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Alunos da USP negam apologia e defendem debate sobre maconha

16 abr 2012 - 22h19
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Marina Novaes
Direto de São Paulo

Estudantes de diversos cursos da Universidade de São Paulo (USP) participam, entre esta segunda e a sexta-feira, da Semana da Barba, Bigode e Baseado, que acontece na cidade universitária, na zona oeste da capital paulista. O objetivo do evento, organizado pela Frente Uspiana de Mobilização Antiproibicionista (Fuma), é debater o impacto da criminalização das drogas ilícitas sobre a violência urbana, a liberdade do indivíduo sobre o próprio corpo, além da marginalização das minorias, como travestis e transexuais.

Mas, apesar de um dos temas centrais da semana ser a descriminalização da maconha - haverá, inclusive, uma "noite do fumo lícito" nesta terça-feira, com cigarros de orégano -, os estudantes negam apologia à droga e, na entrada da sala que concentra a maior parte das atividades, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), pedem aos participantes que não levem substâncias ilícitas.

"Estamos propondo um debate sobre o uso das drogas, sobre a marginalização dos drogados, sobre a liberdade sobre o corpo. Mas sabemos que (maconha) é ilegal. Então é um convite ao debate. É uma apologia ao debate, não ao uso das drogas", disse uma estudante do curso de Letras que participou do primeiro dia de atividades, mas que preferiu não ter seu nome divulgado.

A repercussão da semana, que atraiu atenção da mídia após ser divulgada por meio das redes sociais (como Facebook), causou "surpresa" aos participantes, que ressaltam que a USP é palco de debates como esse rotineiramente. Os estudantes, porém, negam vinculação do evento com as prisões de três alunos no ano passado, flagrados por policiais militares fumando maconha, e destacam que a "sociedade inteira" está convidada a participar das discussões.

"O assunto é polêmico por si só, mas a ideia é promover um debate sem preconceitos, e a universidade é um espaço para isso", disse uma estudante do 4º ano do curso de Ciências Sociais, que preferiu não revelar seu nome. "É o tema do momento. Não estamos só discutindo a questão das drogas, mas a liberdade de fazer o que bem quiser com o corpo, como o STF (Supremo Tribunal Federal) fez, na semana passada, ao autorizar o aborto (em casos de bebês com anencefalia)", completou outra aluna de Ciências Sociais, que lembrou ainda que a discussão sobre a legalização das drogas foi alvo de debate na Cúpula das Américas, realizada no México no último fim de semana.

A Semana da Barba, Bigode e Baseado começou com uma sessão de filmes, que atraiu cerca de 100 estudantes, nesta segunda-feira. Na terça-feira, as atividades continuam com a "noite do fumo" regada à orégano, cujo objetivo é atrair atenção dar um tom "lúdico-libertário" à discussão. Nos próximos dias, haverá ainda um debate sobre "Travestis e drogados: (des)marginalizando comportamentos", com professores e representantes da Marcha da Maconha, e uma cervejada, cuja renda será destinada à organização da marcha.

Fonte: Terra
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