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Transexuais exigem poder usar saias em universidades tailandesas

20 fev 2013 - 10h13
(atualizado às 11h34)
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A revolução pela igualdade de gênero abre passagem nas universidades tailandesas pelas mãos de estudantes lésbicas e transexuais que exigem poder escolher entre calças ou saias como complemento do uniforme regular.

O embrião desta rebelião surgiu na Universidade de Thammasat, em Bangcoc, quando um grupo de estudantes transexuais com uma excelente trajetória acadêmica ameaçou boicotar a cerimônia de graduação se a junta reitora os obrigasse a subir no palanque para receber o diploma de licenciatura vestidos com o uniforme universitário masculino, ou seja, com calças pretas e blusa branca.

A solidariedade da quase totalidade dos alunos com o grupo de estudantes transexuais agravou o problema da universidade, que tinha organizado uma cerimônia de graduação com toda a pompa estabelecida pelo protocolo quando esta é presidida pelo herdeiro do trono, o príncipe Maha Vajiralongkorn, ou qualquer outro membro da família real tailandesa.

Não está claro se o centro universitário, considerado um dos melhores do país, entendeu que se tratava de um inegável direito dos estudantes transexuais ou se quis evitar um desprezo ao príncipe, que já tinha aberto espaço em sua agenda para participar da cerimônia.

De qualquer forma, a universidade solicitou uma autorização à Comissão de Ensino e ao Escritório da Casa Real para que aqueles jovens pudessem comparecer à cerimônia usando saia em vez de calças.

Após conceder permissão à universidade para dar liberdade aos seus estudantes de escolher entre um uniforme ou outro, as autoridades educativas se apressaram em afirmar que aquele era um caso especial e que não significava que seria aplicado automaticamente no resto dos centros universitários da Tailândia.

Com contundência, Pirom Kamolratanakul, reitor da universidade nacional de Chulalongkorn, garantiu que enquanto estivesse à frente desta instituição docente, considerada a de maior reputação, não permitiria aos estudantes inscritos no registro oficial como homens vestir saia e que o mesmo valeria para o caso das calças para aquelas alunas inscritas como mulheres. "Aqui se respeita a tradição", disse o reitor à imprensa local.

A obrigatoriedade do uso de uniforme específico nas universidades e escolas do país, seguindo o ditado estético das autoridades educativas, perdura desde a década de 1940 e foi introduzida pelo ditador da época, o marechal Plaek Pibulsonggram.

A normativa diz que o descumprimento da obrigação do uso do uniforme dentro do centro pode resultar em expulsão e inclusive impedir a admissão em outros centros do país.

O exemplo do ocorrido no último mês de agosto na Universidade de Thammasat serviu para difundir a ideia de luta pela igualdade de gênero entre as comunidades de pessoas transexuais e lésbicas de famílias tailandesas com recursos econômicos e a possibilidade de cursar estudos universitários em centros públicos e privados.

Dezenas de estudantes homossexuais da Universidade de Suan Sananda Rajabhat empreenderam nesta semana uma campanha de protestos com a finalidade de exigir igualdade de direitos para todos os gêneros.

As estudantes lésbicas desta universidade denunciam que no centro não são respeitados seus direitos básicos ao obrigá-las a comparecer às aulas vestidas com saia quando já têm o aspecto de homem, enquanto os transexuais têm autorização para escolher entre o uniforme masculino ou feminino.

"Eu só visto a saia após entrar na universidade e antes de sair coloco minhas calças. O que há de errado em vestir o uniforme de menino quando já pareço um menino?", questionou Jinda Pigulgaew, estudante do terceiro ano de magistério.

Na Tailândia, os transexuais são bastante visíveis na sociedade, tanto na mais cotidiana como na do espetáculo, embora seus direitos não sejam reconhecidos. Apesar de não ser permitido mudar de sexo legalmente, estima-se que centenas fazem isso a cada ano nas clínicas do país em que não é necessário completar antes os trâmites burocráticos exigidos em outras nações.

EFE   
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