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Professor: nem sempre sair do País para estudar é a melhor opção

26 jul 2012 - 12h28
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O sonho de seguir os estudos no exterior está cada vez mais ao alcance de profissionais brasileiros. Anúncios recentes do governo federal, como o Ciência Sem Fronteiras e um acordo com a China, garantem pelo menos 50 mil bolsas de pós-graduação fora do País. Contudo, antes de se jogar na oportunidade de uma experiência do outro lado do oceano, o aluno deve pesar as qualidades do ensino oferecido na sua área de pesquisa.

"Atualmente, todos os nossos alunos de pós-graduação que querem estudar no exterior conseguem vagas. Não faltam bolsas", garante o professor Walkimar Carneiro, coordenador de pós-graduação da pró-reitoria de pesquisa, pós-graduação e inovação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Mas apesar da grande oferta de vagas, nem sempre sair do País para cursar um mestrado ou doutorado é a melhor a alternativa, diz.

Segundo Carneiro, por serem de duração mais curta, os mestrados podem ser melhor aproveitados se cursados em uma instituição nacional. "São apenas dois anos, em que o aluno tem de cumprir um ano de créditos obrigatórios e tem mais outro para pensar no trabalho de conclusão e redigi-lo. Tirando casos de colaboração intensa entre os grupos de pesquisa brasileiros e estrangeiros, não vale a pena para o aluno, que vai precisar de um tempo mínimo para se adaptar com as condições do país de destino. De uma forma geral, é mais difícil que haja uma contribuição positiva para a formação do estudante", opina.

Nos casos de doutorado sanduíche (estágio de um ano em uma instituição estrangeira) ou doutorado pleno, vale a pena ir para o exterior se o destino é um centro de pesquisa de ponta. "Neste caso, o aproveitamento será total", comenta o professor da UFF. É preciso considerar ainda o objeto de estudo do pesquisador. Se for a mata atlântica ou um animal típico brasileiro, por exemplo, o estudante deve repensar a saída do País. "Isso geralmente ocorre em áreas como as geociências, enquanto as ciências exatas costumam lidar com temas mais transnacionais, que podem ser estudados em diferentes partes do mundo", destaca.

O professor da faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Romualdo Portela de Oliveira faz coro a Carneiro, e recomenda ao aluno comparar a instituição de ensino brasileira com a estrangeira em que ele pretende cursar a pós-graduação. "O Brasil é o maior produtor de medicina tropical do mundo, não tem por que fazer um doutorado nessa área fora daqui. É importante estudar no exterior se a instituição estrangeira tiver um maior padrão de ensino e pesquisa. O pós-graduando tem que se perguntar, nesse caso, se no Brasil tem coisa melhor do que fora do país na sua área. Só tem sentido se essa experiência for alargar a sua capacidade de pesquisa", destaca Oliveira.

Má qualidade do curso pode comprometer revalidação

Outra importante questão sobre os cursos de pós-graduação no exterior diz respeito à revalidação do título de doutorado pleno em uma instituição estrangeira no Brasil. O processo é feito diretamente por qualquer instituição de ensino do País e, apesar das formas de avaliação - como provas e entrevistas com os estudantes - variarem entre cada universidade e áreas de ensino, o critério de aprovação diz respeito ao trabalho e à qualidade da instituição onde o curso foi realizado.

"O que interessa é se o trabalho foi compatível com as teses desenvolvidas pela universidade avaliadora e se o padrão de qualidade do trabalho e da instituição estrangeira são similares aos da nacional. De uma forma geral, o número de revalidações negadas é muito baixo, já que os pedidos para doutorado pleno autorizados pelos avaliadores das agências de fomento são para instituições de ponta", destaca o professor da Faculdade de Educação da USP.

Carneiro afirma que o risco de negação pode ser evitado pelos estudantes a partir de consultas junto aos departamentos de sua universidade responsáveis por intermediar a concessão da bolsa aos alunos. "O estudante deve pesquisar o reconhecimento desta instituição junto com as diretorias de relações internacionais, por exemplo, que sabem fazer a recomendação adequada", aconselha o professor da UFF.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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