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Projeto ajuda crianças a combater excesso de peso

10 dez 2010 - 15h21
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Natália tem apenas oito anos de idade e já luta contra o excesso de peso. Ao mesmo tempo em que começou a se alfabetizar, a menina também precisou de aulas para aprender a maneira correta de se alimentar.

Além das lições de nutrição, ela recebe orientações sobre a importância da atividade física e pratica exercícios três vezes por semana. Tudo com acompanhamento psicológico, para ajudar a entender todo esse mecanismo.

Natália é uma dos 270 alunos que participam do projeto Super-Ação, desenvolvido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/Unesp), na cidade paulistana de Presidente Prudente. Para a dona de casa Caroline Regina Penha Ferreira, que há dois anos leva a filha Natália às atividades, a mudança veio em boa hora para toda a família. "Além de melhorar o comportamento dela, a família toda aprendeu a comer direito", comemora. Natália já emagreceu 4 kg e a vaidade, que antes não fazia parte da rotina da menina, agora começa a se manifestar.

Resultados como esse deixam mais do que satisfeito o professor Ismael Forte Freitas, coordenador do Super-ação. A ideia de lançar o programa veio em 2001, em função do crescimento do problema da obesidade em crianças e adolescentes. No início, oferecia apenas atividades físicas, mas, com o tempo, acabou se transformando em uma equipe multidisciplinar.

Além dos professores de educação física, o projeto conta com nutricionistas, médicos e psicólogos. O que era um programa de extensão universitária se tornou uma importante fonte de pesquisa para a Unesp. Os dados viraram fonte para pesquisas acadêmicas de pós-graduação, mestrado e doutorado.

O sucesso junto à comunidade tem sido tão grande que mais 100 pessoas estão na lista de espera. Um número muito acima dos 15 integrantes iniciais, lá em 2001. A triagem é feita junto a crianças e adolescentes da cidade que se enquadram no perfil do projeto.

O problema da obesidade é tratado junto a outros transtornos que a doença causa, como ansiedade e depressão. "Esses jovens sofrem com bullying em função do excesso de peso", lamenta Freitas. Isso porque no Brasil, assim como em muitos outros países, a obesidade não é vista como doença. Enquanto outros distúrbios alimentares como bulimia e anorexia chamam a atenção das pessoas como enfermidades severas, a gordura não é encarada da mesma forma, e acaba sendo taxada de falta de vontade e comodismo. "Isso é um grande erro. A obesidade é, sim, um problema de saúde pública", aponta o professor.

O importante, ressalta ele, é que os adultos tenham atenção na alimentação das crianças enquanto elas apresentam o peso adequado para sua idade e estrutura física. "Cada vez mais os pais deixam os filhos comer qualquer coisa e não estimulam a atividade física. Eles só mudam de postura quando veem o aumento de peso", adverte Freitas, que destaca o fator genético como responsável por apenas 5% a 10% dos casos de obesidade. Os outros cerca de 90% devem-se ao fator ambiental.

A situação é tão grave que, no ano passado, o Super-Ação verificou que várias crianças sofriam de síndrome metabólica, uma soma de três fatores de risco para desenvolver enfermidades cardiovasculares: hipertensão, pré-diabete ou diabete e colesterol e triglicerídeos elevados. Graças ao programa, foi possível reverter o quadro em 20 semanas.

Depois de passarem por testes de insulina, composição corporal e densitometria óssea, os estudantes receberam a prescrição de atividades mais específicas de acordo com a faixa etária. A novidade ficou por conta da aplicação do modelo de treinamento concorrente, que consiste em fazer 30 minutos de atividade aeróbica seguida e mais 30 minutos de musculação. "Há pouco estudo a respeito desse tipo de treinamento", diz o professor.

O resultado surpreendeu a todos. As crianças apresentaram, em média, aumento de 4 kg da massa magra e redução de 9 kg de gordura em cinco meses.

Unesp desnvolve programa para ajudar crianças a combater o excesso de peso
Unesp desnvolve programa para ajudar crianças a combater o excesso de peso
Foto: Getty Images
Fonte: Redação Terra
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