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USP: só vamos adotar o Enem quando for seguro e consolidado

16 set 2011 - 08h12
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Angela Chagas

Criado em 1998 como forma de avaliar a educação básica brasileira, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cresceu e hoje se constitui como a única forma de acesso a muitas universidades públicas e privadas de todo País. Embora o Ministério da Educação (MEC) tenha o objetivo de universalizar o exame em todas as instituições de ensino, acabando com os vestibulares, se depender de algumas das maiores universidades do País, isso ainda pode demorar. "Só vamos adotar o Enem quando for um exame completamente seguro e estiver consolidado", diz a pró-reitora de graduação da Universidade de São Paulo (USP), Telma Zorn.

Veja como é o processo de seleção nas principais universidades públicas do País

A USP já utilizou o Enem para compor a nota da primeira fase do vestibular, mas desisitiu no ano passado "por uma questão de calendário". "Em 2010 eu cheguei a anunciar no Conselho Universitário que seria possível a utilização do Enem, mas, infelizmente, a data do exame foi mudada e isso impossibilitou a adotação da nota com tranquilidade", afirma a pró-reitora. Em 2010, o exame estava previsto para ser realizado em outubro, mas posteriormente foi adiado para novembro.

Segundo a pró-reitora, os problemas nas edições de 2009 e 2010 - como o vazamento da prova e os erros nos cadernos de questões - prejudicaram a credibilidade do exame. "Nós estamos acompanhando como o Enem está sendo organizado, a logística. Sabemos que tem havido um empenho muito grande do MEC em fazer os ajustes necessários, mas neste momento é mais prudente esperar que esses acertos se concretizem. Aí sim não haveria mais empecilhos para impedir a nossa adesão", afirma.

Levantamento do Terra em 63 universidades públicas de todo o Brasil aponta que pelo menos 57 vão adotar de alguma forma a nota do Enem nos processos seletivos de 2012. Para a pró-reitora da USP, a abrangência em todas as instituições só será atingida quando o exame se consolidar. "A universidade adota a nota do Enem para calcular a bonificação do candidato. Aí o aluno entra com um processo por causa dos problemas no exame. Como fica a bonificação? Isso prejudica todo o processo", diz.

UnB usa o Enem apenas para vagas remanescentes

Outra instituição pública que ainda não aderiu ao Enem como forma de seleção é a Universidade de Brasília (UnB), que utiliza a nota conquistada no exame apenas para preencher vagas remanescentes - que não foram completadas com o vestibular da instituição. De acordo com a decana de ensino e graduação, professora Márcia Abrahão, os problemas nas útlimas edições do exame não tiveram um peso importante na decisão de não adotar o Enem.

"Quando nós discutimos sobre o adoção do Enem, isso já tem mais de um ano, ainda não havia os problemas da última edição, apenas o que aconteceu em 2009 (vazamento da prova). Mas isso não foi levado em conta. Com base no parecer do Conselho de Pesquisa e Extensão, avaliamos os impactos acadêmicos, e chegamos a conclusão que seria mais vantajoso utilizar o Enem apenas para as vagas remanescentes. Temos um processo muito consolidado, que é o nosso vestibular, e não mudamos isso", afirma.

No último vestibular, a UnB ofereceu 232 vagas remanescentes pelo Enem. Na seleção de verão, a universidade já havia adotado as notas do exame como forma de preencher as vagas ociosas.

Fim dos vestibulares

Após a divulgação dos resultados do Enem de 2010, na segunda-feira, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse acreditar que "ainda nesta década" o Enem possa acabar com os vestibulares. Desde 2009, a prova passou a ser usada como critério de seleção por parte das universidades públicas, o que fez crescer o número de inscritos no exame. Para o segundo semestre de 2011, foram oferecidas 26 mil vagas em 48 instituições públicas de ensino superior, por meio do Enem, no Sistema de Seleção Unificado (Sisu).

"Vai ser natural esse movimento das universidades de abrirem mão de algo que não diz respeito a elas (cuidar dos exames de seleção). Em lugar nenhum do mundo é assim. A evolução tem sido muito boa e nosso prognóstico é que a cada ano haverá mais vagas para ingresso no Sisu (Sistema de Seleção Unificado) e no ProUni (Programa Universidade para Todos)", disse Haddad.

O Enem

A partir do resultado da prova do Enem, os alunos se inscrevem no Sisu e podem pleitear vagas em instituições públicas de todo o País. A participação no Enem também é pré-requisito para os estudantes interessados em uma bolsa do ProUni. Os benefícios são distribuídos a partir do desempenho do candidato no exame e podem ser integrais ou parciais, dependendo da renda da família. Para participar do programa é preciso ter cursado todo o ensino médio na rede pública.

As provas do Enem neste ano receberam um número recorde de 5,4 milhões de inscritos. O exame será aplicado nos dias 22 e 23 de outubro, em 12 mil locais de prova distribuídos por 1.599 municípios.

A partir de 2012 a prova terá duas edições ao ano, uma no primeiro semestre e outra no segundo. A primeira edição do ano que vem já está confirmada para os dias 28 e 29 de abril. A data da segunda edição ainda não foi definida em função das eleições municipais, que ocorrerão em outubro, mês de aplicação do Enem.

A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) é a única instituição pública que liderou um dos quatro grupos divididos pelo Inep no resultado por escola do Enem 2010
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) é a única instituição pública que liderou um dos quatro grupos divididos pelo Inep no resultado por escola do Enem 2010
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra
Fonte: Terra
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