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ONU exige fim de discriminação da mulher na educação

8 mar 2011 - 17h59
(atualizado às 20h02)
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A Organização das Nações Unidas (ONU) reivindicou nesta terça-feira o direito da mulher ao acesso à educação e à ciência em condições de igualdade em relação ao homem, como um passo imprescindível para aumentar sua participação e avanço no mercado de trabalho. "Investir na mulher não é o correto, é o inteligente", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em um ato na sede do órgão neste centenário do Dia Internacional da Mulher.

Filipinos reivindicam por direitos em frente ao Palácio Presidencial, em Manila. A ONU celebra hoje o centenário do Dia Internacional da Mulher
Filipinos reivindicam por direitos em frente ao Palácio Presidencial, em Manila. A ONU celebra hoje o centenário do Dia Internacional da Mulher
Foto: EFE

O principal responsável pela ONU disse que nos 100 anos em que se comemora a jornada houve avanços enormes, mas, ao mesmo tempo, em muitas sociedades a mulher é um cidadão de segundo plano cujos direitos fundamentais são ignorados. "Apesar da brecha entre gêneros em matéria de educação diminuir, ainda há muitas meninas com acesso à escola negado, que têm que abandonar prematuramente ou concluem os estudos sem as ferramentas e os conhecimentos necessários", disse ele.

Ban afirmou que uma recente pesquisa apontou que as grandes empresas da lista Fortune 500 com maior presença feminina em seu conselho de administração são 53% mais rentáveis que as demais. "Vocês sabem, e eu sei, que a mulher tem que desfrutar de uma participação completa e igualitária em todas as áreas da vida pública e particular, só assim poderemos ter a sociedade justa, sustentável e pacífica prometida pela Carta das Nações Unidas", disse o secretário.

Além disso, ele disse que na família, na escola, no local de trabalho e na comunidade ser uma mulher, "frequentemente, significa ser vulnerável" e que "as mulheres e as meninas são vítimas de discriminação e violência, em muitas ocasiões pelas mãos de seus companheiros ou parentes". O secretário também afirmou que falta avançar muito na integração da mulher na vida pública e política, apesar dos avanços em relação a presença feminina nos Parlamentos. Menos de 10% dos países contam com uma mulher como chefe de Estado ou de Governo, segundo dados da ONU.

Nesse contexto, a diretora da ONU Mulheres, a ex-governante chilena Michelle Bachelet, celebrou precisamente seu primeiro Dia Internacional da Mulher à frente da nova agência em Monróvia, junto à presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a única chefe de Estado mulher da África.

Ban afirmou que nas conversas mantidas nas últimas semanas com líderes do Oriente Médio, em relação aos protestos populares no mundo árabe, sempre lembra que devem "fazer mais" em matéria de igualdade de gêneros. Essa será um das mensagens que transmitirá na semana que vem em sua visita à região, onde "os direitos da mulher foram ignorados e oprimidos por muito tempo".

Vencedora de Oscar exige mais personagens femininos
A atriz e ativista americana Geena Davis, que também tomou a palavra no ato presidido pelo secretário-geral da ONU, exigiu uma maior presença de personagens femininos nos produtos audiovisuais para menores. Ela criticou que estes ainda reflitam uma imagem muito sensual e estereotipada da mulher. A ganhadora do Oscar como melhor atriz coadjuvante por seu papel em "O Turista Acidental" (1988) afirmou que a discriminação nas produções infantis é "um problema no qual foram registrados poucos avanços nos últimos 20 anos".

"Como as crianças assistem aos mesmos programas e vídeos várias vezes, desde novas ficam com uma imagem estereotipada na cabeça", disse Geena, que fundou e dirige um instituto dedicado ao estudo do gênero na imprensa. Em sua opinião, corre-se o risco de que nas novas gerações persista a percepção de que o homem está, de alguma maneira, acima da mulher.

Por sua parte, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) afirmou que a desigualdade é um dos grandes obstáculos que impedem o avanço econômico e social de muitos países.Segundo dados dessa agência, os países com maior desigualdade são Iêmen, República Democrática do Congo, Níger, Afeganistão e Mali. Os mais igualitários são Holanda, Dinamarca, Suécia, Suíça e Cingapura.

EFE   
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