Observadores de Aves querem nova disciplina nas escolas
26 jun2012 - 20h56
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A observação de aves pode se tornar conteúdo curricular nas escolas públicas de todo o País. É o que pretende a Associação Brasileira de Observadores de Aves (ABOA), fundada no ano passado. Sem fins lucrativos, a entidade surgiu com o objetivo de representar e integrar pessoas, grupos e instituições interessados em observar e proteger aves silvestres em seu ambiente natural.
"A conservação e proteção das aves, está diretamente relacionada à conservação e proteção dos ambientes habitados por elas e a principal ferramenta para preservação ambiental sempre foi e continuará sendo a educação ambiental", justifica Sandro Von Matter, biólogo especializado em aves e um dos idealizadores da ABOA. Como iniciativa para educação ambiental, a entidade está submetendo um projeto de inclusão de conteúdo específico sobre observação de aves na rede de ensino público do País à apreciação do presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. Paralelamente, encaminha um projeto de lei, com o mesmo objetivo, à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara.
A proposta da Associação Brasileira de Aves é que se inclua uma disciplina inicialmente no Ensino Fundamental e, depois, no Ensino Médio para a observação de aves. As aulas seriam práticas e teóricas e ministradas por professores de ciências. "Estamos cientes das dificuldades relacionadas a flexibilização da grade curricular de ensino atual, mas a observação de aves, dentro de um contexto internacional, caminha para se tornar a principal atividade que alia inclusão social a desenvolvimento sustentável", afirma Von Matter.
Entre outras propostas da instituição, está a popularização da prática por meio da abertura de escritórios regionais em todos os Estados brasileiros, além da disponibilização gratuita de cursos de formação de guias de observadores de aves em comunidades carentes localizadas próximas ou dentro de áreas de preservação ambiental, como forma de inclusão social.
Von Matter vê a observação de aves como algo que proporciona crescimento econômico. "A observação de aves é uma atividade que representa muito mais que um hobby popular em todo o mundo, é uma atividade que pode apresentar significativas oportunidades econômicas para os países através do turismo sustentável", diz. A promoção desse tipo turismo está entre os objetivos previstos no estatuto da ABOA, assim como a defesa dos interesses dos observadores, realizada através do apoio aos Clubes de Observadores de Aves, grupos que se reúnem periodicamente para discutir questões relacionadas à preservação, ecologia e biologia da vida das aves.
A ABOA reúne membros de diversas regiões do país e todos podem propor projetos. Não há nenhuma restrição para tornar-se sócio, basta preencher o formulário no site. A associação é gratuita, o único requisito, de acordo com Von Matter, é o amor pelas aves e pelo meio ambiente.
Sem casacos, cobertores, aquecedores ou lareiras, nos períodos mais frios do ano, os animais têm diferentes maneiras de proteger o corpo das baixas temperaturas
Foto: Getty Images
As aves e os mamíferos produzem calor a partir de seu próprio metabolismo, além de terem pelos e penas, que funcionam como bons isolantes térmicos. Também há bichos que passam o inverno congelados e outros que acumulam gordura como uma espécie de cobertor natural. Conheça diferentes maneiras de manter animais protegidos do frio
Foto: Getty Images
Como arrepiar as penas protege o pica-pau do frio?Quando faz muito frio durante a noite, os pica-paus arrepiam todas as suas penas, criando uma camada de isolamento térmico. Isso acontece porque, entre as penas, formam-se bolsões de ar que envolvem o corpo do animal. Por não entrar em contato com o ambiente, o ar permanece aquecido
Foto: Getty Images
Os pica-paus também costumam girar o pescoço para colocar o bico debaixo de uma das asas, protegendo a cabeça do frio e respirando o ar quentinho que está preso entre as penas. Esses animais, dependendo da espécie, podem viver solitários, em pequenos bandos ou em casais e se alimentam basicamente de insetos
Foto: Getty Images
Congelar-se pode ser a saída do sapo?Alguns sapos que vivem no centro e no norte dos Estados Unidos fazem parte do grupo das pseudacris - animais que, em regiões muito frias, passam o inverno congelados. As pseudacris liberam substâncias no sangue, semelhantes à glicose, que impedem que o gelo forme pontas cortantes que possam feri-las. Elas têm ainda mecanismos bioquímicos para se proteger da morte das células, explica o professor Reuber Brandão, da Universidade de Brasíli (UnB)
Foto: Pierre Fidenci / Divulgação
Enquanto estão congeladas, as pseudacris permanecem em estado de torpor, semelhante à hibernação. Quando a temperatura volta a subir, elas descongelam e acordam. No Brasil, as espécies de sapos acumulam gordura nos períodos mais quentes e, no inverno, ficam em lugares mais abrigados, como cascas de árvores, ou se enterram, entrando em estado de torpor sem congelar
Foto: Pierre Fidenci / Divulgação
