Pedagoga: relação online entre professor e aluno deve ter limite
Relação online entre professores e alunos deve ter limite, diz especialista
9 ago2011 - 09h32
(atualizado às 09h41)
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Não é só o mundo corporativo que se preocupa em orientar funcionários a se comportarem nas redes sociais. Em uma época em que boa parte das relações de amizade se dá no mundo virtual, professores também precisam estar preparados para interagir adequadamente com seus alunos fora da sala de aula. Para a pedagoga especialista em Tecnologia Educacional Lígia Leite, deve haver limites na relação online entre educadores e suas turmas. "A cada nova tecnologia vêm novos desafios. A pergunta atual é qual o papel do professor nessa era de redes sociais. Hoje, está todo mundo fazendo o que quer, não existe um consenso e deveria existir", diz.
No estado de Missouri, nos Estados Unidos, uma barreira nesta relação virtual foi imposta recentemente. A lei número 54, considerada a primeira a regulamentar a interação aluno-professor em redes sociais, entra em vigor no dia 1° de janeiro de 2012. A partir de então, ficarão proibidos registros de amizade no Facebook entre estudantes e educadores. O objetivo é impossibilitar a troca de mensagens privadas via rede social, com o objetivo de prevenir o abuso sexual infantil. Para conversar com os estudantes no site de relacionamento, professores poderão criar páginas públicas. Assim, alunos poderão "curtir" a página e manter contato com o educador transparentemente, aos olhos de todos.
Além disso, também fica estabelecido que cada escola deve determinar políticas comunicacionais entre estudantes, professores e funcionários. O documento deve tratar do uso apropriado de mídia eletrônica, incluindo sites de relacionamento. Apesar de achar a lei válida e interessante, uma vez que estabelece como deve ser o comportamento profissional do educador na internet, Lígia acredita que tal iniciativa não teria êxito no Brasil. "Pelo menos não com o objetivo de evitar o abuso sexual", explica.
Também professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ligia lecionou por anos nos Estados Unidos e conta que, no país, o medo de abuso sexual de menores é intenso e, por isso, a relação aluno-professor é muito diferente da que existe no Brasil. "Somos latinos. Aqui a gente se abraça, se toca e tem uma relação de carinho com os alunos. Lá, não. Aqui a lei com esse intuito não faria sentido nenhum, pois esse medo não faz parte da cultura brasileira", diz.
A especialista afirma que aqui a iniciativa deveria partir de cada escola. "O professor não deve achar que pode participar das interações sociais do aluno como se fosse outro aluno. A relação pedagógica deve permanecer no meio virtual também. São as instituições de ensino que devem estabelecer essa relação", afirma. Ela destaca, porém, que não significa que o educador não pode ser amigo de aluno, mas que deve continuar agindo como profissional nas redes sociais. "O problema é que esse conceito é complexo, por isso, não pode caber somente ao professor decidir qual a melhor forma de agir. A escola que deveria orientar seus profissionais, assim como já os orienta em suas relações em sala de aula", complementa.
Família deve orientar comportamento de estudantes na internet
Semíramis Alencar, professora de sociologia no ensino médio de uma escola de Itamonte (MG) mantém relação de amizade com alunos no Facebook e no Orkut. Para ela, a família deveria orientar seus filhos no meio virtual, assim como professores precisam explicar para seus alunos no que consiste sua relação de amizade.
"Teoricamente só podem participar das redes sociais pessoas maiores de 18 anos. E isso acontece porque crianças realmente não sabem se proteger. Mas eles participam mesmo assim, e, como professores, não temos como não os aceitar". Apesar de achar que o cuidado deveria partir da família orientando seus filhos e controlando o acesso deles ao meio virtual, Semíramis afirma que cabe também ao professor conversar com os alunos e estabelecer os limites de amizade dessa relação no meio online. Para ela, o educador pode ser amigo, mas sem deixar de ser profissional. "Eu uso Orkut e Facebook para tirar dúvidas e, nessas interações, procuro ser amiga, pois o laço de confiança é essencial para que o processo de aprendizagem aconteça", opina.
Professor de geografia de uma rede estadual de ensino em Indaiatuba (SP), Ricardo Pignatelli conversa com estudantes no Facebook, Twitter, MSN e Orkut. Para ele, a interação é de amizade sem deixar de lado seu caráter pedagógico, uma vez que faz uso dessas ferramentas para tirar dúvidas e atualizar os alunos com notícias relacionadas à disciplina.
