PUBLICIDADE

ABGLT: setores homofóbicos fazem 'chantagem' no governo

25 mai 2011 - 14h26
(atualizado às 14h41)
Compartilhar

O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, criticou nesta quarta-feira a pressão das bancadas religiosas do Congresso Nacional contra a distribuição do kit anti-homofobia nas escolas públicas. "O que está havendo é que setores homofóbicos estão fazendo chantagem no governo federal. Mas eu confio que a presidente Dilma não vai se submeter a isso", disse ao comentar a decisão do governo de suspender a produção e veiculação dos kits após reunião com as bancadas católica e evangélica.

O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, anunciou nesta quarta-feira que a questão do combate à homofobia no ambiente escolar deve continuar, mas que a produção dos materiais precisa levar em conta a participação de todos os setores da educação, dos parlamentares e uma maior discussão com a sociedade. "A presidenta Dilma não gostou dos vídeos, achou o material inadequado, e determinou que não circule oficialmente. Estão suspensas todas as produções de materiais que falem dessas questões", disse o ministro.

Carvalho negou que a decisão foi motivada pela pressão das bancadas religiosas, mas o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou que, caso o governo não desistisse da distribuição do material, a bancada iria utilizar o caso do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, como "moeda de troca".

O presidente da ABGLT, entidade que participou da produção dos materiais que o Ministério da Educação (MEC) pretendia distribuir para os alunos do ensino médio no segundo semestre, concorda que o governo tenha que "ouvir os dois lados sobre a questão", mas discorda de como as bancadas religiosas estão conduzindo o debate. "O que não pode é um setor, seja religioso ou não, tentar impor as políticas públicas para o País. Desde 1989 temos o Brasil como um estado laico. Eles podem opinar, mas não mandar".

Segundo Reis, o material, que inclui vídeos e cartilhas sobre temas como transexualidade e bissexualidade, foi elaborado por equipes altamente qualificadas e já recebeu o apoio de órgãos como Unesco, Ministério Público Federal e Conselho Federal de Psicologia. Ele disse ainda que o combate ao preconceito e à violência nas escolas é urgente.

"O que nós queremos é que ninguém seja discriminado neste País, nenhum evangélico, transexual, católico, lésbica. Agora precisamos deixar bem claro que não vivemos numa teocracia, aqui não é o Irã, nem o Iraque. Temos uma constituição que garante a igualdade", afirmou.

Em 2010, Marina Reidel (dir.) recebeu prêmio nacional por promover a diversidade sexual na escola, em Brasília (DF)
Em 2010, Marina Reidel (dir.) recebeu prêmio nacional por promover a diversidade sexual na escola, em Brasília (DF)
Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade