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Estudantes fazem "beijaço" em protesto pela educação no Chile

Estudantes fazem "beijaço" em protesto pela educação no Chile

6 jul 2011 - 18h08
(atualizado às 19h56)
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O anúncio oficial de uma injeção de 4 bilhões de dólares na educação do Chile não calou os protestos dos estudantes, que organizaram um beijaço coletivo nesta quarta-feira na cidade de Valparaíso, a 124 km da capital Santiago. O protesto, chamado de "beijos pela educação", reuniu casais que cobram que as escolas e universidades não tenham fins lucrativos. Uma grande mobilixação no país foi convocada para a próxima semana.

O presidente Sebastián Piñera propôs na noite de terça-feira um Grande Acordo Nacional de Educação para melhorar seu acesso, qualidade e financiamento, pressionado pelos protestos estudantis nas últimas semanas e uma baixa popularidade de seu governo (36%). A proposta inclui um fundo adicional de US$ 4 bilhões - o equivalente a um aumento de 40% do orçamento atual de educação -, uma alta de quase 80% das bolsas e a criação de uma Superintendência de Educação, que passe a controlar sua qualidade e financiamento.

"É necessário fazer uma reforma profunda no modelo e não apenas uma maquiagem com algum dinheiro", respondeu o líder estudantil Germaín Quintana, e reafirmou o chamado a uma nova greve nacional para 14 de julho, a terceira do último mês.

As duas primeiras manifestações reuniram cada uma mais de 80 mil pessoas em Santiago, segundo os organizadores. De fato, o anúncio de Piñera não contemplou uma das principais demandas dos estudantes: colocar fim ao lucro na educação, em consonância com a legislação chilena, que proíbe expressamente as instituições privadas do setor de obter lucros.

Na prática, no entanto, e utilizando uma série de brechas legais, as universidades privadas representam hoje um negócio lucrativo. A maioria recebe aportes estatais e não pagam impostos.

Piñera propôs um debate para tornar o sistema mais transparente e distinguir as instituições com fins lucrativos, que deverão pagar impostos, recursos com os quais aumentarão as bolsas para estudantes pobres.

O tema é especialmente sensível porque para os estudantes o lucro é o centro da desigualdade e da falta de qualidade do sistema de ensino chileno, além de criticarem o fato de vários funcionários do governo terem ou tiveram interesses em universidades privadas. O atual ministro da Educação, Joaquín Lavín, fundou uma das principais universidades privadas do país e, apesar de ter deixado a empresa ao assumir o ministério, admitiu recentemente que recuperou seu investimento.

As universidades privadas foram criadas durante a ditadura de Augusto Pinochet, que diminuiu drasticamente os recursos fiscais à educação (de 7% para 2,4% do PIB no fim de seu regime).

Com informações da agência Reuters

Nesta quarta-feira, os estudantes encontraram uma forma criativa para protestar contra o governo chileno: organizaram um 'beijaço' coletivo
Nesta quarta-feira, os estudantes encontraram uma forma criativa para protestar contra o governo chileno: organizaram um 'beijaço' coletivo
Foto: Reuters
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