Pignatelli conta que alguns alunos acabam confundido essa relação. "Infelizmente, o Facebook também pode ser uma bela ferramenta de fofocas. Então, o professor deve explicar aos seus alunos em sala de aula que o que ele escreve na rede social é uma opinião própria, e que nem sempre é a opinião da maioria ou dos alunos", diz. Para ele, a criação de uma lei como a do estado americano é sinônimo de censura e cerceamento da liberdade individual de cada um.
Escola orienta seus professores nas redes sociais
Na Escola Crescer PHD, em Vitória (ES), os professores recebem orientação sobre a forma mais adequada de agir nas redes sociais e principalmente sobre como usar o meio virtual como ferramenta de ensino. Segundo o professor de português, Ricardo Carlos de Souza, a direção promove aulas para que a relação nas redes seja discutida entre todos.
De acordo com Souza, as ferramentas online são utilizadas para realizar atividades educacionais, que recebem acompanhamento e autorização prévia da escola. Além disso, antes de aplicar um exercício que faça uso do Twitter ou do Facebook, os professores dão aula presencialmente sobre o meio virtual, na qual o objetivo é explicar a diferença de linguagem utilizada na internet e na sala de aula.
Neste ano, todos os professores da instituição começaram a receber treinamento para também fazer uso das redes sociais como um meio de contato com os estudantes fora da escola. A ideia é estar sempre à disposição do aluno para tirar dúvidas, principalmente daqueles em fase de realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e de vestibular.
Crianças de rua recebem alimento e educação em uma escola mantida pelo Programa Mundial de Alimentos e por uma agência de ajuda humanitária do Afeganistão; sem espaço para todos, alguns alunos sentam no chão para acompanhar os ensinamentos
Foto: AP
Em uma pequena sala de aula, as crianças que vivem na rua se amontoam para receber os ensinamentos
Foto: AP
Após trabalharem como carpinteiros, mecânicos ou vendedores de cigarro, as crianças vão para a escola na parte da tarde
Foto: AP
Por causa da falta de fundos, o programa que atende as crianças de rua está ameaçado. Escolas de 34 províncias do Afeganistão não recebem mais merenda
Foto: AP
Os estudantes não sabem até quanto poderão continuar recebendo os alimentos na escola, que também abastecem suas famílias
Foto: AP
Os programas sociais dentro das escolas tentam resolver os problemas das famílias que vivem na rua no país
Foto: AP
Na escola de estrutura simples, os pais são chamados para participar das atividades educativas
Foto: AP
Após a aula, as pequenas Lailya (esq.) e Zainab (dir) carregam o alimento que vai atender suas famílias
Foto: AP
Um aluno conta pedras como parte da lição de matemática no campo de refugiados do Congo. Veja fotos que mostram as condições de ensino em diversas escolas pelo mundo
Foto: AFP
No Congo, crianças têm aula em uma tenda improvisada em campo de refugiados nas proximidades da cidade de Goma. No local, um professor voluntário trabalha para ensinar lições básicas aos alunos
Foto: AFP
Estudantes das Filipinas, sem classes e cadeiras, utilizam o chão para fazer as lições em uma escola pública da capital Manila
Foto: AFP
Professores e alunos cobram melhores condições na educação pública das Filipinas
Foto: AFP
Pelo menos 28 milhões de estudantes retornaram às escolas nas Filipinas no dia 7 de junho para o ano 2011-2012
Foto: AFP
Já na Alemanha, além da ótima estrutura das escolas, os estudantes utilizam o jogo de cubos para desenvolver o raciocínio e a criatividade. A iniciativa agradou os alunos na cidade de Dusseldorf, que testaram a brincadeira pela primeira vez no fim de 2010
Foto: AFP
Na Tailândia, refugiados islâmicos do Mianmar tentam aprender em uma escola improvisada pelo governo
Foto: AFP
As famílias das crianças fugiram dos conflitos no Mianmar e tentam reconstruir suas vidas
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Imagem feita em maio de 2011 mostra as crianças sentadas no chão e com um banco como classe na Tailândia
Foto: AFP
