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R$ 3 mil por mês: escola de negócios aposta em bolsas para atrair alunos

1 jun 2013 - 12h19
(atualizado às 12h19)
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Rebeca Nicolas Pinheiro ao lado dos colegas e de Marcelo Nakagawa, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper (à esquerda)
Rebeca Nicolas Pinheiro ao lado dos colegas e de Marcelo Nakagawa, coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper (à esquerda)
Foto: Insper / Divulgação

Listadas entre as melhores escolas de negócios do mundo, segundo ranking do jornal britânico Financial Times, instituições brasileiras voltadas à formação de novos líderes, economistas, administradores e empreendedores também figuram entre os cursos mais caros do País. O custo da mensalidade chega a ultrapassar o valor de quatro salários mínimos. Apesar das altas cifras, estas escolas de ensino superior não se restringem às elites.

Com um padrão de estrutura internacional, inspirado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a graduação do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, de São Paulo, é uma das mais caras: as mensalidades ultrapassam os R$ 3 mil. Mas o instituto oferece bolsas de estudos e investe em uma nova cultura: o Fundo de Bolsas do Insper é formado, principalmente, por doações de ex-alunos e de empresas, seguindo uma prática comum entre os norte-americanos.

Segundo a gerente de relacionamento institucional e do fundo, Camila Du Plessis, a escola quer atender a todos os alunos independentemente da renda de suas famílias. "Quem quer estudar no Insper estuda no Insper. Temos esses benefícios das bolsas de estudo. Gostamos de dizer que o Insper significa inclusão", afirma. O grande problema, de acordo com ela, é que nem todos os alunos que precisam da bolsa passam no vestibular. "Não conseguimos atingir o número de bolsistas que gostaríamos porque nem todos são aprovados. De alguma forma, todos os que passam no vestibular são acomodados na escola, não deixam de estudar", garante.

Todas as bolsas são restituíveis de forma parcelada pelo aluno depois de formado, sem acréscimo de juros e com valores corrigidos anualmente pelo IPCA - o tempo para a quitação varia de acordo com a modalidade da bolsa. Além da restituição, há outras duas fontes de recursos para o fundo: transferência de 1% da receita da graduação, que representa a parcela de contribuição do próprio Insper; e doações de pessoas físicas e jurídicas. Camila comenta que dentro desses segmentos o que mais cresce é o de doações de ex-alunos. "Estamos criando uma cultura de doação voluntária de ex-alunos, não necessariamente bolsistas. Hoje, já são mais de cem ex-alunos que contribuem com o Fundo", conta. Estudantes que já estão no primeiro ano e percebem que não vão dar conta das mensalidades podem pedir bolsa também. O número de bolsas é definido pelo fluxo de caixa. Para este ano, ainda há nove bolsas para serem distribuídas.

O benefício é divido em duas modalidades: integral e parcial, que variam de 30% a 80% de concessão. Para as bolsas integrais, o aluno deve ter estudado em escola pública ou em escola particular com bolsa de estudo e ter renda familiar mensal bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita. Já para a concessão de bolsas parciais, o limite de renda sobe para oito salários mínimos per capita. Em cinco anos do programa, 127 bolsistas já se formaram. Atualmente 102 alunos cursam a graduação com bolsas de estudo, o que representa 6% do número total de alunos do Insper. A maioria - 89 alunos - com bolsas acima de 50%.

Bolsistas sonham em poder contribuir para o fundo

É o caso de Rebeca Nicolas Pinheiro, 21 anos, aluna do sexto semestre de Administração do Insper. Nascida em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, onde estudou até o terceiro ano do ensino médio, decidiu fazer administração mesmo sem condições de pagar a mensalidade. "Eu nem conhecia a faculdade, o interior tem pouco acesso a escolas de negócios inovadoras. Prestei vestibular com pedido de bolsa de estudos, e também fiz na USP e na Unicamp. Fui aprovada nas três, mas quando vim conhecer o Insper, tive certeza que abriria meu horizonte", conta.

Rebeca conta que teve dificuldades no início do curso, mesmo tendo cursado todo o nível fundamental e médio em escola particular, na qual também era bolsista. "Sempre fui boa aluna, com média 8 no mínimo. Quando entrei no Insper, minha primeira nota foi 0,25. Eu entrei em desespero, chorava o dia inteiro", relembra. Para ela, o diferencial da faculdade é o centro de apoio acadêmico que ajuda a desenvolver o método de estudo dos alunos. "Você tem que aprender a desenvolver a linha de raciocínio, estudar antes da aula. Foi um desafio, mas com certeza me proporcionou um aprendizado muito grande", afirma.

Rebeca, que ganhou bolsa integral, diz que o fato da bolsa ser reembolsável a deixou com medo pelo fato do valor ser muito alto para a renda que a família dela possui, apesar de não ter juros. "Agora consigo perceber o quanto a faculdade abre as portas para que eu faça o que eu quiser da minha carreira. Ela está me colocando em um patamar no qual eu vou conseguir pagar a bolsa e ainda contribuir para o fundo. A faculdade muda esse horizonte de onde eu quero chegar e onde eu quero ser", expõe.

Nas demais escolas de negócios brasileiras as mensalidades são menores. Na Fundação Getúlio Vargas (FGV), ficam em torno de R$ 2,6 mil. No IBMEC, no Rio de Janeiro, as mensalidades da graduação em administração são de R$ 2,4 mil. Em ambas, também há possibilidade de bolsas - na FGV, há uma modalidade de bolsa integral sem a exigência de restituição. Outra instituição presente no ranking do Financial Times é a Fundação Dom Cabral. Entretanto, a instituição oferece somente cursos de pós-graduação e MBA, que custam de R$ 9,9 mil a R$ 31 mil.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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