Lula inaugura cursos brasileiros à distância em Moçambique
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou nesta terça-feira em Maputo os cursos à distância da Universidade Aberta do Brasil, para "consolidar a cooperação entre o país e a África".
Lula, que chegou de madrugada a Maputo em sua última visita à África como presidente, defendeu a educação para a "prosperidade dos povos" na primeira aula dos cursos de ensino à distância oferecidos pelo Instituto Nacional de Educação à Distância (INED), inaugurada na Universidade Pedagógica Lhanguene Maputo, o maior centro superior de Moçambique.
"Só a educação pode dar igualdade de oportunidades aos cidadãos", disse Lula, que visitou o continente africano em diversas ocasiões, perante uma plateia de estudantes, na abertura dos cursos que têm um programa realizado em conjunto entre brasileiros e moçambicanos. De acordo com Lula, "o Estado deve ser responsável pela educação" e impedir que "o mercado decida a linha a ser seguida" pela formação universitária.
Além de Maputo, a Universidade Aberta do Brasil contará com outros dois centros em Moçambique, um em Beira e outro em Lichinga. Estes cursos precedem o projeto de Lula de estabelecer, ainda este ano, a Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), também para consolidar a cooperação com o continente africano. A universidade fica na cidade de Redenção, no Ceará, que foi o primeiro lugar a abolir a escravidão, e contará inicialmente com 2,5 mil alunos brasileiros e outros 2,5 mil africanos.
Em seu discurso, Lula ressaltou que o modelo de educação universitária à distância promovido nos últimos anos no Brasil levou a "uma pequena revolução educativa" e democratizou a universidade. Para Lula, ele e seu vice-presidente, José Alencar, foram os governantes "que mais fizeram para criar oportunidades educativas" e pretendem estender esse trabalho em nível internacional, especialmente em sua cooperação na África. Os dois políticos não possuem nível superior.
Além de inaugurar os cursos, Lula, que permanecerá até quarta-feira em Maputo, se reunirá com o presidente moçambicano, Armando Guebuza, com o primeiro-ministro, Aires Ali, e com empresários dos dois países. Além disso, visitará as obras de uma fábrica de remédios dedicada à produção de antiretrovirais, para a luta contra o HIV, que está sendo construída em Moçambique com equipamento e supervisão técnica brasileira.
A presidente eleita, Dilma Rousseff, que substituirá Lula em janeiro, também iria a Moçambique, mas suspendeu esta parte da viagem. Ela se encontrará com Lula na quinta-feira em Seul, onde ambos participarão da Cúpula do G20.
O presidente promoveu, durante seus oito anos de mandato, as relações exteriores especialmente com Ásia e África, e realizou viagens para vários países africanos, onde o Brasil tem 34 embaixadas. Em 2003, quando Lula chegou ao Poder, os intercâmbios comerciais entre Brasil e África somavam US$ 5 bilhões e em 2009 tinham passado de US$ 29 bilhões.
Após a visita a Maputo, Lula seguirá viagem para Seul para a Cúpula do G20, onde buscará compromissos para frear a guerra de divisas na qual algumas potências, como EUA e China, propiciaram a desvalorização de suas moedas para facilitar as exportações.
Isto provocou um desequilíbrio com outras moedas, especialmente com as de países em desenvolvimento, como Brasil e África do Sul, que ficaram artificialmente fortalecidas, o que causou um grave prejuízo em suas exportações.