OAB: professores criticam prova e pedem anulação de questões
Especialistas dizem que enunciados foram mal elaborados e dizem que a prova foi longa e cansativa, o que deve aumentar o percentual de reprovação
Com índices de reprovação que já atingiram até 90% dos candidatos em edições anteriores, a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) virou pesadelo para muitos estudantes e bacharéis em direito. Na última edição da prova, que teve a primeira fase aplicada no domingo, além das dificuldades normais para o exame, candidatos reclamaram de perguntas mal elaboradas e respostas confusas. A impressão é embasada pela opinião de professores de cursinhos preparatórios, que defendem a anulação de pelo menos seis das 80 questões objetivas.
"O principal problema foi a falta de cuidado na elaboração da prova. Tivemos enunciados faltando informações fundamentais, enunciados contraditórios, respostas incorretas", disse o professor de direito civil e do consumidor da rede LFG, João Aguirre. Na opinião dele, até nove questões poderiam ser anuladas por erros e inconsistências nos enunciados.
O professor Darlan Barroso, diretor pedagógico dos cursos preparatórios do Damásio Educacional, concorda com as falhas, mas defende que os erros mais graves foram verificados em seis questões: 47 (direito do consumidor, da prova verde), 50 (empresarial), 60 (penal), 65, 66 e 67 (processo penal). "Apesar dos problemas graves, a OAB não tem o histórico de anular tantas questões, acredito que serão no máximo três anulações", ponderou.
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Os dois especialistas concordam que os erros prejudicam os candidatos. "O que nós percebemos é que a FGV (Fundação Getulio Vargas, responsável pela prova) não está medindo o conhecimento básico para um advogado, e sim está criando obstáculos para a aprovação", criticou Aguirre. Segundo ele, outro problema verificado nesta edição foi o tamanho dos enunciados, o que deixou a prova longa e cansativa.
Na avaliação de Darlan Barroso, a dificuldade da prova deve gerar um alto índice de reprovação na primeira fase. "Na última edição, tínhamos fila (no cursinho) de pessoas querendo fazer a matrícula para o preparatório para a segunda fase. Agora a procura está mais baixa", disse ao afirmar que isso reflete o baixo desempenho dos estudantes no exame.
Os professores aconselham os estudantes a entrar com recurso contra os resultados após a divulgação do resultado preliminar, que será feita no dia 28 de agosto. O prazo vai até o dia 31. Para quem acertou pouco menos 40 questões (o limite para ser aprovado para a segunda fase), eles indicam continuar os estudos para a próxima etapa, já que algumas questões podem ser anuladas.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) não comenta as críticas à prova e recomenda que os candidatos ingressem com recursos no prazo previsto no edital.
Exame | Inscritos | Aprovados | Taxa de aprovação | Questões anuladas |
5º | 108.355 | 50.624 | 46,72% | 1 |
6º | 101.246 | 36.566 | 36,16% | 2 |
7º | 111.909 | 32.137 | 28,72% | 3 |
8º | 117.852 | 51.278 | 43,51% | 0 |
9º | 118.537 | 19.134 | 16,14% | 3 |
10º | 124.887 | 67.441 | 54,00% | 0 |