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RS: com parque tecnológico, Santa Maria tenta reter graduados

Cidade gaúcha é referência na exportação de mão de obra com alta escolaridade e tem o terceiro maior saldo negativo de diplomados

9 jan 2014 - 07h34
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Com pouco mais de 260 mil habitantes, a cidade de Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, é historicamente conhecida por acolher estudantes de fora, e o reflexo disso é sua grande população flutuante de universitários - cerca de 50 mil, segundo a professora de engenharia e coordenadora da incubadora tecnológica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Nilza Zampieri.

De acordo com a pesquisa Brasil em Desenvolvimento, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a microrregião é também referência na exportação de mão de obra com alta escolaridade para outras cidades do País. Parte do estudo revela que a cidade gaúcha tem o terceiro maior saldo negativo de diplomados, com 3.068 profissionais enviados para outras localidades, ficando atrás de São Paulo, com 30.849 e Rio de Janeiro, com 14.221. Entre 2005 e 2010, Santa Maria exportou 8.505 graduados e recebeu 5.435.

Para Nilza, o principal motivo é o fato de não haver vagas no mercado de trabalho da região para a maioria dos estudantes formados. No caso da UFSM, a professora explica que a própria criação da universidade foi pensada pela necessidade de abastecer o Estado. “Santa Maria exporta porque tem várias universidades e faculdades. Na UFSM, tem um contingente muito grande de formação de mentes brilhantes, mas não há muitas oportunidades para esses jovens permanecerem aqui. Eles se formam e vão embora. O papel da universidade é cumprido, mas para a cidade isso não é bom. A gente quer que essas mentes fiquem aqui. Estamos perdendo a chance de tentar fixar esses alunos.”

O Parque Tecnológico de Santa Maria, inaugurado no dia 12 de dezembro, é mais uma alternativa do município para reter talentos na cidade, através de recursos do governo federal. Em um prédio de propriedade da UFSM, a instituição comanda o parque como uma associação em parceria com 11 empresas já aprovadas por edital - e há previsão de mais cinco para o edital de janeiro. Segundo o reitor da UFSM, Felipe Martins Müller, a ideia é unir essas empresas já maduras no mercado e com capital para investir com o conhecimento gerado da universidade. “O parque permite uma sinergia, mantendo várias empresas no mesmo espaço, onde as soluções encontradas por uma podem servir para a outra. É um jogo que chamamos de ganha-ganha. Santa Maria já é forte na questão do conhecimento e do poder público. O que precisamos agora é a parte do capital dos empresários.”

Antes do parque, a UFSM já contava com outras duas iniciativas: a incubadora de base tecnológica e o polo de inovações tecnológicas e sociais. A primeira conta com mais de 100 pessoas, entre alunos e ex-alunos de mestrado e doutorado, que transformam ideias acadêmicas em planos de negócios, financiadas com bolsas de estudos por algumas empresas. A segunda é uma experiência intermediária entre a incubadora e o parque, cujos objetivos são agregar empresas ainda não tão maduras para o mercado e levar a tecnologia e o conhecimento gerados na universidade para comunidades carentes. Müller defende que deve existir interesse de empresários para capitalizar estes negócios: “Capitalizando, eles podem se estabelecer e se fixar na cidade, gerando emprego e renda e talvez modificando um pouco essa realidade de fuga da região.”

A professora Nilza destaca que as áreas de maior referência na UFSM são agronomia, medicina e engenharia. Nesta última, por exemplo, ela afirma que 80% dos alunos vêm de fora da cidade. Müller destaca que, na UFSM, há, declarados, 50% de alunos de fora de Santa Maria. "Além dos que vieram morar na cidade, pois eventualmente se consideram daqui”, observa.

Cursos com maior número de graduados

Segundo dados da UFSM, entre os cursos que mais formam estão aqueles destacados por Nilza como referência: medicina, que contabiliza 103 formandos em 2012 e, pelo menos, 47 em 2013 e agronomia, com 101 em 2012 e 46 no ano passado. Destacam-se também os cursos de medicina veterinária (89 em 2012, e 49 em 2013) e pedagogia na modalidade EAD (161 formados em 2012).

Os destinos desses jovens, segundo a professora, são diversos. “Onde tiver oportunidade eles vão. Uns voltam para sua cidade de origem, como no caso da região sul, mais pobre do Estado, outros para a fronteira ou para toda a região próxima da nossa universidade. Os locais de trabalho são tanto empresas nacionais quanto internacionais", conta.

Segundo o Ipea, as microrregiões do Brasil que mais importam mão de obra com ensino superior são Brasília e Curitiba, com saldos positivos de 17.330 e 12.512, respectivamente.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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