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UFPE cria disciplina sobre bicicleta para 2º semestre de 2012

15 jul 2012 - 20h05
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A partir do próximo semestre, os alunos de graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) não vão precisar estudar apenas cálculo, física, automação industrial e mecânica. Caso queiram fugir um pouco das ciências exatas, será possível optar por Estudos da Bicicleta - disciplina que inova ao focar não só na parte de engenharia do veículo, mas também nos processos históricos e sociais de um meio de transporte cada vez mais presente nas ruas.

A nova matéria será eletiva, terá 30 horas de duração ao longo de seis meses e será dividida em três módulos: História da Tecnologia, Ciências do Ciclismo, e Cultura, Mercado e Política. A ideia é fugir um pouco da abordagem apenas prática de uma linha de montagem do produto e apontar problemas e soluções relacionados ao tráfego e à poluição para que os futuros engenheiros saibam como atuar no mercado. "É importante fazer a ligação entre tecnologia e cultura. O que parece impedir um uso maior do veículo é mais uma questão cultural, como não ter um bicicletário, chuveiro ou armário para os ciclistas. A disciplina vai juntar o que os alunos já têm de conhecimento mecânico e aplicar à bicicleta, para que possam, por meio da tecnologia, fazer o que a sociedade precisa", explica o professor de Engenharia Mecânica da UFPE e encarregado da nova disciplina, Fábio Magnani.

O lado mais social de veículos em duas rodas já era objeto de estudo do docente, na linha de pesquisa Estudos em Duas Rodas, que até então focava apenas em motocicletas nas relações de trabalho dos motoboys, riscos de acidentes e poluição gerada pelo seu uso. Agora, ele diz, há um novo contexto social no qual a bike se insere e que merece ser estudado. "Antigamente, as bicicletas eram utilizadas por pessoas ricas para manter status. Quando apareceram carros e motos, nosso trânsito foi todo modificado, e hoje temos estradas e ruas feitas apenas para quatro rodas. Nessa disciplina, vamos tentar fazer a ligação entre a bicicleta e o tráfego atual, falar por que as pessoas não querem mais usá-la e tentar contribuir para que os estudantes vão para as fábricas antenados", afirma Magnani.

Apesar de Estudos da Bicicleta fazer parte da graduação em Engenharia Mecânica, estudantes de outros cursos ou mesmo de fora da UFPE podem cursá-la. No entanto, há somente 30 vagas, e é necessário estar em uma graduação e fazer uma solicitação de matrícula isolada, além de já ter cursado as disciplinas de Dinâmica e Mecânica dos Fluídos ou possuir conhecimentos equivalentes.

Nova disciplina beneficia a sociedade, diz professor

Ensinar aos futuros engenheiros mecânicos sobre o impacto da bicicleta na sociedade vai fazer com que os produtos oferecidos sejam de melhor qualidade e mais adaptados à realidade local, afirma o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC-PR, Carlos Herdt. Como exemplo, ele cita que não adianta planejar uma bike com funções de última geração se a cidade na qual ela for usada for tomada por buracos que estraguem o aro do veículo.

Ele diz que, ao inserir a bicicleta no curso de Engenharia Mecânica, quem vai ser afetada diretamente é a sociedade. "Isso vai fazer com que a bicicleta entre na pauta de soluções para a mobilidade nas cidades e vai fazer com que o engenheiro, na hora de ser demandado a desenvolver um novo produto, tenha melhores condições de elaborá-lo, já que vai ter conhecimentos sobre o contexto dele", opina.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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