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Ação contra cotas é "tapetão", diz criador do sistema da UnB

Ação contra cotas é "tapetão", diz criador do sistema da UnB

28 jul 2009 - 08h17
(atualizado às 09h44)
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Para o professor José Jorge de Carvalho, que junto com aprofessora Rita Lauro Segatto (ambos do Departamento de Antropologiada Universidade de Brasília) elaborou a proposta de políticaafirmativa, a ação do Democratas - que pede a suspensão do sistema de cotas na UnB - "é um refrito" do Manifestodos 113 enviado ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em 30 de abril do anopassado, e assinado por um "grupo pequeno que tem acesso à mídia". A ação, segundo ele, apresenta "argumentos frágeis".

Oantropólogo afirma que o processo de cotas é um dos maisrevolucionários na universidade brasileira. "As universidadesfuncionaram durante 70 anos, de 1930 ao ano 2000, totalmentesegregadas. Há poucos países no mundo que tem um universo tãoracista quanto o nosso", avalia. "Não que exista lei para que osnegros estejam fora, mas eles estão fora da universidade . Oracismo estrutural e o racismo institucional fazem que eles estejamfora."

"Eles o partido Democratas e quem assinou o Manifesto dos 113 estão dizendo que 90 universidades onde há política afirmativa vão ter que jogar para fora todos os estudantes que entraram e nãodeixarão entrar nunca mais nenhum deles?", pergunta. "Eles estãoquerendo jogar na rua um contingente de mais de 20 mil estudantes",critica José Jorge de Carvalho afirmando que a ação no STF é umatentativa de ganhar no "tapetão".

"Ouniverso acadêmico brasileiro está em uma luta de incluir os negrose os indígenas que estiveram excluídos sempre. Como eles nãoconseguem mais influenciar na decisão sobre o processo de inclusão,no fundo eles não querem negros na universidade, eles entraram comuma ação no judiciário", acusa o professor.

Para oantropólogo, a crítica socioeconômica contra as cotas é falha,assim como o argumento de que a análise dos pedidos ésubjetivo. "Se nós fizermos um recorte de renda as pessoas podemfalsificar o comprovante de renda. Se fizermos um recorte por origemna escola pública as pessoas também podemos falsificar", aponta.

"Todapolítica pública tem uma margem de erro. A comissão que analisa oscotistas é uma comissão formada por pessoas da sociedade, domovimento negro, por professores e estudantes. Ela é tão idôneacomo qualquer outra comissão jamais feita no Brasil", defende JoséJorge de Carvalho.

" Sefor para Discutir a idoneidade dessa comissão tem que discutir aidoneidade de todas as comissões. Tem então que parar com o BolsaFamília para que não haja fraude no programa. A comissão existepara que haja responsabilidade na política", argumenta.

Agência Brasil Agência Brasil
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