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Indígenas são proibidos de falar língua guarani em escola de MS

2 set 2011 - 17h37
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Lucia Morel
Direto de Campo Grande

Indígenas que estudam na Escola Municipal Nerone Maiolino, em Campo Grande (MS), foram proibidos de conversar em guarani, sua língua-mãe, dentro da instituição. Três alunos que fazem a 2ª série do fundamental assinaram inclusive um termo, exigido pela direção da escola, se comprometendo a não falar no idioma original do povo kaiowa.

A indígena Maura Amaral, 35 anos, é uma das que teve que assinar o termo junto com o marido, Orlando Turíbio, 41 anos. Eles e mais um amigo que estuda na mesma escola e também mora na Aldeia Urbana Água Bonita foram chamados pelo diretor da escola e avisados de que não poderiam mais conversar na língua-mãe.

Sem entender o motivos, eles assinaram o papel sem nem mesmo ler o que estava escrito. "Primeiro o diretor disse que a gente não podia mais conversar em guarani na escola e depois deu o papel pra gente assinar. Não sei ler direito e nem deu tempo", disse Maura.

Seu marido afirmou que, ao serem chamados pela direção, os três ficaram preocupados. "Estávamos em aula", disse. Quando foram conversar com o diretor, ele contou sobre o que se tratava, e "fiquei sem entender. Nem falamos muito em guarani, quando conversamos é em português e por isso denunciamos o caso, não está certo proibirem", reclamou.

A assessoria da prefeitura disse que não houve proibição no uso do guarani, mas uma recomendação de que os estudantes evitassem conversar na língua materna dentro da sala de aula. O motivo teriam sido piadas e conversas altas que o grupo estaria provocando dentro do local.

De acordo com a prefeitura, uma outra aluna indígena, que também estuda na escola, entendia o que os três conversavam e teria dito à professora que eles faziam "piadinhas e deboches" a todo momento. A professora levou o fato ao conhecimento da direção, que se reuniu com os três alunos e pediu para que evitassem o uso do guarani para não haver constrangimentos.

A Secretaria Municipal de Educação abriu um processo administrativo para averiguar o caso e a denúncia foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE).

Fonte: Especial para Terra
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