Imagem feita em dezembro de 2010 mostra o robô Engkey, que dá aulas de inglês para alunos na Coreia. Pelo menos 30 robôs são utilizados nas escolas do país
Foto: AFP
Jovens estudam em uma escola para meninas em uma região montanhosa do Paquistão. O exército do país organizou uma visita às escolas no começo de junho de 2011 para mostrar o aparente progresso da educação
Foto: AFP
Escolas para meninas já foram vítimas de diversos ataques no Paquistão pelo grupo Talibã, que proibia a educação das mulheres
Foto: AFP
Na Líbia, alunos são atendidos por voluntários no dia 1º de junho de 2011. Eles tentam manter as crinças engajadas em atividades educacionais
Foto: AFP
Os voluntários fazem atividades para manter os estudantes da Líbia longe das disputas entre rebeldes e apoiadores do líder Kadhafi
Foto: AFP
Em Cingapura os estudantes convivem com uma situação bem diferente. Sem guerras, os jovens aprendem o conteúdo por meio da tecnologia
Foto: AFP
No país asiático, iPads e outros tablets substituem os cadernos em muitas das escolas. Na imagem de maio de 2011, as alunas utilizam o equipamento em uma aula de Arte
Foto: AFP
Em Moçambique a realidade educacional é bem diferente. Imagem de maio de 2011 mostra as condições precárias de uma escola primária ondem jovens estudam à noite
Foto: AFP
Carlos Francisco, 29 anos, dá aulas na escola primária do Triunfo, em Maputo. Com classes simples e um quadro negro, cerca de 60 estudantes acompanham a tarefa
Foto: AFP
Após trabalhar o dia inteiro, moçambicano acompanha com atenção a lição deixada pelo professor no quadro negro
Foto: AFP
Em meio à tragédia que abateu o Japão, alunos participaram de cerimônia de formatura no final de março no mesmo ginásio que abrigava 200 pessoas vítimas do tsunami em Sendai
Foto: AFP
Mesmo com a tristeza pela morte de amigos com o tsunami, estudantes cumpriram mais uma etapa da vida escolar
Foto: AFP
Alunos haitianos da quinta série estudam história durante as aulas na Royal Caribbean New School. A empresa de cruzeiro Royal Caribbean construiu a escola para cerca de 200 estudantes
Foto: The New York Times
A escola em si é um refúgio limpo e seguro em relação às várias cidades vizinhas do Haiti onde vivem os alunos
Foto: The New York Times
A situação em outras escolas do país é diferente. Na L'ecole Nationale Mixte a chuva passa pelo telhado, cancelando as aulas
Foto: The New York Times
Na maioria das instituições de ensino do Haiti os alunos convivem com a estrutura é precária, com classes em péssimo estado e sujeira pelo chão
Foto: The New York Times
Crianças dormem em sala de aula de escola primária em Hefei, província de Anhui. A educação dos filhos dos trabalhadores migrantes, que somam 240 milhões na China, é uma das principais preocupações do Conselho de Estado chinês
Foto: Reuters
Imagens feitas no começo de junho mostram as condições enfrentadas pelos alunos da pré-escola que, segundo o conselho chinês, é o ponto mais fraco do sistema educativo do país
Foto: Reuters
No condado de Min, província de Gansu, as crianças sofrem com a precariedade das escolas
Foto: Reuters
Sem transporte escolar, as crianças chinesas caminham longas distâncias para chegar na escola
Foto: Reuters
Repetidamente, líderes mundiais têm denúnciado a situação da educação na China
Foto: Reuters
Crianças cantam durante a aula em uma escola rural da província de Gansu. A localidade é uma das áreas rurais mais pobres da China
Foto: Reuters
No Brasil, uma escola particular do Rio Grande do Sul aposta em tecnologias para ensinar os alunos da educação infantil
Foto: Stúdio Aronis / Divulgação
Os estudantes do Colégio Israelita, de Porto Alegre (RS), aprendem com o auxílio de tablets
Foto: Stúdio Aronis / Divulgação
Também no Brasil, filhos de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estudam em escola de lona improvisada à beira da BR-101 em Eunápolis (BA)
Foto: Joá Souza / Futura Press
O leitor biométrico registra os alunos presentes na Escola Municipal Roberto Mario Santini, em Praia Grande (SP). A tecnologia ajudou a diminuir a evasão escolar na cidade