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Universidades se unem para combater pragas de forma natural

26 ago 2010 - 15h54
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Um grupo formado por oito unidades de pesquisa de cinco estados brasileiros se uniu para formar o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Controle Biorracional de Insetos Pragas. O objetivo é encontrar alternativas ecológicas para acabar com pragas e doenças que afligem lavouras de todo o país.

Preocupados com os efeitos nocivos do uso de inseticidas tradicionais, os pesquisadores criaram o conceito de controle biorracional de pragas - uma maneira de controlar o desenvolvimento de insetos sem exterminá-los com o uso de produtos naturais e seus derivados, procurando minimizar os impactos ambientais.

O grupo é composto pelas seguintes instituições: Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP); Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita (UNESP) e Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), em São Paulo. Na Bahia, Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) - Estação Experimental Sosthenes de Miranda; no Pará, Comissão Executiva de Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) - Superintendência da Amazônia Oriental; no Paraná, Universidade Federal do Paraná (UFPR) e no Sergipe, a Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Preocupação ambiental
A aplicação de inseticidas tradicionais nas lavouras pode trazes efeitos colaterais danosos para o meio ambiente. A eliminação de um inseto, por exemplo, pode alterar toda a cadeia alimentar ligada a ele, bem como afetar a reprodução de espécies vegetais que dependem de sua ação para a polinização. Outro dano comum é a contaminação dos alimentos, bem como dos lençóis freáticos, rios e outros corpos d'água por resquícios dos químicos empregados e que acabam aderindo à planta. Por isso, um dos objetivos dos pesquisadores é criar compostos naturais para serem utilizados nos insetos.

"A probabilidade de uma substância natural apresentar toxicidade a um inseto é pequena. Ela pode inibir o desenvolvimento de um determinado inseto, por exemplo, e isso poupa de produtos tóxicos o animal, o meio ambiente e o próprio ser humano, que consumirá alimentos vindos daquela planta", disse à Agência FAPESP a coordenadora do INCT, Maria de Fátima das Graças Fernandes da Silva. Ela explicou ainda que, por serem mais familiares ao organismo, as substâncias naturais são metabolizadas mais facilmente, enquanto os produtos sintéticos podem acabar se acumulando. Assim, plantas, fungos e bactérias poderão ser utilizadas pelo grupo para a criação de inseticidas naturais.

"Ao entender a interação química entre bactéria e planta, podemos desenvolver um metabólito que iniba a proliferação do patógeno no vegetal ou ainda buscar uma substância que controle a proliferação do inseto vetor", explicou Maria de Fátima. O controle dos insetos é ambientalmente mais interessante do que a sua eliminação completa, de acordo com a pesquisadora, pois ele pode ser o vetor de uma doença para uma determinada planta e ao mesmo tempo o polinizador de outra. Portanto, eliminá-lo resultaria em perdas ambientais maiores na região em que o inseto desaparecesse.

Resistência dos produtores
Apesar de ser ambientalmente mais saudável, o controle biorracional de pragas ainda enfrenta um grande obstáculo para sua aplicação em larga escala: a resistência dos produtores rurais. "Esse é o maior obstáculo, não apenas no Brasil, mas em diversos outros países", afirmou Maria de Fátima. "Muitos produtores consideram mais fácil a aplicação de inseticidas e a eliminação completa do inseto causador do problema, ainda que ele seja importante para outras plantas e culturas", lamentou.

Fonte: EcoDesenvolvimento
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