USP: funcionários manterão ocupação por tempo indeterminado
- Thais Sabino
- Direto de São Paulo
Cerca de 200 funcionários da Universidade de São Paulo (USP), que no fim da manhã desta terça-feira ocuparam o prédio da reitoria da instituição, afirmam que permarnecerão no local por tempo indeterminado. O ato de hoje tem o objetivo de pressionar o reitor da universidades a reabrir as negociações e atender as solicitações dos manifestantes em greve há 35 dias.
Como forma de apoio aos manifestantes, o professor Luiz Renato Martins, docente do departamento de Artes Visuais, levou sua turma - com cerca de 20 alunos- para ter aula no prédio ocupado.
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) informou que espera resposta do reitor e nova rodada de negociações para a desocupação. "Aguardaremos a reabertura das negociações sobre nossa pauta e o pagamento dos dias descontados ocupando a sede administrativa da universidade, por tempo indeterminado, até que não tenhamos mais as privações impostas pelo reitor da USP, a mando do governador do Estado de São Paulo, em exercício, Alberto Goldman e seu antecessor, José Serra", afirmam.
De acordo com Ivani Souza, Assessora de Imprensa do Sintusp, os grevistas resolveram radicalizar o movimento porque outros funcionários tiveram os dias não trabalhados descontados e alguns nem chegaram a receberam o salário. Segundo ela, o reitor da Universidade, João Grandino Rodas, está sendo "muito intransigente nas negociações" e por isso não há previsão para o término da greve.
O corte de ponto apenas foi aplicado nas duas unidades operacionais diretamente ligadas à reitoria, Coseas e Coordenadoria do Campus. Foram cortados os salários de cerca de mil trabalhadores. Segundo o funcionário do instituto de oceanografia da USP, Luciano Souza, por causa do desconto, algumas pessoas receberam R$ 75 de salário.
Na última reunião, a reitoria declarou que os salários só seriam repostos no dia 10 de junho, caso a greve tivesse acabado até esta segunda-feira, dia 7 de junho. Entretanto, os representantes do Sintusp rejeitaram tal acordo.
De acordo com Magno de Carvalho, diretor de base do Sintusp, não existe reunião agendada entre os grevistas e a reitoria. "Depois de declarações absurdas fazendo diferença entre os professores e os funcionários mais pessoas aderiram ao movimento", disse Magno. Restaurantes, laboratórios e tudo que depende dos funcionários está paralisado. Segundo o sindicato, mais de 60% dos funcionários da USP aderiram à greve.
Os funcionários da USP, Unicamp e Unesp reivindicam aumento salarial de 16%, mais R$ 200, e a volta da isonomia salarial entre professores e funcionários que, segundo eles, foi quebrada quando o governo reajustou em 6% o salário dos docentes sem estender o aumento aos servidores.
Sobre a defasagem salarial que motiva os funcionários da USP, Unesp e Unicamp a estarem em greve, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) respondeu, em nota oficial, que os salários não só estão adequados como foram reajustados acima da inflação.
De acordo com o comunicado, em 2010, o aumento de 6,57% concedido pelo Conselho aos servidores técnico-administrativos e docentes esteve 1,5% acima do índice de inflação medido pelo IPC-Fipe no período de maio de 2009 a abril de 2010, que foi de 5,07%.
"Além disso, desde 1996 a carreira dos servidores técnico-administrativos passou por duas reestruturações, o que significou um investimento superior a 6% do total da folha de pagamento. Essas reestruturações foram exclusivas para a carreira dos servidores técnico-administrativos, não sendo estendidas à carreira docente", informou a nota.
O prédio da reitoria já havia sido fechado pelos grevistas no dia 25 de maio.