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Fantasma da ditadura atrapalha ensino de símbolos nacionais

26 jan 2011 - 09h39
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CARTOLA - AGÊNCIA DE CONTEÚDO
Especial para o Terra

O filme O Pianista se passa na 2º Guerra Mundial e se baseia nas memórias do pianista polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody)
O filme O Pianista se passa na 2º Guerra Mundial e se baseia nas memórias do pianista polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody)
Foto: Divulgação

Chega a época das formaturas e é papelão para todos os lados: quase ninguém lá no palco sabe cantar o hino nacional direito. Misturar refrões e mudar palavras por outras de som parecido comprovam que os símbolos nacionais mais básicos não estão sendo ensinados da melhor forma nas escolas.

"Não seria importante a população saber cantar o hino do País, já que nesse saber estaria em jogo a ideia do patriotismo?", indaga o sociólogo e cientista político Rodrigo Ribeiro. Discutir questões como nacionalismo não é uma tarefa comum no Brasil, apesar de ser um debate importante para a cidadania. E as escolas, lembra Ribeiro, têm um papel essencial para tratar o tema.

O desaparecimento do patriotismo no povo brasileiro se deve muito à bagagem histórica que a ditadura militar deixou no País, aposta Ribeiro. Na época, o nacionalismo era propagado como parte do regime, sendo assimilado pela população como um valor aceito apenas pelos adeptos àquele governo. "De uma maneira, a sociedade criou uma barreira ao tema quando veio a democracia e o assunto foi espantado das escolas", diz.

O nacionalismo pode ser utilizado pelo governo como arma de manipulação de massas populares. "Entretanto, esse extremismo não é a essência", afirma Ribeiro. Segundo o especialista, ser patriota deveria ser um sentimento fortalecido pela sociedade, sempre cuidando para não ser desvirtuado ao xenofobismo.

O que Nelson Rodrigues chamava de Complexo de Vira-lata ainda pode ser visto no Brasil. O escritor e dramaturgo dizia que o brasileiro sempre se coloca, voluntariamente, como pior que os outros. Porém, a estabilidade econômica e a melhora da imagem do Brasil lá fora, somados a uma qualidade de vida mais próspera, estão recuperando aos poucos a autoestima do País.

Ainda assim, o tema não é central nos colégios. Ribeiro não defende a volta ao currículo escolar da disciplina de Organização Social e Política Brasileira, a OSPB, implantada ainda antes do Golpe de 1964, pelo presidente João Goulart em 1962, mas que ficou marcada como símbolo do regime. Por isso, foi substituída por matérias como Filosofia e Sociologia, mas que não cumprem totalmente os conteúdos anteriores. "As crianças e os jovens precisam conhecer o País, os direitos e deveres, os símbolos e tradições, precisam saber o que é cidadania e democracia, porque é importante participar da vida da comunidade. Isso é algo que tem que ser ensinado", completa.

Fonte: Redação Terra
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