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Nobel de Economia, Amartya Sen elogia uso de cotas para minorias

Nobel de Economia, Amartya Sen elogia uso de cotas para minorias

26 abr 2012 - 19h09
(atualizado às 19h12)
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Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro

Vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o indiano Amartya Sen elogiou a adoção de cotas raciais e sociais nas universidades brasileiras. O economista, que deu uma palestra na tarde desta quinta-feira no prédio da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, lembrou que a Índia foi o primeiro país a utilizar este tipo de ação afirmativa para os intocáveis, a casta mais baixa da sociedade do país. As constitucionalidade do sistema de cotas é julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele foi imobilizado do lado de fora do STF e impedido de retornar ao plenário
Ele foi imobilizado do lado de fora do STF e impedido de retornar ao plenário
Foto: André Dusek / Agência Estado

"É muito interessante ver o que aconteceu. Não há a menor dúvida de que muitas pessoas com um histórico mais complicado na educação básica se tornaram pessoas melhores, ocupando cargos mais importantes e tendo sucesso em suas profissões", declarou o economista, que colaborou na elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medida que vai além do Produto Interno Bruto (PIB) e agrega indicadores como expectativa de vida ao nascer e educação para avaliar se um país é desenvolvido ou subdesenvolvido. "Utilizando um rigor, não há dúvida que existe uma função para as cotas mesmo nos dias de hoje quando a desigualdade social tem diminuído em alguns países".

Amartya Sen afirmou que não conhece com riqueza de detalhes o exemplo brasileiro, mas falou de iniciativa parecida que ocorre nos Estados Unidos. "O país não adota, mas existe uma preferência implícita pelas pessoas com um histórico menos privilegiado e para negros em algumas universidades, como Princeton e Harvard. Um estudo muito detalhado de William G. Bowen e Derek Bok (The Shape of the River, O Formato do Rio, em tradução literal)

, que são especialistas dessas duas universidades, descobriu que a maioria dessas pessoas se saiu extraordinariamente bem em suas vidas", disse o indiano.

"Eles acompanharam essas pessoas por muitos anos e não apenas durante os estudos na universidade. Não estamos falando apenas de ter uma renda. Elas viraram grandes profissionais e que também têm uma preocupação social. Muitos deles faziam filantropia e ajudavam instituições de caridade mesmo muitos anos depois de terem sido beneficiados pelas ações afirmativas".

O economista, que também deu palestra em Porto Alegre, sugeriu que o Brasil faça um estudo parecido. "Talvez seja o caso de se fazer um estudo a longo prazo no Brasil para ver o que acontece no caso dessas pessoas por aqui".

Cotas raciais

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quinta-feira o julgamento sobre as cotas raciais em universidades públicas. O julgamento havia sido interrompido no começo da noite de ontem, após o ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação do Democratas contra o sistema de reserva de vagas da Universidade de Brasília (UnB), ter rejeitado o pedido do partido político e reconhecido a constitucionalidade do ingresso.

O sistema da UnB prevê a destinação de 20% das vagas do vestibular a candidatos autodeclarados negros ou pardos. A universidade defende que isso soluciona uma desigualdade histórica. O DEM, por sua vez, afirma que o sistema fere o princípio da igualdade e ofende dispositivos que estabelecem o direito universal à educação.

Fonte: Terra
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