PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

Programa de não-violência reduz conflitos nas escolas em 90%

24 out 2009 - 13h51
Compartilhar
Chico Siqueira
Direto de Araçatuba

Enquanto o Governo de São Paulo estabelece critérios punitivos e orienta professores sobre em quais ocasiões a polícia deve entrar na escola, um programa baseado na cultura de paz, introduzida em 2003 em 34 escolas de seis municípios da região de Araçatuba, no interior do Estado, reduziu em 90% os conflitos desde que foi totalmente incorporado por cinco dessas unidades.

Segundo a supervisora do Programa Educadores da Paz, Marisa Coltri Lélis, a mediação de conflito é estabelecida através de uma relação de confiança entre educador e aluno
Segundo a supervisora do Programa Educadores da Paz, Marisa Coltri Lélis, a mediação de conflito é estabelecida através de uma relação de confiança entre educador e aluno
Foto: Chico Siqueira / Especial para Terra

O programa, chamado Educadores da Paz, baseado na construção de cultura de paz, conseguiu reduzir índices de suspensões temporárias e definitivas, melhorou o rendimento dos alunos e colocou em pelo menos cinco escolas, o diálogo como filosofia no tratamento de casos conflituosos.

Uma das escolas é a do conjunto Habitacional Ezequiel Barbosa, localizada numa das regiões mais carentes e violentas de Araçatuba. "Pelas regras do Manual de Proteção, teríamos de suspender temporariamente 10 alunos por semana, mas com o programa Educadores de Paz, que adotamos, suspendemos um ou dois alunos", explica a diretora Rosemeire Esteve Cavalaro.

O Manual indica que o aluno deve ser advertido três vezes verbalmente antes de ser punido com o afastamento temporário da escola. "Pelo programa, o aluno é advertido quatro vezes verbalmente e os pais são chamados para solucionar o problema, antes de decidirmos pelo afastamento", explica Rosemeire.

Em outra escola, a diretora decidiu não acatar o Manual e deixou de chamar a Polícia Militar para um estudante pego com uma porção de maconha. "A diretora sabia que era a primeira vez dele e se chamasse a PM ele seria humilhado e prejudicado ainda mais", contou a supervisora do Programa, Marisa Coltri Lélis. Segundo ela, depois que os diretores conversaram com os pais e direcionaram o garoto para o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), da PM, o comportamento do estudante melhorou.

O programa, que é baseado em seis princípios do Manifesto 2000 e em quatro princípios do Relatório Delors (Jacque Delors), ambos adotados pela Unesco, tem sua base formada em técnicas do diálogo e em práticas restaurativas de resolução de conflitos e de concentração. "As reuniões quinzenais que são realizadas nas escolas com professores e diretores servem para formar educadores em cidadania, ética e valores universais, promovendo ações de construção de cultura de paz", conta Marisa. Segundo ela, a mediação de conflito é estabelecida através de uma relação de confiança entre educador e aluno. "Quando há essa relação, o conflito deixa de existir e a convivência se torna harmoniosa", diz.

Segundo ela, o programa começou a ser praticado em 2003 e até agora cinco escolas estão totalmente integradas a ele. "Nessas escolas, os conflitos diminuíram 90%", diz. "Nunca a punição sozinha deu efeito. O diálogo dá mais resultados", completa. Nas outras escolas, segundo Marisa, o programa ainda enfrenta resistência, muitas vezes por parte de diretores, que preferem medidas mais fáceis e rápidas, outra vezes por falta de empenho dos educadores.

Para o supervisor de Ensino de Araçatuba, Edison Marson, os manuais não se contrapõem ao programa. Pelo contrário, vieram a "turbinar" o programa. "Agora com as referências contidas nesses manuais, os diretores terão mais facilidade para aplicar o programa, pois ele terá mais segurança e perderá o medo de errar", diz.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade