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BA: sem salários, professores fazem 'feirão da sobrevivência'

3 mai 2012 - 17h15
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Lucas Esteves
Direto de Salvador

Professores da rede estadual de ensino da Bahia, que estão em greve desde o último dia 11 de abril, se reuniram na manhã desta quinta-feira na praça da Piedade, em Salvador, e fizeram um protesto. Eles realizaram o "feirão da sobrevivência" e venderam vários produtos, de frutas e verduras a bolos e roupas, para arrecadar dinheiro e ajudar os colegas que tiveram o ponto cortado pelo governo do Estado e não receberam salário este mês.

O feirão teve início às 9h e, segundo a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia(APLB Sindicato), Marilene Betros, nas prateleiras havia tomates, cebolas, temperos verdes, frutas, milho, raízes, bolos, bebidas, bijuterias, roupas e vários outros produtos a venda por preços simbólicos. O que foi vendido chegou ao local doado por comerciantes, alunos, pais, colegas e familiares.

Por volta de 12h30, o evento chegou ao final com tudo vendido e, segundo a professora, o dinheiro seria contabilizado e dividido entre os colegas que não receberam salário. Ela afirma saber que a renda não ajudará muito diante da quantidade de professores sem dinheiro, mas que o feirão foi bem recebido e é uma maneira de demonstrar que a comunidade grevista está unida e preocupada com a situação dos colegas.

"Muita gente está quase zerada. As pessoas que participaram do feirão hoje foram muito participativas e tentaram ajudar de todas as maneiras os colegas que não receberam o dinheiro do mês. O corte de ponto é uma situação extremamente indignante", avaliou Marilene. Ela afirma não ter tido o ponto cortado, mas estava ciente da situação de dificuldade de vários colegas.

Uma delas era a professora Lídia Brito, 47 anos. Casada com um engenheiro que sofre atualmente com problemas no sistema nervoso e que tem dificuldades financeiras por conta da grande carga de remédios que precisa comprar, a docente deixou de receber um salário de R$ 1.950 e, por isto, não conseguiu pagar quase nenhuma conta em casa.

"Eu tenho uma renda de um pequeno comércio que não dá para muita coisa, rende cerca de R$ 1 mil por mês. E ainda tenho um filho de oito anos para criar. Este mês, não paguei luz nem água, por exemplo. Chorei muito ontem depois de ter descoberto que o meu ponto foi cortado, especialmente porque eu confiei muito no governo Wagner. É uma decepção", explicou a professora.

Outro exemplo é de Sidney Felix, que não recebeu um salário de R$ 1,5 mil e agora conta apenas com a ajuda da família. Ele não trabalha em nenhuma outra escola e, além de não ter pago luz, telefone, condomínio e outras dívidas, não pôde contribuir com o dinheiro que manda diariamente para a filha, que mora com a mãe. Apesar da dificuldade, ele alega que caso a greve se estenda por tempo indeterminado e mais um salário seja cortado, mesmo assim não abandonará o movimento.

Fonte: Especial para Terra
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