Cremesp: 63% dos alunos de medicina consideram curso pouco exigente
O perfil do estudante de medicina no Estado de São Paulo mostra, em sua maioria, pessoas originárias de famílias com nível universitário, passagem por colégios particulares e renda elevada, conforme dados do Conselho Regional de Medicina (Cremesp) divulgados nesta terça-feira. Essas características não condizem com o baixo rendimento apresentado nas faculdades, afirma o Cremesp, que anunciou também hoje a realização de uma prova ao fim da graduação para obtenção do registro profissional de médico no Estado.
Segundo o conselho, a discrepância entre o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes e o baixo resultado do exame do Cremesp (que até agora não era obrigatório) indica que possa haver falhas no ensino médio e nos cursos de graduação. Essa possibilidade, avalia o conselho, é reforçada por mais um dado da pesquisa: 63% dos alunos consideram que o curso de medicina deveria ter exigido mais dos estudantes. Os exames opcionais realizados nos últimos sete anos indicam que quase 50% dos graduandos saem das escolas despreparados, sem as mínimas condições de exercer a medicina.
Veja o perfil dos recém-formados, segundo o Cremesp:
49% têm até 24 anos; 45% têm entre 25 a 29 anos;
51% são mulheres e 49% são homens;
77% têm pai e 65% têm mãe com escolaridade superior;
40% vêm de família que tem pai ou irmão médico;
85% cursaram o ensino médio em escola particular;
37% fizeram curso preparatório para o vestibular por um período de 1 a 2 anos;
82% leem, escrevem e falam o idioma inglês;
30% têm renda familiar acima de 30 salários mínimos; 22% entre 21 e 30 salários; e 27% entre 11 e 20 salários;
73% não exercem ou exerceram profissão remunerada, sendo que seus gastos são financiados pela família;
87% se consideram brancos; 9%, amarelos de origem asiática; 3%, pardos; e 1% negros;
55% moram com os pais ou parentes; 21% vivem com amigos e 16% moram sozinhos;
67% frequentemente ouvem música;
31% vão frequentemente ao cinema e 50% às vezes vão ao cinema;
61% raramente vão ao teatro; 55% raramente vão a shows, musicais, danças;
50% leem com frequência; 26% leem jornais, impressos ou digitais, com frequência; 54% o fazem de vez em quando; 31% leem revistas, impressas ou digitais, frequentemente; 52% leem de vez em quando;
50% frequentemente praticam esporte ou caminham;
63% avaliam que o curso de Medicina deveria ter exigido mais durante a graduação.