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Escola deve ser mais atraente que lan house, diz cientista

4 mai 2011 - 19h21
(atualizado às 20h29)
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Simone Sartori
Direto de São Paulo

Em palestra realizada nesta quarta-feira, em São Paulo, Silvio Meira, cientista-chefe do Cento de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) e professor titular de Neurobiologia da Universidade Federal de Pernambuco, abordou os desafios da educação diante da tecnologia e afirmou que a conectividade é um dos principais meios para a interação e geração de conhecimento. Para Meira, as escolas devem criar mecanismos para atrair os alunos da chamada geração digital para dentro das salas de aula.

"O nosso desafio hoje é fazer com que as escolas sejam mais atraentes que a lan house da esquina. Os alunos saem das salas de aula para a lan house só por causa da linguagem. Então, diante dessa nova 'literatura', dessa nova capacidade de entender o mundo, o desafio é saber como podemos usar o ambiente de ação, de oportunidades e aprendizados, que convencionamos de chamar de educação, sem ter dificuldade de ensinar para as crianças o que ela é. Não precisamos ensiná-los a usar a internet, a jogar, o professor pode continuar a fazer o que estava fazendo. A linguagem está 'atacando' a escola e precisamos saber como absorvemos isso, já que não vamos conseguir tirar isso (o acesso e interesse à tecnologia) das crianças, dos adolescentes. Temos de refletir sobre isso numa intensidade muito grande", afirmou Meira após a palestra que integrou a programação do seminário "Redes e Sustentabilidade", promovido pela Fundação Telefônica.

O neurocientista Miguel Nicolelis, professor titular de Neurobiologia e codiretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University, nos Estados Unidos, que também fez uma palestra no seminário, defendeu a ciência como agente de transformação social. Nesse contexto, segundo ele, a tecnologia não pode ser encarada como vilã.

"A tecnologia é uma manifestação da humanidade. Você não vê uma formiga criando câmeras digitais. Toda a tecnologia é parte de nós, mas a computação jamais vai conseguir reproduzir a mente humana, pelo menos não os computadores que conhecemos hoje. Como não vamos ser clonados por máquinas digitais, precisamos relaxar e entender que a tecnologia é a aliada, porque ela vem de dentro de nós, e não é uma ameaça. A tecnologia pode ser usada, na maior parte das vezes, para o bem", disse Nicolelis.

Tanto Silvio Meira quanto Miguel Nicolelis, atualmente, estão envolvidos em projetos que unem ciência, tecnologia e educação. Meira é um dos grandes entusiastas do projeto educacional OjE (Olimpíada de Jogos Digitais e Educação), desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco, que tem os jogos digitais como aliados no aprendizado (http://www7.educacao.pe.gov.br/oje/).

Nicolelis, que já foi considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo, lidera o projeto do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte, que mantém a Escola Alfredo J. Monteverde, com unidades em Natal e Macaíba. A missão é oferecer educação científica a crianças e adolescentes da rede pública, com idades entre 11 e 17 anos.

Seminário

O seminário "Redes e Sustentabilidade no SGDA - Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente", promovido pela Fundação Telefônica, continua nesta quinta-feira, no Novotel Jaraguá, na região central de São Paulo.

O evento é direcionado para diretores, coordenadores e técnicos de escolas e ONGs, conselheiros tutelares e dos direitos da criança e do adolescente, além de outros profissionais do setor educacional de interessados pelo tema. As plenárias são transmitidas ao vivo pelo portal Pró-Menino (http://www.promenino.org.br/).

Os cientistas Miguel Nicolelis (à esquerda) e Silvio Meira participam de seminário em São Paulo
Os cientistas Miguel Nicolelis (à esquerda) e Silvio Meira participam de seminário em São Paulo
Foto: Simone Sartori / Terra
Fonte: Terra
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