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UFSCar: após greve de 82 dias, alunos de medicina pedem fim do curso

Os estudantes alegam que após 82 dias de greve nada foi feito para melhorar a estrutura do curso. Por isso, cobram o fechamento da unidade

7 jun 2013 - 12h36
(atualizado às 19h42)
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Os alunos de medicina ficaram 82 dias em greve para cobrar melhorias no curso
Os alunos de medicina ficaram 82 dias em greve para cobrar melhorias no curso
Foto: Divulgação

Estudantes de medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) encerraram esta semana a greve iniciada há 82 dias para cobrar melhorias na estrutura do curso. Sem conseguir avanços, os estudantes divulgaram nota pedindo o fechamento da unidade caso nenhuma medida urgente seja tomada pela direção da instituição. "Os alunos pedem que o curso seja fechado para evitar que outros estudantes entrem numa estrutura que não é compatível com o ensino da medicina", diz o documento, assinado por alunos do primeiro ao quarto ano.

Segundo os estudantes, a greve foi iniciada como forma de pressionar a reitoria e a prefeitura de São Carlos (SP) para garantir a contratação de preceptores - médicos que acompanham e orientam a prática profissional dos alunos. Apesar de ter sido aprovada uma lei municipal em abril prevendo a contratação dos profissionais, eles dizem que o modelo de contrato é "vexatório e precário". "O resultado é que quase nenhum médico da cidade de São Carlos aceita ser preceptor do curso de medicina da Ufscar porque esse emprego lhes paga R$ 21,48 por hora, ou aproximadamente R$ 19 com os descontos."

De acordo com a aluna Ana Clara Bortotti, representante do movimento estudantil, se nenhuma medida imediata for tomada, os alunos temem perder o ano acadêmico. "Acabamos com a greve porque esgotamos todas as possibilidades de encontrar uma solução para o problema, pela completa apatia das autoridades envolvidas. Agora retomamos, mas as aulas não estão garantidas", lamenta. Ela explica que 60% da carga horária do curso é composta pelas atividades práticas, que estão paralisadas devido à falta de preceptores. 

A estudante afirma que o movimento estudantil ainda reclama que o curso não conta com hospital-escola e que os prédios e laboratórios prometidos na instalação da unidade, há oito anos, ainda não foram entregues. Além de impedir a abertura de novas vagas, os alunos cobram que aqueles que já estudam na instituição possam ser realocados em outras universidades. "O que o Brasil não pode se dar ao luxo é de formar médicos de forma tão irresponsável, pois isso não está acontecendo apenas em São Carlos, mas no País todo. Saúde não é luxo", diz o documento.

Em entrevista ao Terra nesta tarde, o coordenador do curso, Bernardino Alves Souto, disse que não existe possibilidade de fechamento da unidade. No entanto, ele confirmou que a instituição enfrenta dificudades na contratação dos preceptores. Uma semana após o início das inscrições, apenas três profissionais se candidataram às 31 vagas.

"Estamos em contato com o Ministério da Educação, que sabe das nossas dificuldades. Caso as vagas não sejam preenchidas, vamos buscar outras formas, como dar bolsas aos professores para que façam esse trabalho, garantindo que as aulas práticas sejam retomadas".

"O que nós temos agora é a contratação dos preceptores para que eles (alunos) voltem às aulas. O que era um dos motivos da greve, inclusive. A prefeitura tinha que autorizar a abertura de um edital. Ela aprovou isso na câmara, nós abrimos o edital e agora estamos aguardando a contratação dos preceptores", diz o reitor da universidade, Targino de Araújo Filho.

"Aqui, nós sempre trabalhamos com os preceptores. O que acontece é que a nova prefeitura não queria que os preceptores, quando atendessem os alunos, diminuíssem o número de consultas. Depois que eles foram convencidos de que isso não era possível - e eles demoraram alguns meses para serem convencidos - eles submeteram isso à câmara e isso foi aprovado."

Fonte: Terra
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