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Morder é normal para os pequenos. Veja como lidar

28 dez 2010 - 08h54
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Os primeiros anos de escolinha colocam as crianças de 2 a 5 anos de idade em uma nova situação: a convivência com outros colegas. Nessa etapa da infância, é normal que eles fiquem inseguros e disputem atenção entre si. Porém, a falta de fluência em linguagem oral natura da faixa etária faz com que as crianças expressem seu estresse de outras formas. E uma delas é a mordida. Sejam responsáveis pelo mordedor ou pelo mordido, os pais ficam em uma situação embaraçosa.

Crianças nos primeiros anos de escolhinha devem aprender a convivência com outros colegas
Crianças nos primeiros anos de escolhinha devem aprender a convivência com outros colegas
Foto: Getty Images

Na maioria das vezes, não é por maldade que as crianças usam os dentes, mas sim pelo fato de verem na mordida uma forma de chamar atenção. Por isso, a psicóloga clínica Cassandra Borges explica que os responsáveis devem entender e dialogar com o filho que mordeu, e não o recriminar. "É importante que se converse com o filho e pergunte por que ele fez aquilo. Depois, é essencial explicar que aquilo é errado e que não deve mais ser feito. Recriminar de cara, sem explicar os motivos e sem dar voz à criança, só faz com que ela comece a sentir vontade de esconder seus erros dos pais", orienta.

Letícia Souza já passou pelas duas faces da situação: a da mãe de quem mordeu e a de responsável pela criança mordida. A moradora de São Paulo conta que sempre ficava constrangida quando o filho Mateus, 5 anos, mordia os coleguinhas. "Eu ficava bem perdida no que eu iria falar ou fazer para ele não morder mais os colegas. Até que um dia, uma santa professora fez um projeto no qual todas as crianças deveriam levar para sala de aula um mordedor", diz. Letícia explica que o projeto da professora resolveu o problema, pois mostrou para as crianças na prática como aquilo era ruim: "Ela pegou vários objetos (papel amassado, bichinho de pelúcia de cada um, brinquedo....) e pediu para eles morderem. Eles descobriram que certos objetos não eram legais de serem mordidos. Então, ela disse que assim como tem objetos que não dão uma sensação boa ao morder, a mordida no amigo também não era legal, pois machucaria".

Ao contrário do que se imagina, o mais complicado não é orientar o filho que morde, e sim saber o que falar quando o filho é mordido.

Cassandra explica que normalmente os pais entram em um dilema: dizer para a criança se defender, ou a orientar para que não dê bola? Lara Souza Cierro, 2 anos, um dia chegou em casa com um roxo no braço. A mãe, Letícia, percebeu que o machucado era na verdade uma mordida. "Eu expliquei a ela que o amigo provavelmente não sabia falar, então orientei que ela dissesse para o colega que não tinha gostado do que ele fez. e falasse para professora", conta.

A psicóloga clínica afirma que é muito comum os pais dizerem para os filhos morderem o colega de volta. Porém, alerta que na infância a pessoa ainda não sabe discernir as situações em que pode se defender e as que não podem. "Ela pode começar a usar a força física em qualquer situação que a chateie, passando de criança mordida para a que morde", diz. Para Cassandra, a melhor maneira de agir é, novamente, através do diálogo: "Primeiro é essencial que os pais acolham o filho. Depois, conversem com ele e deixem que ele explique o que aconteceu".

"Nesse momento, é importante lembrar que as crianças tendem a culpar sempre os outros. O ideal também é sempre entrar em contato com a escola, para entender o que ocorreu de fato. Outra questão é os pais decidirem juntos o que irão falar para o filho, para não o deixar na situação em que a mãe diz uma coisa e o pai outra", conclui.

Fonte: Redação Terra
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