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RS: alunos desenvolvem propostas de cidadania para Porto Alegre

4 dez 2012 - 08h42
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Como aplicar na vida cotidiana a teoria trabalhada diariamente em sala de aula? Há cerca de dois meses, o Colégio Farroupilha, de Porto Alegre (RS), resolveu fazer essa pergunta aos alunos do Ensino Médio. A resposta foi rápida, numerosa, positiva e já está sendo disseminada por toda a capital gaúcha sob a forma de ações de cidadania propostas pelos estudantes em uma oficina realizada no dia 28 de setembro no auditório do colégio. O evento foi promovido em parceria com o coletivo Shoot The Shit, que desenvolve projetos abertos de soluções criativas para a cidade, e integra o Movimento #daescolapravida, campanha institucional do colégio que aposta que a verdadeira educação não se resume a boas notas e aprovação em vestibulares, mas a tomar os ensinamentos da escola como guias para o dia a dia.

Antes de se estender para além dos muros, a prática do que se aprende em sala de aula deve estar presente no convívio na instituição, como destaca Marícia Ferri, diretora pedagógica do colégio. "Não adianta pensar só nos projetos para a cidade se não fizermos o aluno refletir sobre as ações dele dentro da escola. É o lugar para isso, para formar cidadãos críticos que tenham fundamentação nos seus argumentos", explica. O Farroupilha entrou em contato com a equipe do Shoot The Shit para dar um contorno dinâmico à ideia. Foram agendadas duas palestras com os publicitários em horário regular para apresentar o trabalho do coletivo e convidar os estudantes a participar da oficina. A grata surpresa foi a inscrição de mais de 120 alunos para o evento, que aconteceu em uma sexta-feira à tarde, turno contrário às aulas do ensino médio no colégio.

Os adolescentes foram divididos em grupos para uma rodada de conhecimentos entre os integrantes e então deram início ao brainstorming, sugerindo propostas de melhorias para problemas vivenciados por eles em Porto Alegre. No debate coletivo, nove ideias foram selecionadas para a votação aberta no site do colégio, que elegeria o melhor projeto para ser implementado na cidade com recursos da instituição. A repercussão do evento entre os alunos e o público levou a escola a abraçar as três ideias mais populares: a vencedora "Calma, Lixo no Lixo", que recebeu 70% dos 2,75 mil votos computados até o dia 22 de outubro; "Suba Aqui", que visa a facilitar o deslocamento de pessoas com deficiência e ciclistas; e o "Bonde do Sorriso", para chamar a atenção dos passageiros do transporte público para a prática da gentileza. As duas melhores colocadas já estão em andamento, e o "Bonde do Sorriso" deve ser implementado em janeiro.

A interação com os estudantes, outro importante objetivo da campanha, permeou todas as fases da iniciativa e permanece ativa por meio de um grupo no Facebook no qual professores, alunos, funcionários, membros do Shoot The Shit e demais envolvidos discutem novas ideias e o andamento dos projetos. "É importante tentar dialogar com essa juventude, porque eles têm muito a nos ensinar também", afirma Marícia. O resultado da oficina deu origem a um manifesto em vídeo, que incluiu sugestões dos estudantes e contou com a participação de alguns deles. A produção foi exibida na TV e em salas de cinema, além de estar disponível na internet.

Projeto deve ser formatado em escolas públicas

Depois das palestras e da oficina, o Shoot The Shit vai agora acompanhar os estudantes no cumprimento da última etapa da ação. "Nós só vamos ser os mentores, dar direcionamento, mas quem bota a mão na massa são os alunos", conta o publicitário Luciano Braga, membro do coletivo. A experiência também ajudou a formatar outro projeto que o grupo pretende desenvolver nos mesmos moldes junto a escolas públicas na cidade. Ainda em fase inicial, a iniciativa deve ser financiada via crowdfunding e implementada no ano que vem. Braga acrescenta que os encontros tiveram um bom retorno por superarem as expectativas dos estudantes em relação às palestras e romperem com a rotina deles na instituição.

A opinião é compartilhada por Raphael Zimmermann, 19 anos. O estudante do 3° ano do ensino médio da escola conta que procurou mais informações sobre as intervenções do coletivo no mesmo dia ao chegar em casa e acredita que o caráter intuitivo das palestras foi responsável por atrair tantos interessados. "O papo deles era bem jovem, inovador, levando as coisas na esportiva sem deixar a seriedade de lado. As soluções deles para os problemas também eram muito legais", comenta. Raphael, cujo grupo propôs a ideia vencedora da votação, espera agora que o Shoot The Shit colabore para que os projetos deem certo. "Se tivesse a mesma repercussão que os projetos deles, ia ser bastante interessante, fora a gratificação para os grupos que desenvolveram e para o colégio também, porque mostraria a consciência que ele passa para os alunos", observa.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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