Terapia com búfalos d'água ajuda crianças autistas na Tailândia
As crianças autistas apresentaram melhoras em sua sociabilidade e desenvolvimento de habilidades motoras graças a um projeto desenvolvido em um quartel militar na Tailândia, no qual montam búfalos d'água para participar de brincadeiras, além de desenhar e montar quebra-cabeças com os soldados.
Grupos de crianças autistas entre seis e 14 anos percorrem um circuito em um campo de jogo improvisado em uma área verde do quartel de artilharia de Lopburi, situado a aproximadamente 140 quilômetros de Bangcoc, capital do país.
Este tratamento é semelhante aos que utilizam cavalos ou elefantes, mas com a vantagem de que os búfalos são mais mansos, explicou à Agência Efe o general Boonthum Oris, comandante do quartel.
"Nós, tailandeses, domesticamos esses animais há muito tempo. Os elefantes são muito grandes e os cavalos muito velozes e difíceis de controlar, mas os búfalos são mais pacientes", garantiu o militar. "O objetivo é que as crianças melhorem a concentração, exercitem os músculos e percam o medo dos animais", disse Boonthum, que fundou o projeto em 2010.
Pelo menos dez crianças participam de cada sessão de tratamento. No total, 20 turmas são atendidas por soldados voluntários, monitores e uma enfermeira ou um médico do hospital de Lopburi, que também colabora com a iniciativa.
"O primeiro passo é a preparação: os tutores se familiarizam com as crianças para ver como elas reagem às instruções passadas por eles. Depois, elas se aproximam dos búfalos, alimentam os animais e até ajudam a dar banho neles antes de montar", contou o general tailandês.
Três soldados se encarregam de cada criança para evitar que caiam dos animais, que se movimentam lentamente por um circuito durante o qual os pequenos realizam atividades como bater em uma bola que fica presa a um mastro, acertar uma bola em uma cesta - como em uma reprodução em miniatura de basquete - e apertar pequenas buzinas.
"Um, dois e três", grita o monitor, enquanto Prem - o menino que é o mais velho entre as crianças atendidas pelo projeto - joga a bola e faz uma cesta. "Não tenho medo. É divertido", disse ele, no final do circuito, que estava acompanhado pela mãe.
Durante cerca de 50 minutos, seis búfalos percorrem as provas do circuito, e conforme as crianças avançam nos exercícios, se mostram mais confiantes e participativas. Elas também perdem o medo dos búfalos d'água - que podem medir 1,80 m de altura e pesar uma tonelada -, nome que se refere à preferência desses animais por áreas pantanosas e à facilidade que tem para movimentar os arados nos arrozais típicos dos países tropicais do Sudeste Asiático.
Após o exercício, as crianças fazem desenhos e montam quebra-cabeças com os soldados que, armados de paciência, garantem que elas finalizem as tarefas e permaneçam sentadas. "No começo são mais rebeldes e têm medo dos búfalos, mas com paciência se tranquilizam e, com o contato e os exercícios, melhoram sua capacidade de concentração e exercitam os músculos", contou a enfermeira Kwanrean Sutthisak.
"Tentamos também fazer com que comam sozinhos, se possível. Nem todas as crianças têm o mesmo grau de autismo, alguns podem inclusive encontrar trabalho quando crescerem", explicou a enfermeira tailandesa.
Por enquanto, o quartel militar de Lopburi é o único que realiza tratamentos com búfalos para crianças autistas, embora haja outros projetos no país que oferecem o mesmo tipo de terapia, mas com elefantes.