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Olimpíadas educacionais: organizadores pedem mais apoio

Olimpíadas educacionais: organizadores pedem mais apoio

10 mai 2012 - 17h32
(atualizado às 17h41)
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Com o maior destaque internacional da produção científica brasileira, cresce também o número de olimpíadas educacionais realizadas no País em diversas áreas do conhecimento. Cada vez mais esses eventos despertam interesse de estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior. Estimulados a se dedicarem aos estudos não apenas para buscar a aprovação, os alunos descobriram nesse tipo de competição uma forma de conseguir ingressar em uma universidade de renome. Contudo, os organizadores ainda reclamam falta de apoio, especialmente financeiro.

Jovens "gênios" da matemática participam da Olimpíada Internacional, em Amsterdã
Jovens "gênios" da matemática participam da Olimpíada Internacional, em Amsterdã
Foto: AFP

Segundo Rubens Oda, coordenador nacional da Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), por envolverem milhares de participantes, os custos com certificados, elaboração de provas e custeio de passagens internacionais é muito grande. "Recebemos apoio da iniciativa privada, especialmente para a compra das passagens, e também somos ajudados por universidades e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mas enfrentamos dificuldades. Não existe nenhum apoio ou regulamentação formal por parte de órgãos públicos. O CNPq tem um edital direcionado para o fomento de olimpíadas educacionais, sendo esse dinheiro distribuído principalmente para as competições voltadas apenas para o ensino público", diz, destacando que eventos como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) acabam recebendo a maior parte das verbas.

Assim como a OBB, que surgiu em 2005 a partir da iniciativa da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), a maioria das competições educacionais brasileiras não é organizada ou regulada pelo governo federal. Ainda assim contam com o apoio do Ministério da Educação (MEC) e do CNPq, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Em muitos casos, é esse apoio que garante a realização das competições.

"A partir de 1998, tivemos um grande apoio do MCT e, mais tarde, do MEC, especialmente após a criação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), em 2005, que nasceu a partir da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), com apoio do ministério. O subsídio governamental é muito importante. Sem ele você não vai para frente. Nos últimos anos, esse apoio aumentou, o governo se deu conta que eventos como as olimpíadas devem ser incentivados. Há uma melhoria nesse sentido: é um avanço ainda pequeno, mas significativo", destaca Nelly Carvajal, secretária executiva da OBM.

Olimpíadas como incentivo aos estudos

Quando tinha cerca de 11 anos, Daniel Rocha passou a acompanhar o pai, Fernando, enquanto este fazia um curso de aperfeiçoamento para professores de ensino médio no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), no Rio de Janeiro. Além de assistir às aulas, o menino passou a resolver com facilidade os exercícios propostos pelos professores. Impressionado com o desempenho do menino, um dos docentes sugeriu que ele participasse de uma olimpíada estadual. A partir de então, o garoto passou a frequentar mais aulas no IMPA e a participar de outras competições científicas nacionais, vencendo diversas, entre elas as olimpíadas brasileiras de física e de matemática em 2011.

"As olimpíadas foram feitas para estimular os alunos a estudar e também para divulgar novos talentos", opina Daniel, hoje com 14 anos. Cursando o 1º ano do ensino médio, ele frequenta as aulas do curso de mestrado do IMPA, além de participar da fase nacional do Torneio Internacional de Jovens Físicos (IYPT), competição que seleciona a equipe brasileira que participará da etapa internacional do evento, que ocorrerá em julho na cidade alemã de Bad Saulgau com jovens de mais de 25 países.

Mais do que o sentimento de vencer uma competição e a possibilidade de levar medalhas para casa, Daniel destaca o intercâmbio com estudantes de diversos lugares e o estímulo ao estudo como pontos positivos. "Os vencedores viajam para a semana olímpica, e aí você acaba conhecendo pessoas que têm os mesmos interesses que você, que gostam de estudar matemática e física também", ressalta.

"Algumas pessoas não concordam com as olimpíadas educacionais, pois acreditam que elas apenas promovem a competição. Mas apenas quem participa delas sabe o que elas representam. Os estudantes vão se tornar multiplicadores de conhecimento, e esses eventos são oportunidades de despertar o gosto pelo estudo nos alunos, para eles se dedicarem mais e terem a oportunidade também de ingressarem em universidades de renome no Brasil e no Exterior. Muitas vezes, a sociedade não dá valor àqueles que se dedicam, e esses estudantes acabam sendo modelos positivos, mostrando que o caminho da educação pode ser muito prazeroso e recompensador", salienta Oda.

Com preferência pelas ciências exatas, especialmente matemática e física, o adolescente pensa em seguir os estudos na faculdade em uma das duas áreas, no Brasil ou no exterior, e cursar a pós-graduação também no IMPA.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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