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PR: 2 mil vão às ruas de Curitiba contra 'importação' de médicos

Os profissionais disseram que os médicos estrangeiros precisam passar pela prova de revalidação; governo é contra

3 jul 2013 - 14h04
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Os médicos de Curitiba criticaram a vinda de estrangeiros, principalmente pela dificuldade com o idioma
Os médicos de Curitiba criticaram a vinda de estrangeiros, principalmente pela dificuldade com o idioma
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra

O anúncio da presidente Dilma Rousseff da intenção do governo federal em contratar médicos formados no exterior, levou às ruas de Curitiba (PR) mais de 2 mil médicos e estudantes na manhã desta quarta-feira. Eles protestaram contra a "importação" de médicos sem a necessidade de revalidação dos diplomas e por mais estrutura e investimentos na saúde pública. Os profissionais percorreram o calçadão da rua 15 de Novembro, entre a Boca Maldita e as escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Outras nove cidades do Estado também organizaram manifestações.

"Não somos contra a vinda de médicos estrangeiros para o País. O Brasil está sempre aberto para esses profissionais. Mas é necessário que eles passem por uma prova de revalidação do diploma, para comprovar a capacidade teórica e prática para o exercício da medicina em nosso País", disse o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná, Alexandre Bley. "É um risco à população, colocar médicos sem a competência comprovada e, até, sem domínio da língua portuguesa para atender justamente os pacientes das cidades mais remotas", acrescentou.

Apesar de existirem, no Paraná, 75 municípios sem nenhum médico domiciliado e outros 59 com apenas um médico, as entidades de classe da medicina contestam o argumento de que faltam médicos no Brasil. "Temos 200 escolas médicas e formamos 17 mil médicos por ano. Nossa proporção de dois médicos para cada mil habitantes é semelhante a de países da América do Norte, e do Japão, e está crescendo. O que falta é estrutura e investimento para que esses médicos possam atuar nessas cidades mais distantes", disse o presidente da Associação Médica do Paraná, João Carlos Baracho.

"Essas cidades onde não há médicos são, justamente, onde não há qualquer equipamento de saúde. Não se faz mais medicina apenas com o estetoscópio e um aparelho de pressão. O médico precisa de uma estrutura mínima de diagnóstico e tratamento", disse. O presidente da AMP defendeu, ainda a criação de uma carreira de Estado para a melhor redistribuição dos médicos. "Com estrutura adequada e uma carreira de estado, semelhante à da magistratura e do Ministério Público, por exemplo, teremos vínculo verdadeiro e interesse do médico em atuar no Sistema Único de Saúde".

Os manifestantes reivindicavam, ainda, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em saúde pública, como previa a PEC 37, que teve esse artigo vetado pela presidente Dilma. "O que falta no nosso País é investimento em saúde. Se formos agora, a qualquer pronto-socorro do Brasil encontraremos um cidadão esperando por atendimento há mais de 24 horas. E não por falta de médico, mas por falta de leito, de condições de trabalho", disse o vice-presidente Sul da Associação Médica Brasileira, José Fernando Macedo. "Nosso movimento não é corporativista, é em defesa da qualidade de atendimento. Pode vir médicos de qualquer lugar do mundo e não terão condições de atender", reforçou.

"Hoje qualquer médico formado fora do Brasil pode vir atender aqui, desde que passe por uma prova de revalidação, mas 90% dos que tentam, não passam. São esses médicos que poderão atender aqui agora. Quero saber de quem será a responsabilidade civil pela vida dos pacientes que serão submetidos a esses profissionais?", questionou.

Fonte: Terra
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