o número de cadeiras de cada curso e também o peso das áreas de conhecimento para a graduação que o aluno deseja fazer. Assim é possível saber se a pontuação será suficiente para ele entrar na instituição. Sendo necessário, o estudante tem um prazo para fazer a troca de universidade.
Kathleen Rosa chorou quando soube que não poderia mais entrar para fazer a prova do Enem, na PUC-BH, durante a primeira aplicação do Enem, nos dias 6 e 7 de novembro
Foto: Alisson Gontijo / Futura Press
No dia 15 de dezembro, também houve choro. Devido a erros de impressão na prova amarela, candidatos do Enem prejudicados refizeram o Enem em dezembro
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra
Vendedores se acumulam próximo a local de prova, em novembro
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Após o medo de que novos erros acontecessem, a coordenação do exame no Piauí decidiu isolar um andar inteiro do prédio na Faculdade Piauiense, único local de aplicação das provas em Teresina. Segundo os organizadores, o objetivo era evitar fraudes
Foto: Yala Sena / Especial para Terra
Vendedores oferecem produtos para candidatos no dia 7 de novembro
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Muitos estudantes ficaram de fora da prova por se atrasarem, tanto nas primeiras provas (foto) como na reaplicação aos prejudicados
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Candidatos chegam ao segundo dia de prova em escola de Brasília
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Candidata corre para não perder o Enem, durante a primeira aplicação da prova
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Os erros de impressão não foram os únicos relatados. Vazamento da redação e até propaganda de cursinho por parte dos organizadores - como na imagem, em Pedreira (AP) - estão entre as denúncias
Foto: Julio Americo Selingardi / vc repórter
A sujeira também foi um problema na capital federal nas provas de novembro
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Candidatos recebem propagandas durante a primeira aplicação do Enem
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Em Brasília, muitos estudantes correram para chegar a tempo
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Movimentação dos candidatos na PUC Coração Eucarístico em Belo Horizonte, Minas Gerais, durante a primeira aplicação do Enem, em novembro
Foto: Alisson Gontijo / Futura Press
Movimentação dos candidatos do Enem na PUC Coração Eucarístico em Belo Horizonte, Minas Gerais
Foto: Alisson Gontijo / Futura Press
Movimentação dos estudantes no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em novembro
Foto: Guto Maia / Futura Press
Menina faz prova do Enem no Colégio Uldorico Tavares, em Salvador, Bahia, em novembro
Foto: Margarida Neide / Futura Press
Prova sendo realizada no Colégio Uldorico Tavares, no bairo da Vitória em Salvador na Bahia.
Foto: Margarida Neide / Futura Press
O ministro da Educação, Fernando Haddad, deu explicações ao Senado e à Câmara dos Deputados sobre os erros do Enem. Haddad defendeu o exame e disse que os prejudicados representam menos de 0,1% do total de candidatos. "Se não entendermos que o Enem é para democratizar o ensino, então vamos perder a essência do projeto"
Foto: Fabrio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Estudantes do Rio de Janeiro também protestaram contra as falhas do Enem. Muitos protestos ocorreram pelo País após as falhas no exame
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
No Rio, a manifestação também aconteceu na região central
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Estudantes exibiram cartazes com mensagens de protesto
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Os estudantes gaúchos exibiram faixas com frases contra os erros no exame
Foto: Juliana Rolim / vc repórter
A manifestação percorreu diversas vias da região central de Porto Alegre
Foto: Juliana Rolim / vc repórter
A UFPR usará a nota do Enem como 10% da nota total do vestibulando para preencher 5016 vagas
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra
Alguns manifestantes vestiam amarelo por conta da cor da prova que apresentou erros de impressão no exame
Foto: Matheus Tesser / vc repórter
Cerca de 200 estudantes participaram da manifestação em SP
Foto: Rahel Patrasso / Futura Press
Em Curitiba cerca de 400 protestaram contra os erros do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra
A manifestação foi organizada pelos estudantes através da internet
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra
Cartaz exibido pelos estudantes durante o protesto em Uberaba
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
Caixão simboliza o fiasco do Enem deste ano
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
Os estudantes também foram às ruas em Uberaba, interior de Minas Gerais
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
A manifestação de Uberaba contou com encenação teatral
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
No Piauí, o candidato José Antônio Teixeira Neto, 21 anos, foi impedido de fazer as provas
Foto: Yala Sena / Especial para Terra
A reaplicação da prova do Enem atraiu poucos alunos em uma das escolas de Florianópolis, no dia 15 de dezembro
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
A jardineira Neusa Marli Laucksen, 51 anos, chegou atrasada a uma escola de Florianópolis e perdeu a prova do Enem por apenas 3 minutos
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
No Piauí, cerca de 350 alunos em Teresina e União, que foram prejudicados por erros na prova amarela, fazem as provas do Enem