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O miguxês da internet atrapalha na sala de aula?

5 nov 2010 - 10h01
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Depois de gastar horas e horas na frente do computador, quando o aluno pode se comunicar como bem entender, ele é obrigado a conviver com uma narrativa quadrada e cheia de regras dentro da sala de aula. Difícil é não misturar tudo e usar a linguagem da web nas lições escolares.

A internet acostuma o usuário a lidar com várias linguagens e mídias
A internet acostuma o usuário a lidar com várias linguagens e mídias
Foto: Getty Images

Para o professor de português Sílvio Luís Bedani, do Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo, é fundamental que o estudante consiga diferenciar os variados contextos que ele vai se deparar ao longo do dia. Assim como não dá para escrever uma redação cheia de abreviações ou com o famoso "miguxês" (quando palavras como "naum" em vez de "não" são normais), também não tem porque usar as normas cultas para conversar com os amigos nas redes sociais.

A internet acostuma o usuário a lidar com as várias linguagens e mídias, o que ajuda dentro da sala de aula. O "multiletramento", como chama Bedani, que a internet proporciona faz do aluno um produtor de texto criativo. Ou seja, a web não é vilã nessa história. Tudo é uma questão de medida.

Mas "o aluno abre mão de tudo para ficar no computador", lamenta. A consequência é notada quando se precisa escrever textos argumentativos. Ele simplesmente não tem base, porque se afastou dos jornais e das obras de ficção. "O estudante não costuma ter conhecimento de mundo. O mundo dele é o vídeo-game e a internet."

A solução vem a partir da parceria da escola com a família. "O colégio sozinho não consegue surtir efeito e só os pais também não", afirma sobre o costume da leitura, que deve vir de casa. É muito mais fácil deixar o aluno plugado no Playstation, porém o incentivo aos livros é fundamental. A leitura, garante Bedani, faz muita diferença. "A gente percebe quando o aluno tem o hábito de ler, porque ele possui conhecimento e consegue argumentar."

O professor acredita que o maior desafio hoje é levar a internet para a sala de aula e tornar os conteúdos atraentes. Bedani ensina para turmas de Ensino Médio e observa uma dificuldade maior de lidar com alunos de 1ª série, já que os da 3ª estão mais interessados pelos conteúdos, focados no vestibular. "Com os mais novos é preciso adotar mil estratégias e temos que fazer concessões", explica. Para criar um vínculo do livro com o estudante, por exemplo, ele trouxe para o currículo a obra Adulterado, de Antonio Prata, que reúne crônicas de temática jovens. "Aí a gente consegue quebrar o gelo na aula", aconselha.

Fonte: Redação Terra
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