Protesto contra reforma educacional reúne 100 mil no Chile
9 ago2011 - 13h25
(atualizado às 17h27)
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Cerca de cem mil estudantes chilenos marcharam nesta pelas ruas de Santiago e pelas principais cidades do país, exigindo educação pública e gratuita para todos. Os estudantes também exigem que o governo obrigue as universidades privadas a serem instituições sem fins lucrativos, como determina a lei.
As marchas reuniram alunos, professores, pais de alunos e sindicalistas. Um jovem, carregando uma cruz, exibia um cartaz: "Não posso estudar; meu pai é carpinteiro". Também houve incidentes entre policiais e estudantes com rostos cobertos, que faziam fogueiras nas ruas e lançavam pedras contra carros.
Os protestos estudantis começaram em maio passado. Estudantes de segundo grau e universitários mobilizaram professores, pais de alunos e sindicatos, nas maiores manifestações em duas décadas de democracia chilena. O governo do presidente Sebastián Piñera cedeu, trocando o ministro da Educação e propondo um projeto de reforma com 21 pontos. Os estudantes não aceitaram. Querem uma reforma total.
No Chile não existem universidades gratuitas. Por lei, nenhuma universidade deveria ter fins lucrativos. Mas tanto as universidades públicas, quanto as privadas, cobram mensalidades que chegam, em média, a US$ 400. Ainda assim, um número grande de chilenos estuda em universidades.
"De cada 100 chilenos em idade de estudar, 55 cursam uma universidade. Essa taxa de participação é o dobro da brasileira", disse o professor José Joaquín Brunner. "Apesar das universidades serem pagas, existe um amplo sistema de créditos, ao qual os estudantes têm acesso para financiar seus estudos".
Segundo Brunner, os estudantes se rebelaram porque foi criado um novo sistema de créditos estudantis, administrados por bancos privados com taxas de juros de mercado. "Os estudantes que tomaram dinheiro emprestado e acabam de entrar no mercado de trabalho perceberam que estão com uma enorme dívida para saldar. Foi o que desencadeou os recentes protestos".
A proposta de 21 pontos, que o governo fez aos estudantes, inclui o aumento de bolsas de estudo para que os chilenos menos privilegiados tenham acesso à universidade; redução de 6% a 4% as taxas de crédito solidário e aumento dos investimentos governamentais na educação. Atualmente, o país investe 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação superior, enquanto que o setor privado investe 1,5% do PIB. "No Brasil, os setores público e privado investem o mesmo no ensino superior: 0,8% do PIB", disse Brunner.
Um jovem protesta com uma faixa em Santiago. Há vários meses, estudantes chilenos ocupam as ruas da capital e de cidades do interior para cobrar melhorias na educação; veja mais de 30 fotos que mostram as formas criativas de protesto e a repressão violenta da polícia
Foto: EFE
29 de julho - Acampados há nove dias em uma escola pública chilena, estudantes cobram mais investimentos do governo na educação
Foto: AFP
29 de julho - Pelo menos 30 estudantes montaram um acampamento dentro das salas de aula da escola para cobrar uma educação pública de qualidade no país
Foto: AFP
29 de julho - Jovem pinta uma faixa antes de participar de protesto estudantil na capital Santiago
Foto: AFP
14 de julho - Estudantes realizam uma grande marcha em Santiago; eles cobram o fim do lucro das universidades privadas que recebem contribuição pública
Foto: AFP
14 de julho - As manifestações foram reprimidas pela polícia, que utilizou jatos de água e gás lacrimogênio para conter o avanço dos jovens
Foto: AFP
14 de julho - Os estudantes não aceitaram as propostas de mudança na educação apresentadas pelo governo do presidente Sebastián Piñera
Foto: AFP
14 de julho - Em cada manifestação, dezenas de jovens foram presos pelas forças policiais
Foto: AFP
14 de julho - Estudante carrega caixão representando a morte da educação no país
Foto: AFP
14 de julho - Nos inúmeros confrontos com a polícia, jovens tentavam fugir dos jatos de água lançados das viaturas
Foto: AFP
14 de julho - Milhares de estudantes e professores tomaram as ruas de Santiago para protestar pela falta de investimento na educação pública do Chile
Foto: AFP
14 de julho - 'Hoje me mobilizo para amanhã estudar', dizia cartaz carregado por menino que, apesar da pouca idade, já acompanhava os protestos
Foto: AFP
19 de julho - Os estudantes também foram para as ruas vestidos de super-heróis
Foto: AFP
19 de julho - Os manifestantes lotaram as ruas da região central da cidade e realizaram acrobacias
Foto: AFP
De Chapolin a Super-Homem, os estudantes usaram a criatividade nas fantasias
Foto: AFP
Estudantes se vestem de super-heróis durante protestos
Foto: Reuters
19 de julho - Uma multidão empolgada se uniu em protesto contra o governo pela atual política educacional no Chile
Foto: AFP
14 de julho - Vestido de pirata, jovem diz que 'a educação é o nosso tesouro'
Foto: AFP
7 de julho - Em um dos protestos 'criativos', estudantes transformaram as ruas de Santiago em uma praia
Foto: AFP
7 de julho - Os jovens simularam uma praia para protestar pela antecipação das férias, medida anunciada pelo governo como forma de reduzir os protestos
Foto: AFP
7 de julho - Os jovens simularam uma praia para protestar pela antecipação das férias, medida anunciada pelo governo como forma de reduzir os protestos
Foto: AFP
7 de julho - Os estudantes levaram toalhas, guarda-sol e cadeiras para as ruas da capital
Foto: AFP
7 de julho - O violão fez companhia para os estduantes que aproveitavam as 'férias' na capital
Foto: AFP
7 de julho - Com panos azuis, até o mar esteve presente no protesto estudantil
Foto: AFP
7 de julho - Os jovens passaram protetor solar e durante a tarde de manifestação em Santiago
Foto: AFP
6 de julho - Um 'beijaço' coletivo também foi organizado pelos estudantes
Foto: AFP
6 de julho - Os jovens chamaram o protesto de 'Festa do Beijo'
Foto: AFP
6 de julho - Os jovens não gostaram das medidas anunciadas pelo presidente para melhorar a educação no país e decidiram manter os protestos
Foto: AFP
6 de julho - Os casais acompanharam o beijo coletivo na capital Santiago
Foto: AFP
6 de julho - Centenas de jovens se somaram no protesto com beijos
Foto: AFP
6 de julho - Os jovens usaram a criatividade para pedir mais investimentos nas escolas e universidades
Foto: AFP
30 de junho - Estudantes encenam a 'morte da educação' nas ruas de Santiago
Foto: AFP
30 de junho - Vestidas de preto, jovens representam a 'morte' da educação no Chile
Foto: AFP
30 de junho - Os alunos tiraram suas roupas e, com cartazes, cobraram mais recurso para as escolas públicas
Foto: AFP
A jovem comunista Camila Vallejo é responsável pela organização do movimento estudantil
Foto: AFP
Pela sua beleza e discurso firme, a jovem se tornou a grande líder do movimento que cobra mudanças na educação chilena