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Na Argentina, estudantes marcham em apoio a protestos no Chile

10 ago 2011 - 13h02
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Estudantes chilenos que vivem na Argentina saíram às ruas de Buenos Aires em apoio ao protesto de seus compatriotas e pediram mudanças no sistema educacional do Chile. Centenas de jovens, autodenominados "estudantes chilenos exilados pela educação de mercado", marcharam do Obelisco até a sede do consulado chileno, aos gritos de "e vai cair, e vai cair, a educação de Pinochet", em referência ao modelo implantado durante o governo do ditador Augusto Pinochet (1973-1990). As informações são da agência Ansa.

Nas universidades estatais de La Plata e Buenos Aires estudam cerca de 60 chilenos que, segundo eles, tiveram que mudar de país diante da impossibilidade de pagar o elevado custo do ensino no Chile.

Mobilizados há dois meses e acompanhando de perto os desdobramentos do movimento que pede educação gratuita e de qualidade, os chilenos contaram com o apoio de estudantes da Federação Universitária de Buenos Aires e da Coordenação Unificada de Estudantes Secundaristas. "É um momento histórico, independentemente do que aconteça", disse a estudante Daniela Poblete, da cidade chilena de Valdívia. "Contive as lágrimas ao ver as imagens positivas e as negativas da repressão", acrescentou ela.

Poblete disse que decidiu estudar na capital argentina porque, em Santiago, seu curso "é caríssimo", cerca de US$ 630 por mês. Para começar a estudar, ela pediu um ano de crédito, o que significou um endividamento de 13 anos que ainda está pagando.

O estudante de sociologia Pablo Posio, de Santiago, por sua vez, afirmou que vive na Argentina um "exílio do capital econômico", já que o sistema educacional torna "impossível" estudar em seu país. "Não queria continuar pagando um banco", diz. Segundo ele, o governo vai ter que atender as demandas, senão o presidente Sebastián Piñera vai ter que deixar o cargo. "Está em jogo a governabilidade", avaliou.

Manifestações de estudantes chilenos foram registradas em outros países. Na Espanha, os jovens se reuniram com o cônsul-geral do Chile, Matías Undurraga, que expressou "a preocupação pela situação que o país vive e o total repúdio pela violência que as forças policiais exercem sobre os diferentes grupos sociais mobilizados".

Milhares de chilenos responderam ontem a um chamado do movimento estudantil e começaram a bater panelas, uma ação conhecida como "panelaço". O som foi ouvido em todos os bairros de Santiago e em diversas regiões do país, em um claro apoio da população ao que é considerado "o movimento social mais importante em 20 anos de democracia".

O ato marcou o fim dos protestos pela educação que movimentaram o país durante toda a tarde de ontem e que levou às ruas, apenas na capital, mais de 150 mil manifestantes. Os dirigentes estudantis calculam que cerca de 500 mil pessoas participaram de marchas em todo o Chile. Eles deram um ultimato ao governo para que apresente uma nova proposta de reforma educacional que incorpore suas demandas.O subsecretário chileno do Interior, Rodrigo Ubilla, informou nesta quarta-feira que os protestos terminaram com 376 detidos e 78 feridos, dentre os quais 55 policiais e 23 civis.

Com o apoio de estudantes argentinos, chilenos fizeram um protesto nas ruas de Buenos Aires para cobrar mudanças na educação no Chile
Com o apoio de estudantes argentinos, chilenos fizeram um protesto nas ruas de Buenos Aires para cobrar mudanças na educação no Chile
Foto: AFP
Fonte: Terra
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