Onde dormem os beija-flores no inverno?Durante o inverno, os beija-flores procuram um galho para pousar e passar a noite, quando entram em estado de torpor. Segundo o professor de zoologia da Universidade de Brasília (UnB) Miguel Ângelo Marini, essa é a resposta fisiológica que permite a essas aves sobreviver à ausência de alimentos e à baixa temperatura, diminuindo seu metabolismo e batimentos cardíacos
Foto: Getty Images
Ao amanhecer, os beija-flores ficam bastante ativos, procurando alimentos - basicamente, néctar das flores - enquanto houver sol
Foto: Getty Images
Por quanto tempo o urso hiberna?Os ursos são animais famosos pelo hábito da hibernação, estado em que permanecem pelos três meses do inverno. Eles vivem em ambientes em que o frio é rigoroso, como no Círculo Polar Ártico. Quando o dia começa a ficar curto em relação à noite, os ursos liberam hormônios que determinam o comportamento de comer e hibernar
Foto: Barcroft Media / Getty Images
Então, eles procuram alimento desesperadamente, pois nos próximos meses ficarão sem comer. Depois, acham um abrigo, encolhem-se e o metabolismo baixa. O ritmo cardíaco, que normalmente é de 70 a 100 batimentos por minutos, cai para 5. A temperatura, que ficava em torno de 37ºC, vai para 15ºC ou menos. Quando muda a relação entre o tempo do dia, o processo se inverte. O animal acorda e precisa usar o que restou em suas reservas de gordura e de energia para buscar comida de novo
Foto: Getty Images
Borboletas também migram para fugir do frio?Sim. Não são apenas as aves que têm o hábito de migrar para regiões mais quentes no inverno. As borboletas monarcas, que vivem no norte dos Estados Unidos e no sul do Canadá a maior parte do ano, migram para o México quando começa a esfriar, procurando um bom lugar para sobreviver
Foto: Getty Images
Esse processo é feito em bandos formados por milhares de borboletas, que podem voar cerca de 3 mil km. Elas encontram no México um lugar com temperatura adequada, onde podem viver normalmente. Lá, se reproduzem e encontram néctar, seu principal alimento. Passado o inverno, retornam à sua terra natal
Foto: Getty Images
Insetos também hibernam?As joaninhas que vivem nos Estados Unidos hibernam em grupos durante o inverno, imóveis e protegidas debaixo de folhas. Elas têm um sistema que impede o congelamento de suas células, adaptação que possibilita que vivam em uma região em que há neve e geadas. Se a água que fica dentro da célula congelasse, o aumento de volume na transformação do líquido para o gelo causaria o seu rompimento, levando o inseto à morte
Foto: Getty Images
De acordo com Kiniti Kitayama, professor aposentado de entomologia da UnB, a joaninha é um grande predador de pulgões, inseto que também passa o inverno hibernando
Foto: Getty Images
Como o lagarto teiú se protege do frio?Diferentemente dos mamíferos e das aves - homeotermos, que mantêm a temperatura relativamente constante devido à atividade metabólica -, os répteis necessitam do calor do ambiente para se aquecer, geralmente do sol.Nas regiões mais ao sul do País, onde é mais frio, o lagarto teiú passa o inverno em um processo de dormência, com queda da temperatura corpórea
Foto: Leoadec / Divulgação
De acordo com Ricardo A. Guerra Fuentes, doutor em zoologia do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), eles procuram um abrigo e se resguardam por cerca de três meses, normalmente embaixo de galhos ou pedras. São animais onívoros, ou seja, comem de tudo, de frutas a animais menores
Foto: Leoadec / Divulgação
A gordura da baleia ajuda a protegê-la do frio?A gordura corporal é a principal proteção da baleia às baixas temperaturas, funcionando como um retentor de calor. Com cerca de 40 cm de espessura, a gordura funciona como um cobertor e mantém o corpo do animal entre 37ºC e 38ºC mesmo em águas a 2ºC
Foto: Getty Images
As baleias aproveitam o verão no Hemisfério Sul para se alimentar no Oceano Antártico, acumulando gordura para poder voltar para a região tropical, onde ficam sem alimento durante todo o período de reprodução
Foto: Getty Images
Que animais se escondem em buracos?Esquilos e pequenos roedores são animais sensíveis a baixas temperaturas, pois seu corpo tem pouca massa em relação ao tamanho da região que fica exposta, realizando muitas trocas de calor. Para se proteger do frio, eles se escondem em buracos que ficam aquecidos com seu próprio calor. Outras espécies de roedores, que não têm habilidades para cavar, utilizam tocas abandonadas por outros animais ou galhos ocos
Foto: The Grosby Group
Tanto a madeira quanto a terra coberta por folhas são excelentes isolantes térmicos, mantendo temperatura constante, segundo Jader Marinho Filho, professor do departamento de zoologia da Universidade de Brasília. Os roedores têm uma dieta rica em gorduras e óleos vegetais, alimentos altamente energéticos, e podem ser encontrados em todo o Sudeste e Sul brasileiros
Foto: Getty Images
Algum animal hiberna em grupo?As cascavéis procuram abrigo em lugares em que haja pouca perda de calor, como buracos na terra, e hibernam em grupos. Como os demais répteis, a cobra precisa de uma fonte de energia externa para atingir uma temperatura mínima em que possa realizar suas atividades metabólicas
Foto: H. Krisp / Divulgação
Na medida em que temperatura cai, elas encontram maiores dificuldades para comer e se reproduzir. As cascavéis podem ser encontradas em quase toda a América e têm os ratos como base de sua alimentação